Mônica Melo
Sete estudantes de duas escolas da rede municipal de ensino de João Pessoa embarcam na noite desta quarta-feira (15) rumo a 19ª Copa do Mundo de Robótica. A RoboCup 2015 acontece na cidade Hefei, na China. Os estudantes têm entre 11 e 15 anos de idade e cursam o sétimo e oitavo ano. Eles foram campeões da Competição Brasileira de Robótica, o que os classificou para representar o Brasil na competição internacional.
[1]Os alunos são oriundos de duas escolas. Thiago Santana, Paulo Thiago Galdino, Carlos Victor, Lourdes Maria Galdino e Anderson Gabriel Galdino estudam na Escola Apolônio Sales, em Cruz das Armas; já Cleison Lima da Paixão e Wesley Robson são alunos da Escola Moema Tinoco Cunha Lima, no bairro Funcionários II.
A ansiedade e animação dividem espaço no grupo, que enxerga a participação na competição como uma grande oportunidade. “Estamos animados e também com um pouco de medo, mas queremos fazer bonito e vencer pelo Brasil, esta é uma oportunidade única e temos que aproveitar”, torce o estudante do oitavo ano, Anderson Gabriel Galdino Araújo. Ele conta que desde pequeno se interessa pela tecnologia e que quando descobriu que na escola havia um grupo de robótica, decidiu se engajar. “No começo eu não sabia nada, [2]mas fui aprendendo. Gosto de trabalhar em equipe, gosto de ciências e a robótica tem me ajudado em sala de aula, me dando ferramentas”.
A confeiteira Andréa Galdino, mãe de Anderson, também compartilha o sentimento de ansiedade da equipe. Ela numa imaginou que o trabalho com robôs pudesse levar seu filho tão longe. “Quando ele entrou no grupo eu pensei que fosse algo besta de informática, mas ele começou a se desenvolver, participou do mundial, viajou para São Paulo e agora para a China. Eu me sinto orgulhosa por ele e espero que ele traga o troféu”. Andréia acredita que participar dessa competição será um ponto de destaque no currículo do filho e dará a ele segurança para trabalhar com o que quiser futuramente, além disso, o envolvimento com a robótica ajudou Anderson a melhorar o seu desempenho nas outras disciplinas escolares.
[3]Essa melhora acontece porque dentro do ambiente escolar a robótica depende de várias outras disciplinas. Ela trabalha matemática pura, física e até geografia. “Temos ultrapassado barreiras e isso tem apresentado reflexos sociais na vida dos alunos e até nas famílias”, detalha o professor Tales Albuquerque de Araújo, que integra a equipe pedagógica que acompanhará os alunos na competição. Para ele, o trabalho com robótica, que começou em 2013, é um “divisor de águas” na educação, que só é possível graças ao investimento que a Prefeitura tem feito no setor.
A gestora da escola Apolônio Sales de Menezes, onde estudam cinco dos sete alunos que compõem a equipe, Maria Elizabeth Rodrigues Sales, concorda com o professor. Alunos, antes indisciplinados, melhoraram o comportamento, se tornaram participativos, criativos e melhoraram suas notas. “Eu estou muito orgulhosa e feliz em saber que um aluno de periferia, da rede municipal, vai chegar tão longe graças ao investimento na educação. É um trabalho gratificante, o aluno e professor planejam, executam e inovam em temas diversificados valorizando o ensino aprendizado”, avalia.
A equipe cumprirá uma agenda bastante cheia na China. No sábado (18) os alunos passarão por uma entrevista com uma bancada de cientistas. “Eles vão demonstrar o projeto, é uma forma de provar que foram eles mesmo que construíram, precisam explicar a programação da linguagem dos robôs”, diz o professor Tales Albuquerque. No dia 15 começam as apresentações e a equipe retorna ao Brasil no dia 26 de julho.