Cantadores animam o domingo de cultura popular na Feirinha de Tambaú
Apesar da chuva, o terceiro dia do projeto Extremo Cultural dedicado à cultura popular trouxe para a Feirinha de Tambaú, neste domingo (12), um público empolgado para acompanhar as apresentações de cancioneiros, emboladores e violeiros. Às 18h, os repentistas de Bananeiras JB da Viola e Ivan de Oliveira, com 17 anos de carreira, abriram as apresentações cantando sextilhas ao som da viola.
Em seguida, os irmãos emboladores Frank e Nazar, de Serra de São Bento (RN), comandaram um verdadeiro show de repente bem-humorado cujo tema principal, os costumes sociais e crendices populares, foram alvo principal da ‘artilharia’ – nem a plateia escapou das tiradas. O casal de turistas baianos Reimário Marques e Cleonice Maria de Jesus, uma das ‘vítimas’, surpreendeu-se com a desenvoltura dos versos rápidos e o entrosamento da dupla com o público. “É uma arte em forma de brincadeira que merece todo o reconhecimento”, disse Cleonice Maria de Jesus.
Com quatro DVDs e seis CDs lançados, Frank e Nazar completam uma década de estrada neste ano (cantam desde a infância), com participações por todo o País. “A inspiração para o improviso vem da prática, não tem segredo. É como um lutador que, para se aprimorar, tem que treinar todo dia”, afirma Nazar.
Os cancioneiros Auremir Caetano e Pedro Rocha encerraram os shows com um toque de romantismo. Naturais de Solânea, eles entoaram músicas d’Os Nonatos, Paulo Nascimento e Charles Gomes, suas referências de carreira, ao som da viola e violão.
Origens da cantoria – As origens da cantoria nordestina são um ponto incerto na história, de modo que as contribuições bibliográficas de Luís da Câmara Cascudo se mostram fundamentais. Estima-se que a cantoria de repente teve início no século XIX, na Serra do Teixeira (PB), com Agostinho Nunes da Costa (1797-1852) e seus filhos, Antônio Ugolino Nunes da Costa, Ugolino do Sabugi, o primeiro grande cantador brasileiro, e Nicandro Nunes da Costa, o poeta-ferreiro.
Na fase inicial de afirmação da cantoria como profissão e arte, Silvino Pirauá Lima, de Patos, introduziu a sextilha no cordel, o uso da deixa e do martelo-agalopado como se canta hoje.
Alguns elegem Gregório de Matos, o “Boca do Inferno”, e o Padre Domingos Caldas Barbosa como precursores da cantoria de viola no Brasil. Os dois, na verdade bons poetas, foram cantadores de modinhas ao som da viola, não repentistas dados a longos desafios.
O canto amebeu grego leva as origens do cancioneiro popular ainda para mais longe, há pelo menos 30 séculos de hoje. Reaparece na Idade Média em declamações de trovadores acompanhados de alaúde ou viola, como constata Cascudo no “Dicionário do Folclore Brasileiro”.
Programação do Extremo Cultural – Cultura Popular
Domingo – 19/01 – Babau da Paraíba, com Mestre Clóvis, e Ciranda do Sol, com Mané Baixinho;
Domingo – 26/01 – Cordelistas Luiz Gonzaga e Índio e cancioneiros Paulo Cruz e Daudete Bandeira;
Domingo – 02/02 – Coco de Roda do Mestre Benedito e Ventriloquia com Mestre Clébio.