Milton Nascimento emociona público com show comemorativo de 50 anos de carreira
Uma noite de reencontro. Quatorze anos sem pisar em solo paraibano, o cantor e compositor Milton Nascimento fez uma apresentação da turnê Milton Nascimento – Uma Travessia nos moldes dos shows que realizava até os anos de 1980 em ginásios e estádios de futebol para grandes públicos e pôs fim a um jejum de mais de uma década de sintonia com o público paraibano. Em mais uma noite do projeto Extremo Cultural – Onde o Sol Toca Primeiro, a orla ficou lotada de um público que cantou da primeira a última música, puxou canções em coro e saiu de lá com uma mesma palavra para definir a apresentação: “emoção”. Antes de Milton, se apresentaram o Boi de Reis Estrela do Norte e a cantora e compositora paraibana Renata Arruda.
Com músicos no palco por volta das 22h30, o show foi iniciado com os instrumentais e vocais de “Bola de Gude”, a exemplo do que Milton Nascimento vem fazendo desde 2012 em suas apresentações; seguida por “Canção do Sal” para dar início a uma série de clássicos: “Milagre dos peixes”, “O sol”, “Encontros e despedidas”. O coro de vozes acompanhando Milton só parou quando da execução de “Lilian”, canção instrumental que ele tem apresentado nos shows em homenagem a sua mãe. “Aonde eu possa andar, por países, lugares nunca vou achar coisa mais linda do que ela”, confessou. A canção inspirada no jazz traz como trilha incidental a canção “Cravo e canela”. Para lembrar os tempos do Clube da Esquina, Milton Nascimento lançou mão da canção “Lágrima do Sul”, que aborda a questão racial. “Essa aqui eu fiz na época do Clube da Esquina. É uma música contra o apartheid na África”.
Intitulado “Milton Nascimento – Uma Travessia”, com caráter retrospectivo dos 50 anos de carreira, o show não poderia deixar de ter alguns clássicos associados mais a Milton do que a outros intérpretes como “Nos bailes da vida”, regravada por Joanna; “Nada será como antes”, registrada por Elis; “Fé cega, faca amolada”, também registrada por Maria Bethânia. E na sequência, mais hits: “Quem sabe isso quer dizer amor”, “Cravo e canela”, “Canção da América”, que ele pediu como afago para si que o público cantasse sem a voz dele. “Eu fiz essa música e ela ganhou outra dimensão. Se tem festa de entrega de diploma colocam ela. Em casamento, tocam ela. Como eu sempre cantei para vocês, quero que vocês cantem para mim”, pediu.
O show foi chegando ao final com Para Lennon e McCartney. Ao sair de cena, o público ensaiou o pedido de bis chamando Milton Nascimento pelo apelido carinhoso pelo qual é conhecido: “Bituca”. E ao acenar com a volta, o público bateu palmos compassadas com o refrão de Maria, Maria: Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!!
Os ritmos de Renata Arruda – Antes de Milton Nascimento subir ao palco, a cantora e compositora Renata Arruda apresentou um show que dá sinais do que deve vir pela frente com a gravação do DVD comemorativo dos 20 anos de carreira: hits dos discos lançados, canções que ela incorporou ao repertório e algumas homenagens (Jackson do Pandeiro, Cassia Eller e a Paraíba). “Ouro pra mim”, “Vitamina”, “Templo”, “Deixa” e “Ninguém vai tirar você de mim” , “Canudinho” fizeram o público cantar em coro. “Que delícia tocar no Extremo Oriental. Não me canso de falar aonde quer que seja que eu vá da beleza desse lugar porque somos a Porta do Sol”, disse iniciando os primeiros acordes da canção Porta do Sol do compositor Fuba.
Para dar início a roda de samba, Renata Arruda devolveu a canção de Genival Macedo sua “roupagem” inicial em tom de samba. Considerado o hino popular da Paraíba, a música contagiou o público, que cantou verso a verso a declaração de amor, especialmente, a João Pessoa ao citar paisagens, lugares e a exuberância natural. Renata também apresentou dois números em homenagem a Cássia Eller, Malandragem e O segundo sol e hits do cancioneiro de Jackson do Pandeiro a exemplo de Sebastiana.
Boi de Reis – Para quem estava chegando à orla, o grupo Boi de Reis Estrela do Norte recepcionou com o auto que alia influências do Cristianismo com a tradição popular. Em um tablado colocado na areia da praia, o grupo coordenado com garra pelo Mestre Pirralhinho garantiu charme e alegria na apresentação pautada pela musicalidade, teatralidade e alegria.
Extremo Cultural – O projeto Extremo Cultural – Onde o sol nasce primeiro é um projeto da Prefeitura de João Pessoa, desenvolvido pela Fundação Cultural de João Pessoa, que tem reunido no mês de janeiro atrações nacionais, locais, ícones da cultura popular da Paraíba e atrações do segmento gospel em dois palcos: Busto de Tamandaré e Ponto de Cem Réis. Na próxima sexta-feira (25), haverá shows, a partir das 19h, de Penha Cirandeira, Beto Brito e Diogo Nogueira no Ponto de Cem Réis. No sábado (26) será a vez de Gustavo Magno, Diana Miranda e Alcione no Busto de Tamandaré. Às 19h, o grupo Ciranda do Sol abre a programação da noite.