Agricultores comemoram mudanças trazidas pelo programa Cinturão Verde

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feira_cinturaoverde_foto_gilbertofirmino (47)No dia 28 de julho é comemorado o Dia do Agricultor, e os pequenos produtores rurais atendidos pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) têm muito o que celebrar. A Secretaria do Trabalho, Produção e Renda, por meio da Diretoria de Agricultura Familiar, auxilia mais de 150 famílias da produção ao escoamento dos alimentos em feiras agroecológicas.

O programa Cinturão Verde da PMJP orienta os agricultores na produção agroecológica de hortaliças, tubérculos, milho, macaxeira, alface, cenoura, berinjela e frutas da estação. Os alimentos são livres de agrotóxicos e defensivos agrícolas, e cultivados com técnicas sustentáveis.

Segundo o secretário do Trabalho, Diego Tavares, um dos objetivos do programa é estimular a geração de renda. “Após passar por todas as etapas que asseguram a entrada do agricultor no Cinturão Verde, escutamos tudo o que ele pode nos dizer sobre a sua plantação, e então informamos que ele pode trabalhar com a terra de outra forma, utilizando outros produtos que vão melhorar a qualidade do que é plantado”, explicou.

“Às vezes eles plantam a mesma cultura durante anos, e nós tentamos diversificar isso para que possam aumentar a sua renda. Muitos absorvem essa nova filosofia rapidamente. Apresentamos isso através das capacitações que abordam assuntos como a responsabilidade que eles precisam ter com a produção, e a forma como eles podem escoar esses produtos”, contou o diretor de Agricultura Familiar, Ancelmo Rodrigues.

Os técnicos da secretaria promovem cursos e capacitações de agricultores em Ponta de Gramame, Cuiá, Valentina, Mumbaba, Engelho Velho, Jacarapé, Altiplano, Mangabeira, Castelo Branco e Cruz das Armas.feira_cinturaoverde_foto_gilbertofirmino (14)

Produtores – Para Manoel Luís dos Santos, 47 anos, que trabalha na terra desde os sete, a entrada no programa só trouxe coisas boas. “Agora a Prefeitura conhece o nosso trabalho e a nossa produção. Os técnicos acompanham o que fazemos. Isso não tinha antes e eles deram uma ajuda na forma da gente plantar. A gente prova que existe agricultura em João Pessoa e que nós sobrevivemos do que plantamos”.

O agricultor Francisco Ferreira da Silva, que possui em sua terra plantações de inhame, milho, quiabo, bata doce, feijão verde e banana, entre outros produtos, garantiu que consegue vender o produto, livre de veneno, por preços melhores que os convencionais. “Tem freguês que vem comprar aqui mesmo na nossa terra. Tiramos o produto na hora e entregamos para ele”.

Outro que aderiu ao pensamento de não usar agrotóxicos na sua plantação foi o agricultor Fernando Silva. “Fazemos uns cursos de capacitação para trabalhar melhor. Produção orgânica foi o que mais me interessou. Hoje em dia a demanda é maior e isso incentiva para plantarmos organicamente”.

Certificação – Das mais de 150 famílias produtoras atendidas, 19 são certificadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) como produção agroecológica. Outras 50 já adotam as práticas, mas ainda não foram reconhecidas por causa dos trâmites burocráticos do Mapa.

feira_cinturaoverde_foto_gilbertofirmino (20)Conforme o assessor técnico da secretaria, André Luiz Azevedo, os agricultores aprendem a fazer diversos tipos de defensivos naturais para as colheitas. “Se o produtor está com algum problema com o maracujá, em vez de usar veneno, mostramos uma solução de forma natural. Há diversos tipos de mistura, utilizando rapadura, calda de agrotóxico ou urtiga”.

A gerente de Mobilização e Fomento da Diretoria de Agricultura Familiar, Rosiane Cruz, explicou que todas as famílias são orientadas a adotarem as práticas, que não se resumem apenas ao não uso de agrotóxicos.

“A agroecologia está ligada à mudança da relação do homem com a terra. É a produção, o aproveitamento dos recursos disponíveis, o trato com os resíduos. Enfim, uma série de fatores. Muitas famílias tentam adotar a agroecologia, mas em um momento ou outro acabam usando um fertilizante para salvar a lavoura de uma praga, porque os biofertilizantes atuam mais de forma preventiva”, contou ela.

Linha de crédito – O Cinturão Verde também é uma linha de crédito do Banco Cidadão da PMJP, exclusiva aos produtores, e o empréstimo está sendo usado para diversos fins, inclusive, garantir água para a irrigação das plantações. O valor é de até R$ 7.240, com taxas de 0,9% ao mês. O agricultor Francisco Ferreira da Silva utilizou o dinheiro para construir um poço e, por causa disso, conseguiu aumentar a sua produção e não terá problemas na colheita quando acabar o inverno.

O técnico André Luiz Azevedo diz que há alguns meses muitas terras estavam secas, mas graças aos empréstimos do Banco Cidadão os agricultores conseguiram construir seus poços. “Você consegue ver a importância de um pequeno investimento e que ele pode trazer grandes resultados na melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. Eles amam o que fazem e demonstram muita vontade de trabalhar e melhorar”.

Feiras agroecológicas – O programa Cinturão Verde também inclui o escoamento da produção. Criada em 2009, a feira agroecológica itinerante da Cooperativa dos Produtores Agroecológicos de João Pessoa (ProHort) passa por quatro diferentes bairros de João Pessoa todas as semanas e conta com uma clientela fiel. Com o auxílio do caminhão-feira cedido pela PMJP, os agricultores vendem frutas, verduras e hortaliças, além de leite, coalhada, queijo, ovos e galinha de capoeira.feira_cinturaoverde_foto_gilbertofirmino (25)

O eletricista Leandro Santana costuma ir à feira itinerante toda semana, quando ela se instala em Manaíra. Para ele, os produtos agroecológicos vendidos no local são superiores aos encontrados em feiras e supermercados. “Têm mais sabor e duram mais”, afirmou.

O professor Juan Dowling, que também faz compras na feira, gosta de poder apoiar a agricultura local. “Prefiro pagar direto nas mãos do produtor do que dar meu dinheiro ao supermercado”, disse.

Já a engenheira Márcia Almeida gosta de comprar produtos sem agrotóxicos para poder oferecer uma alimentação mais saudável à neta. “Tenho uma neta bebê, compro para ela. Antigamente eu comprava na Emater, mas agora tem essa feira perto da minha casa. Ficou mais prático para mim e é mais tranquilo”, contou.

Participando das feiras, os produtores evitam o “atravessador” e, com isso, o ganho com a venda é maior. “As feiras itinerantes são o principal meio de escoamento da produção, mas alguns produtores também participam de feiras do Grotão e do Geisel, e tem a clientela dos bairros próximos, que compram ao agricultor na propriedade dele. Há também aqueles que vendem de porta em porta”, contou Ancelmo Rodrigues, diretor de Agricultura Familiar da Secretaria do Trabalho.

Outra opção para a venda dos alimentos surgiu de uma parceria com outras entidades, que é a feira realizada todas as sextas-feiras na Praça da Paz, no bairro dos Bancários. Os produtores também comercializam seus alimentos no Mercado Público do Valentina, aos sábados e domingos.

Confira os dias, locais e horários das Feiras Itinerantes:
Terça-feira – estacionamento do Shopping Sebrae – 5h às 9h
Quarta-feira – Praça Alcides Carneiro, em Manaíra – 5h às 9h
Quinta-feira – Busto de Tamandaré – 5h às 9h
Sexta-feira – Cidade Viva – 14h às 18h