Comissão da Verdade ouve advogado e ex-diretor do Incra sobre perseguições em 64

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A Comissão Municipal da Verdade (CMV) do Município de João Pessoa realiza, nesta quarta-feira (19), uma oitiva para colher o depoimento do advogado Júlio César Ramalho sobre as perseguições sofridas por ele durante a ditadura civil-militar de 1964. O encontro acontece a partir das 15h, na sala de reuniões do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Ramalho foi advogado dos trabalhadores paraibanos, vinculado à Comissão Pastoral da Terra (CTP) e sindicatos rurais, bem como assessor jurídico da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Chegou a ocupar a Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Paraíba, no governo do presidente Lula. Depoimentos anteriores prestados à CMV indicam que ele foi perseguido durante os governos militares por sua forte atuação, especialmente junto aos movimentos de camponeses no Litoral Sul e na região da Várzea do Rio Paraíba. Teve forte ligação com a Arquidiocese Paraibana na época em que foi dirigida por dom José Maria Pires.

As chamadas “Comunidades Eclesiais de Base” tiveram forte aproximação com as classes populares nos anos 60, cujas organizações sociais sofreram forte repressão após o golpe. Movimentos camponeses paraibanos atuaram na luta pela posse da terra. Muitos líderes rurais foram mortos e servidores públicos punidos. Este é um dos focos de investigação da Comissão Municipal da Verdade.