Fotógrafo lança livro sobre realidade quilombola na Paraíba
O fotógrafo italiano Alberto Banal lança na Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, neste sábado (23), às 17h, o livro “Quilombos da Paraíba”, organizado em parceria com a antropóloga Maria Ester Pereira Fortes. Trata-se do primeiro estudo exaustivo sobre a realidade quilombola do estado realizado por entidades e antropólogos.
Durante o evento, que acontece na Sala de Convenções 2, haverá um seminário com a participação dos autores e representantes da Associação de Apoio às Comunidades Afrodescendentes (Aacade) e da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas da Paraíba (Cecneq). A participação do público é gratuita.
As contribuições antropológicas são o fato mais marcante da obra. Os trabalhos de campo podem refletir um caminho para realidades similares na Paraíba e no Brasil. No capítulo conclusivo, o antropólogo italiano Roberto Malighetti baseia-se na sua própria experiência, no quilombo maranhense do Frechal, para propor uma reflexão sobre os padrões de resistência e cidadania na luta negra por seus direitos.
Exposição em paralelo – Até 2 de fevereiro, o público pode visitar na Estação a exposição “Feminino Quilombola”, idealizada também por Banal. A mostra destaca o papel das mulheres na condução das comunidades paraibanas assim que seus companheiros saem de casa para trabalhar, na educação dos filhos, bem como nas relações sociais. A exposição está em cartaz no segundo pavimento da Torre Mirante e tem entrada gratuita.
São 350 fotos coloridas divididas em quatro seções cronológicas: infância, juventude, maternidade e maturidade. Ao lado, acompanham depoimentos e transcrições sobre as suas vidas, além de análises feitas por antropólogos que já acompanham as comunidades há anos. Mais 12 espaços de projeção exibem fotos dos alunos do projeto Fotógrafo de Rua, fundado por Alberto Banal, recrutados nos quilombos de Matão (Gurinhém), Grilo (Riachão do Bacamarte), Pedra D’Água (Ingá) e Matias (Serra Redonda).
“São rostos, olhares, sentimentos, pessoas que falam pelas imagens. É um adentrar-se no terreno sagrado da memória quilombola, que tem na mulher seu fio condutor. Significa literalmente expor aos outros uma realidade guardada debaixo de sete chaves por muitos anos de exclusão e de esquecimento. Uma realidade da qual não se perdeu a memória, a riqueza de valores vivenciados; talvez o silêncio ajudou a preservar e a resguardar”, resume o fotógrafo.
A temática feminina desta mostra atual subjaz as memórias, lendas, histórias, costumes e a tradição dos povos. Mas também é uma viagem pelo outro lado: os problemas que afetam a sua sobrevivência, autonomia e reconhecimento como patrimônio cultural. “Das 39 comunidades existentes, apenas uma, a do Senhor do Bonfim, em Areia, tem o seu título de propriedade. Isso significa que, para 2,5 mil famílias, ter uma terra para deixar para os seus descendentes ainda é um sonho”, comenta.
Alberto Banal – Radicado há seis anos no Brasil, Banal nasceu em Trentino, na Itália. É formado em Letras e Filosofia pela Università Degli Studi de Milão e foi professor de educação musical. Trabalhou por 30 anos como diretor de marketing e comercial na Editora Multinacional de Revistas Especializadas na Itália. Foi fundador da Universidade da Terceira Idade (Uniter) e é autor dos livros “28 Giorni” (memórias) e “Nel Paese di Fruttilandia” (fábula).
Como cantor e compositor, gravou dois discos com músicas espirituais. Também produziu espetáculos teatrais e musicais e possui um precioso arquivo de memórias fotográficas. Em João Pessoa, atua como documentarista, dando visibilidade à população negra das comunidades quilombolas da Paraíba.
Integra a Associação de Apoio aos Assentamentos e Comunidades Afrodescendentes (Aacade), onde coordena o projeto Casas de Leitura. É autor do projeto Fotógrafos de Rua, em que ministra aulas de fotografia para adolescentes de comunidades carentes, e da Casa dos Sonhos, que trabalha com crianças e adolescentes da comunidade Santo Amaro, em Santa Rita.
Serviço:
Lançamento do livro “Quilombos da Paraíba”, org. por Alberto Banal e Maria Ester Pereira Fortes
Quando: sábado (23), às 17h
Local: Sala de Convenções 2 da Estação Cabo Branco
Informações: 3214-8270/8303
Contato: Alberto Banal, fotógrafo (8809-6404)
Entrada gratuita