Extremo Cultural apresenta lapinha e ciranda na tenda da cultura popular
A tenda da cultura popular, instalada no Largo da Gameleira, em Tambaú, segue a programação do projeto Extremo Cultural – Onde o Som Toca Primeiro, neste sábado (24), com a Lapinha Infantil Jesus de Nazaré, de Mandacaru, e a Ciranda do Sol do Mestre Mané Baixinho, do Bairro dos Novais. As atrações, gratuitas, começam às 17h.
Com 25 integrantes mulheres (os homens apenas participam tocando), a Lapinha Jesus de Nazaré é a única remanescente dos 13 folguedos similares que existiam em João Pessoa, até irem se extinguindo. Pelas contas do seu mestre, José Maciel de Souza, tem mais de 60 anos.
Origens – A lapinha é a representação em pequenos autos de um grupo de pastoras diante do presépio, fazendo louvações em cânticos e danças na noite de Natal. Desde o fim do século XVIII, as brincantes se dividem em dois cordões – o azul, a cor do manto de Nossa Senhora, e o encarnado, representando o sangue de Jesus.
No Dia de Reis, 6 de janeiro, à meia-noite, acontece o belo ritual da queima de lapinha. Geralmente, começa com a apresentação do guerreiro, seguida pela exibição das pastoras saudando o presépio, de onde elas retiram todas as figuras e recolhem as palhas e flores que o adornavam após o fogo.
Reza a crença popular que a lapinha é queimada para que o material que o enfeitava, considerado sagrado, não seja jogado no lixo. Além disso, credita-se que as cinzas trazem sorte. “A lapinha é a minha paixão desde os 12 anos, quando tocava percussão no grupo de minha mãe”, conta o mestre Maciel, de 71. “É uma arte que está morrendo, já que só resta o meu grupo na cidade. Por isso vou continuar dançando e amando o que faço. A propósito, quando eu morrer, podem depositar uma coroa de lapinha no meu caixão”, avisa.
Ciranda do Sol – Comandada pelo Mestre Manoel, mais conhecido como Mané Baixinho, do Bairro dos Novais, a Ciranda do Sol foi batizada assim por causa do horário até quando os brincantes se reuniam para dançar. “Por volta de 1970, brincávamos muito na praia de Tambaú, até o sol raiar. Mas o nome pegou muito tempo depois, em 1995”, explica.
Discípulo do cirandeiro João Grande, já falecido, Baixinho, que é pedreiro, atribui à dança a razão de sua alegria. “Eu canto, danço e ensino as crianças a cirandar. É a minha vida”, resume. A Ciranda do Sol tem hoje 54 integrantes, 40 destes dançarinos.
Até hoje, Mané contabiliza 120 músicas compostas, a maioria com letras fáceis e românticas, como “Sou Cirandeiro”, “Oh, meu Jesus!”, “Estava na praia” e “Chegou meu navio lá no porto” (sic). A batida da caixa, bumbo e ganzá formam a parte percussiva das apresentações.
O folguedo – “Do jeito que é dançada no Nordeste, a ciranda é filha do coco e carrega elementos afrodescendentes. Surgida na Serra da Barriga, antigo Quilombo dos Palmares, nas Alagoas, a dança era típica dos salões abastados de Maceió”, situa Emilson Ribeiro, coordenador da Divisão de Cultura Popular da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope).
Típica das praias, disseminou-se para o interior e outras regiões. Os participantes são denominados cirandeiros e cirandeiras. No centro da roda ficam o mestre, o contramestre e os músicos, improvisando cantigas e tocando os instrumentos.
Programação do Extremo Cultural – Onde o Som Toca Primeiro
Busto de Tamandaré:
24/01
20h – Val Donato & Os Cabeças
22h – RPM
31/01
20h – Mirandinha e Pura Raiz
22h – Grupo Revelação
Cultura popular (no Largo da Gameleira, em Tambaú):
24/01
17h – Lapinha Jesus de Nazaré
18h30 – Ciranda do Sol do Mestre Mané Baixinho
31/01
17h – Boi de Reis Estrela do Norte do Mestre Pirralhinho
18h30 – Maculelê da Capoeira Angola Comunidade