Semiárido sertanejo inspira mostra de joias no Casarão 34
Dina Melo
O Casarão 34, no Centro Histórico, recebe a partir desta quarta-feira (16) a exposição “Outonianas”, do designer de joias Aldenôr Gomes. A abertura está prevista para as 19h30, e a mostra ficará em cartaz até o dia 22. A visitação, gratuita, pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.
“Outonianas” faz referência aos elementos do imaginário sertanejo e semiárido potiguar, terra natal do artista, que o inspiraram durante os 40 anos em que trabalhou como engenheiro agrônomo, atuando na área da sociologia rural.
A coleção conta com 28 peças de prata esculpidas a mão, entre anéis, colares, pulseiras, brincos, braceletes e adornos para chapéus e cachimbos inspirados nas plantas mais características da biodiversidade da caatinga, como a bananeira, carnaúba, malícia, juá, cana de açúcar, pinhão bravo, caju e o algodão.
“Trabalho cada peça em meu ateliê como se portasse uma história própria, relacionada ao campo, ao êxodo das famílias camponesas ou, invariavelmente, à sua riqueza natural”, justifica. “Das andanças pelas quebradas das margens do baixo-açu, veio a lembrança do leque esbranquiçado da carnaubeira”, lembra. Um dos temas de destaque é a folha da maconha talhada sobre uma cruz, aqui simbolizando um libelo em prol da legalização do uso do canabidiol para fins medicinais.
A simbologia do ciclo do algodão, que tantas riquezas e mazelas impuseram ao Nordeste, também adorna outros exemplares: “Voltar quatro décadas que me separam das primeiras investidas ao sertão avivou o reencontro com os excluídos pela modernização do algodão, que encontrávamos nos cantos de rua, declinando as suas mazelas”, reflete.
A coleção, que já passou pelas cidades de Natal e Mossoró, está toda à venda. Artesão de joias há apenas um ano, Gomes disse que migrou para a ouriversaria para eternizar em peças o sertão que povoa o seu pensamento. “As pessoas costumam associar a vegetação seca do sertão ao cinza e branco. Para mim, as folhas, quando caem, apenas ‘empratecem’”, compara.