Tradição da pelada se mantém nos campos de futebol reformados pela PMJP nos bairros
Max Oliveira
Uma partida de futebol, mas sem compromissos com os aspectos profissionais, como uniformes e juiz. Assim é a pelada, uma verdadeira paixão nacional. Na Capital paraibana, investimentos da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) transformaram locais subutilizados pela população em campos de futebol com estrutura para a reunião de centenas de apaixonados pela bola.
Os bairros do Gervásio Maia, Cidade Verde (Mangabeira) e Portal do Sol foram os primeiros locais a receber os campos padronizados construídos pelo governo municipal. Com torres de iluminação, vestiários, salas administrativas, banheiros, muros e alambrado, os campos se tornaram espaço para convivência entre os moradores, além de incentivar a prática esportiva.
“Investir no esporte sempre foi uma determinação da nossa gestão porque entendemos que a prática esportiva gera saúde e cidadania”, afirma o prefeito Luciano Cartaxo. “Queremos proporcionar um espaço apropriado para toda a comunidade e, principalmente, valorizar o futebol amador em nossos bairros”, complementou.
O investimento da Prefeitura foi de R$ 300 mil para cada um dos três primeiros campos já inaugurados, num total de cinco que ainda serão entregues nesta primeira etapa. De acordo com o secretário municipal de Juventude, Esporte e Recreação (Sejer), Edmilson Alves, as próximas unidades serão entregues em Paratibe e Gramame. “Nosso objetivo é garantir que os equipamentos esportivos cheguem a toda cidade e incentivem que as pessoas tenham o esporte como uma prática de vida”, declarou.
Driblando o ócio – Durante o dia, Adailton Pereira Santos, de 44 anos, ganha a vida trabalhando como pedreiro. Tempo para curtir a sua maior paixão – o futebol – ele explica que só nas noites de quinta, quando frequenta a pelada dos quarentões no campo do Gervásio Maia, recém inaugurado pela Prefeitura de João Pessoa.
É o momento em que Adaílton vira o ‘Capacete’, apelido carinhoso dado pelos amigos do bairro. As ferramentas do trabalhador logo são substituídas pela chuteira. Ainda no vestiário, se preparando para entrar em campo, Capacete é mais um entre milhares de brasileiros prestes a driblar, correr, chutar e comemorar as emoções de uma pelada como se fosse uma final de Copa do Mundo. Uma rotina que há dois meses ele pratica com muito prazer.
“Eu sou mais um entre centenas de peladeiros do bairro que vêm aqui nesse campo fazer dessa pelada um momento de confraternização entre os moradores. São todos trabalhadores, pais de famílias tirando o estresse do dia a dia jogando futebol”, disse Adaílton, que ainda avisa para os peladeiros de plantão as regras para fazer parte da atividade: “É por ordem de chegada. São dois tempos de quarenta minutos, onde as equipes são preenchidas por aqueles que chegam primeiro. Depois disso, tem que pegar uma fichinha e aguardar a vez para substituir alguém já cansado”, explicou.
O cansaço, que é algo natural até entre os profissionais, logo acaba sendo também o vilão entre os peladeiros mais fominhas por bola. Na medida em que o fôlego vai acabando, uns vão cedendo seu lugar para outros, e é nesse momento que entra em campo o seu Manoel Juventino, 46 anos. Ele conta que passou cinco anos afastado do prazer de jogar futebol por falta de um local adequado para bater suas peladas, como costumava fazer na sua antiga cidade, Recife.
“Cheguei até tomar conta de uma equipe amadora quando morava lá, mas acabei largando quando me mudei pra cá. Como não conhecia ninguém e não existia um espaço adequado para jogar, tive uma paradinha forçada de cinco anos. Foi quando esse campo foi inaugurado e aos poucos estou voltando a forma”, disse Manuel, revelando ainda outra feliz coincidência na volta ao futebol.
“Após uma consulta médica fui diagnosticado com uns probleminhas de saúde relacionadas ao sedentarismo. A solução, segundo o doutor, fazer atividades físicas, como correr. O campo e essa pelada caíram como uma luva, unindo o útil ao agradável”, afirmou.
Personagens como o seu Manoel e Adaílton Capacete são facilmente encontrados pelos quatro cantos desse Brasil, e só ajudam a reforçar a máxima que diz que, de fato, estamos no País do futebol. No caso dos campos construídos pela PMJP, eles não têm como objetivo central revelar craques para o futuro, mas tornar a prática da pelada uma atividade mais confortável e prazerosa.
Agenda dos campos – Todo peladeiro que se preza não perde os dias e horários onde acontecem as tradicionais peladas. Os campos, que dispõe da mesma estrutura nos três bairros, atendem também as regiões circunvizinhas.
Confira as atividades nos campos durante todos os dias da semana:
Campo Raunir Ferreira – Gervásio Maia
Todas as terças-feiras, às 19h, acontece a pelada dos amadores, que é destinada aos adultos sem limite de idade;
Todas as quintas-feiras, às 19h, é a vez dos quarentões entrararem em campo. Destinado aos veteranos do bairro, com idade inicial de 40 anos;
Às sextas-feiras tem escolinha de futebol gratuita para as crianças a partir das 19h. Faixa etária dos oito aos 14 anos;
Sábados e domingos são reservados para os jogos amistosos e campeonatos amadores entre os times do bairro e adjacências.
Campo Manoel Antônio de Santana – Cidade Verde (Mangabeira)
Todas as quartas-feiras, às 19h, acontece a pelada dos veteranos, destinada ao peladeiros com idade inicial de 35 anos;
Às sextas-feiras a pelada é aberta ao público de todas as idades, a partir das 19h;
Nos finais de semana o campo recebe as competições de futebol amador com equipes de Mangabeira e região.
Campo Evangelista Benedito da Silva – Portal do Sol
Todas as terças-feiras, das 15 às 17h, o campo recebe o projeto Centro Esportivo Altiplano, que oferece aulas de futebol gratuitas para cerca de 50 crianças e adolescentes dos 13 aos 17 anos. Nos sábados, as aulas acontecem pela manhã;
Ainda aos sábados, às 16h, acontece a pelada aberta ao público de todas as idades;
No domingo pela manhã, das 6h às 8h, acontece à pelada dos veteranos, dedicada ao público acima dos 35 anos.