Guardas municipais ajudam usuários de crack a deixar o vício

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guardamunicipal_foto_gilbertofirmino- (17)Desde o mês de maio, equipes da Guarda Municipal de João Pessoa ocupam o Parque Solon de Lucena, praça Ponto de Cem Réis, no Centro da cidade, e o Largo de São Francisco, no Varadouro, para ajudar os usuários de drogas que concentram-se nesses locais a deixar o vício. A ação é uma das atividades do programa “Crack, é Possível Vencer”, implantado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), sob a coordenação da Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Semusb).

Segundo o secretário de Segurança Urbana e Cidadania (Semusb), Geraldo Amorim, a área do Centro foi escolhida devido ao histórico de tráfico de drogas e presença de usuários em determinados pontos do bairro. Para se aproximar dos dependentes químicos e oferecer ajuda, duas equipes formadas por 19 guardas civis estão distribuídos no Ponto de Cem Réis e no Largo de São Francisco, de segunda à sábado, das 7h às 18h.

Antes de ir às ruas, os guardas municipais participaram de uma capacitação para humanizar o serviço e saber para onde encaminhar os usuários de drogas aos serviços disponibilizados na rede pública do município.

“Os guardas municipais foram capacitados para trabalhar a prevenção e um novo tipo de visão do usuário de drogas. Essas pessoas serão compreendidas não como traficantes ou pessoas marginalizadas, mas como alguém doente que precisa de encaminhamento e assistência para ter outra opção de vida. A gestão municipal não quer apenas ‘higienizar’ esses territórios, quer dar uma opção a esses usuários dependentes químicos que precisam de ajuda”, explicou Geraldo Amorim.

Para o chefe da equipe da Guarda que atua no Ponto de Cem Réis, Antonione de Castro, a proximidade das equipes com os dependentes químicos é uma ação de cidadania. “Quando a gente encontra uma pessoa que quer ajuda, para nós é uma satisfação poder acolher esse usuário e tentar mudar a situação de vida dele. É um trabalho gratificante”, ressaltou.guardamunicipal_foto_gilbertofirmino- (13)

O responsável pela Semusb adiantou ainda que além da presença constante dos guardas civis, as áreas escolhidas para o projeto contarão ainda com vídeomonitoramento, viaturas e motocicletas para atender aos usuários.

“O vídeomonitoramento é para identificar quem está levando a droga para esse usuário e auxiliar também na ação dos demais órgãos da Segurança Pública. Já recebemos o ônibus com os monitores das câmeras de vigilância, duas viaturas e duas motocicletas, que estão sendo emplacadas. As câmeras serão instaladas quando os locais forem liberados pelo Iphan”, afirmou o secretário, lembrando ainda que a expectativa é que os equipamentos comecem a funcionar a partir do próximo mês de setembro.

Encaminhamento– A abordagem aos usuários do crack e de outras drogas que vivem nas ruas do Centro da capital são realizadas por equipes da Guarda Municipal e também por profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e tem o objetivo de despertar nessas pessoas interesse pelo tratamento do vício.

A coordenadora e vice-presidente do Comitê Gestor do Programa da Prefeitura de João Pessoa, Valéria Cristina da Silva, explicou que essa articulação entre a Semusb e a SMS também será importante para elaborar o plano de ação para atender a demanda e traçar um perfil dos usuários de drogas que estão na Capital.

“A Semusb é o ponto central para a execução do Programa e estamos elaborando um plano de ação central junto com as outras secretarias envolvidas para ampliar a rede de saúde voltada para o atendimento a esses usuários. Se a Guarda se depara com uma demanda, ela precisa saber quem identificar para poder fazer os encaminhamentos e o Comitê Gestor fará o monitoramento dos casos. Vamos estabelecer indicadores dos resultados e metas de acompanhamento”, disse.

guardamunicipal_foto_gilbertofirmino- (12)Valéria da Silva lembrou ainda que o acompanhamento dos usuários atendidos pelo Programa será feito durante o período de um ano. Para isso, será ampliado o número de Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) e leitos hospitalares específicos para receber esses pacientes.

Segundo a coordenadora de Saúde Mental da Prefeitura da Capital, Janaína Demery, haverá um treinamento específico para os profissionais de saúde que atenderão os dependentes químicos na rede hospitalar, que contará inclusive com leitos reservados para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, e adiantou que outras duas unidades de Caps AD serão implantadas na Capital ainda este ano.

“Nas ruas, esses usuários serão atendidos pelo pessoal do Consultório na Rua e Ruartes, que prestarão um serviço de urgência para crises agudas. Se a pessoa for acolhida no hospital, ela será encaminhada para o Caps AD onde terá atendimento individual”, reforçou.