“Saneamento Básico – O Filme” é exibido na Estação Cabo Branco

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A Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, no bairro do Altiplano, exibe, nesta quarta-feira (27), às 14h, mais uma sessão de cinema audiodescritivo (voltada para cegos ou pessoas com pouca visão). O filme escolhido é “Saneamento Básico – O Filme” (2007), comédia com Fernanda Torres, Wagner Moura e Camila Pitanga. As mostras inclusivas são realizadas nas últimas quartas-feiras do mês, na Sala de Audiovisual da Estação, localizada no 2° andar da Torre Mirante. A entrada é gratuita, e os acompanhantes das pessoas com deficiência visual também têm acesso livre.

“Saneamento Básico” – Os moradores de uma pequena vila de descendentes de colonos italianos localizada na serra gaúcha reúnem-se para tomar providências a respeito da construção de uma fossa para o tratamento do esgoto. Eles elegem uma comissão responsável por fazer o pedido à subprefeitura. Mas a secretária informa que não terá verba para realizá-la até o final do ano.

Entretanto, a prefeitura dispõe de quase R$ 10 mil para a produção de um vídeo. Este dinheiro foi dado pelo governo federal que, se não for usado, será devolvido em breve. Surge então a idéia de aproveitá-lo para a obra e um vídeo sobre ela – estrelado por um monstro que vive no interior de uma fossa.

O que é a audiodescrição – É uma ferramenta importante para a compreensão das obras audiovisuais por quem não enxerga ou tem pouca visão. Como o próprio nome diz, é o ato de descrever o que se vê na tela – só que usada nos momentos de pausa nos diálogos dos personagens (um narrador). Serve para situar o espectador, em palavras sucintas, sobre os cenários, as situações dos enredos e as reações dos personagens, imprescindíveis para o entendimento da história. Isso poupa o deficiente visual de apelar para exercícios imaginativos que frequentemente levam ao entendimento errôneos sobre o fim de uma obra, como aponta o estudante e cantor gospel William Veras, atendido pelo Instituto dos Cegos de João Pessoa. “Seria muito bom se a TV brasileira oferecesse a opção da audiodescrição para nós, que não enxergamos. Decididamente, uma possibilidade inclusiva”.

A lei – Uma lei publicada em 2011, em atendimento a uma portaria de 2006 do Ministério das Comunicações, já regulamenta a veiculação de uma cota de pelo menos duas horas semanais de programação com audiodescrição em canais que transmitem em sinal digital. Falta só cumprir. “Se nós temos uma ferramenta que pode facilitar a vida de deficientes visuais, se ajuda na inclusão dessas pessoas na sociedade, por que não utilizá-la? É mais uma luta pela igualdade que nossa sociedade vem travando há anos”, diz o estudante de Comunicação Social Vitor Pessoa, um dos coordenadores do projeto Estacine Audiodescrição, ao lado de Ana Carla Jaqueira.

A assessora de eventos da Estação Cabo Branco, Ana Carla, teve uma experiência pessoal que a motivou a criar o projeto, a partir de um estudo de caso que desenvolveu para conclusão do curso de Turismo.

“Por volta dos 50 anos, a minha avó, que era enfermeira, sofreu um deslocamento de retina e ficou cega. Até então morávamos juntas, no interior. Após isso, nos mudamos para João Pessoa e ela começou a ser atendida pelo Instituto. Não parou de trabalhar em momento algum – inclusive morava com outra amiga cega. Este senso de independência me inspirou muito”, conta. Deste momento em diante, para ambas, um novo mundo de adaptações às dificuldades se abriu, e a consciência quanto aos direitos, para Ana Carla, é a maior arma contra os abusos. “Durante a pesquisa, percebi que muitos cegos não têm sequer conhecimento de seus direitos mais básicos, o que torna a luta muito mais árdua. Somos fiscalizadores do nosso próprio bem-estar”, diz.

Serviço:
Estacine Audiodescrição apresenta “Saneamento Básico – O Filme”

Data: quarta-feira (27)
Horário: 14h
Local: Sala de Audiovisual da Estação Cabo Branco
Sessão gratuita