Concertos clássicos valorizam acervo histórico e contemporâneo de João Pessoa
Com a chegada do II Festival Internacional de Música Clássica a João Pessoa no próximo dia 30, a música erudita vai ser emoldurada mais uma vez pelos belos cenários barrocos das igrejas históricas e pela modernidade de obras deixadas por mestres da arquitetura nacional.
Os seculares templos de São Bento, São Francisco, do Carmo e da Misericórdia – cartões-postais do Centro Histórico e detentores da glória imemorial da antiga Nossa Senhora das Neves – e o Espaço Cultural José Lins do Rêgo, agora restaurado, serão sede de apresentações gratuitas, que se estendem até o dia 6 de dezembro.
O visitante estará vivenciando o legado patrimonial das quatro ordens religiosas que aqui se instalaram: carmelita, franciscana, jesuíta e beneditina.
A programação começa no dia 30, com um concerto às 18h, na Praça do Povo do Espaço Cultural. Depois, de 1º a 5 de dezembro, os concertos serão abertos religiosamente às 14h30 na Igreja São Bento, às 16h na 1ª Igreja Baptista, às 18h na Igreja do Carmo e, fechando, às 20h, na Igreja São Francisco.
A exceção é na quinta-feira (5), quando o Mosteiro São Bento sediará as apresentações das 14h30, 18h e 20h, reservando à Igreja Baptista a execução das 16h. O encerramento, no dia 6, terá execuções às 14h30, na Igreja da Misericórdia e às 17h, no Espaço Cultural.
Riqueza histórica – João Pessoa é a terceira cidade mais antiga do Brasil e conta com um grande acervo histórico-cultural tombado. Toda a área correspondente a 370 mil metros quadrados do seu Centro Histórico cobre 502 edificações, sendo 11 dessas de igrejas tombadas.
Igreja do Carmo – Localizada na Praça Dom Adauto, na Avenida Visconde de Pelotas, o Convento de Nossa Senhora do Carmo também abriga a Arquidiocese da Paraíba. A sua construção, toda em estilo barroco-rococó, foi iniciada em 1592, com a chegada dos carmelitas à capital – mas só concluída em 1763, graças aos esforços e dinheiro próprio de um frei. A sua torre, fachada, talhas e relevos foram esculpidos em pedra, enquanto que o destaque da nave evidencia os motivos florais desenhados em calcário.
Inicialmente, a obra estava destinada a servir de moradia dos carmelitas, que vieram com um propósito de evangelizar os nativos da terra. Muitos detalhes históricos sobre o conjunto se perderam com a invasão holandesa e sua perseguição aos carmelitas. Em 1906, Dom Adauto, o primeiro bispo da Paraíba, transformou o convento no prédio que hoje é conhecido como Palácio do Bispo.
Igreja São Francisco – Erguido em 1589 por padres franciscanos, o mosteiro só ficou pronto quase dois séculos depois, em 1779. Foi projetado pelo frei Francisco dos Santos quatro anos após a ocupação da região pelos portugueses e, quando fundado, dedicado inicialmente a Santo Antônio.
O conjunto arquitetônico é considerado a mais bem acabada representação da escola franciscana de arquitetura do Nordeste, com estilo barroco-rococó. A sua nave traz uma importante pintura do período, mostrando a cena da Glorificação dos Santos Franciscanos, atribuída a José Joaquim da Rocha, fundador da escola baiana de pintura.
Hoje, o complexo, transformado em Centro Cultural, é formado pela igreja, pelo Convento de Santo Antônio, as capelas da Ordem Terceira de São Francisco e de São Benedito, a Casa de Oração dos Terceiros (chamada de Capela Dourada), o Claustro da Ordem Terceira, uma fonte e um grande adro com um cruzeiro, constituindo um dos mais notáveis testemunhos do estilo barroco quinhentista do Brasil. Por sua importância, foi tombado em 1952.
Mosteiro de São Bento – O conjunto barroco religioso, abrangendo a igreja e o mosteiro, foi construído pelos monges beneditinos a partir do século XVII. A obra data de quando João Pessoa ainda respondia como Capitania Real da Paraíba e foi um dos primeiros e principais locais para cultos religiosos estabelecidos em João Pessoa. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), o mosteiro está entre os monumentos mais importantes do País.
Igreja da Misericórdia – Considerada a igreja mais antiga de João Pessoa (foi construída em 1612), a Igreja Nossa Senhora da Misericórdia ainda conserva rara arquitetura original do período revisional renascentista, o Maneirismo. Construído por Duarte Gomes da Silveira, um rico senhor de engenho e administrador feudal, o templo abriga uma nave ampla com duas capelas laterais, a esquerda contendo a cripta de Gomes da Silveira e sua esposa.
Espaço Cultural – O Espaço Cultural José Lins do Rêgo foi projetado pelo arquiteto Sérgio Bernardes e inaugurado em 1982, sendo desde então considerado uma obra arquitetônica referência em todo o País. O prédio tem capacidade para receber 15 mil pessoas, com dois teatros, cinema, galeria de arte, planetário, auditórios, salas de apoio, mezaninos para exposições e museu.
Em 2013 e 2014, passou por uma reforma ampla e geral orçada em R$ 48 milhões, que transformou o antigo Cine Banguê numa Sala de Concertos, renovou o Teatro Paulo Pontes e a Escola de Dança e instalou um novo cinema (com tecnologia digital), cobertura termoacústica sobre a Praça do Povo, pisos e paisagismo no entorno.
Horários dos concertos do II Festival Internacional de Música Clássica:
30 de novembro (domingo):
18h – Espaço Cultural
1º de dezembro (segunda):
14h30 – Igreja São Bento
16h – 1ª Igreja Baptista
18h – Igreja do Carmo
20h – Igreja São Francisco
2 de dezembro (terça):
14h30 – Igreja São Bento
16h – 1ª Igreja Baptista
18h – Igreja do Carmo
20h – Igreja São Francisco
3 de dezembro (quarta):
14h30 – Igreja São Bento
16h – 1ª Igreja Baptista
18h – Igreja do Carmo
20h – Igreja São Francisco
4 de dezembro (quinta):
14h30 – Igreja São Bento
16h – 1ª Igreja Baptista
18h – Igreja do Carmo
20h – Igreja São Francisco
5 de dezembro (sexta):
14h30 – Igreja São Bento
16h – 1ª Igreja Baptista
18h – Igreja São Bento
20h – Igreja São Bento
6 de dezembro (sábado):
14h30 – Igreja da Misericórdia
17h – Espaço Cultural