A chuva não foi empecilho para quem queria apreci
[1]ar e se divertir ao som do bom e velho forró na noite desta segunda-feira (26) no Ponto de Cem Réis. As duas atrações principais da noite, Clã Brasil e Alceu Valença, fizeram o público cantar em coro e dançar as canções que pontuam a história da música nordestina com os clássicos de Luiz Gonzaga, que ao lado da cantora Marinês são os homenageados deste ano no ‘São João de João Pessoa – O Melhor da Gente’.
Antes do fole da sanfona animar o público, foi a apresentação do Coco de Roda do Mestre Benedito que encantou o público. Com ritmo marcado no pandeiro, o artista tirou aplausos da plateia a cada música apresentada. Na sequência, Marluce Forrozeira deu os primeiros acordes e mostrou a força do forró dando os primeiros sinais de que a noite seria de muito arrasta-pé.
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Por volta das 21h30, o grupo paraibano Clã Brasil subiu ao palco do Ponto de Cem Réis para enfileirar sucessos de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Rosil Cavalcanti. À vontade por estar tocando em casa, o Clã Brasil apresentou uma sequência de clássicos do Mestre Lua num perfeito diálogo que faz da música popular e erudita: “Asa Branca”, “Assum Preto”, “Sabiá”, “Pisa na Fulô”, “Xote das Meninas”, “Riacho do Navio”, “Sala de Reboco”.
O Clã Brasil sacudiu o público com hits na voz de Jackson do Pandeiro, a exemplo de “Na base da chinela” e “Sebastiana” e executou “Tá no sangue da gente”, musicada pelo grupo em cima de uma letra de Rosil Cavalcanti. Um dos momentos mais emocionantes do show que perpetua a intimidade do Clã Brasil com o público da Paraíba foi a execução de “Olha pro céu”, que levantou a multidão em frente ao palco. “É muito bom poder tocar na nossa terra, inclusive, porque a gente lamenta tocar pouco na Paraíba, mas essa iniciativa da Prefeitura de João Pessoa de valorizar a cultura local e nordestina é maravilhosa e nos proporciona um reencontro como esse com os amigos, familiares e nosso público”, disse Lucyane após o show.
[3]A noite de muito forró foi encerrada com o cantor e compositor Alceu Valença, que subiu ao palco após as 22h30 e foi no ritmo da embolada ‘elétrica’ que o músico deu as boas vindas do público com a “Embolada do tempo”, “Baião”, “Vem morena”, “Xote das Meninas”, “Carolina”, “Cintura fina”, “Sabiá”, “Qui nem jiló”. Contando com Lucyane do Clã Brasil como convidada especial se revezando entre a sanfona e o violino, Alceu Valença também inseriu seus clássicos em ritmo junino, a exemplo de “Como dois animais”, “Coração bobo” e “Pelas ruas que andei”, com a resposta animada do público cantando em coro.
Alceu ressaltou o prazer de poder tocar em João Pessoa, onde é sempre bem recebido pelo público. “Cantar em João Pessoa é sempre um prazer porque o público me recebe com muito carinho. O show desta noite é uma homenagem ao espelho. Eu espelho Luiz Gonzaga porque ele é a matriz da identidade do Nordeste. O Brasil tem uma trilha sonora maravilhosa, mas estão trocando por coisas passageiras”.
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Em pleno ano de homenagem ao centenário do rei do baião, Alceu disse se sentir lisonjeado em tocar numa festa que homenageia Luiz Gonzaga e Marinês. “A Prefeitura de João Pessoa, ao valorizar a cultura nordestina, está agindo como curadora e contribuindo para preservar a nossa identidade, já que a música legítima não toca nas rádios que são concessões públicas. A última geração que apareceu aí do Nordeste é a de Chico César e Lenine, mas tem muita coisa bacana surgindo, mas não aparece porque o dono da rádio é o dono da banda”, disse.