Cultura africana e ancestralidade em relevo em exposição na Casa da Pólvora
Dina Melo
Está em cartaz até janeiro de 2016, no monumento secular da Casa da Pólvora, na Ladeira da Borborema, no Varadouro, a exposição “Kolofé – Um Caminho de Expansão Afrocultural”, do artista multivisual Elioenai (Nai) Gomes. A mostra se propõe a saudar os antepassados negros expressos nos mais diversos segmentos da arte que estão espalhados por João Pessoa – e ligá-los aos orixás, divindades da religiosidade africana. A visitação está aberta de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, com entrada gratuita.
O projeto faturou o Prêmio Afro 2014, patrocinado pela Petrobras, e conta com o apoio do Ministério da Cultura (MinC), Fundação Palmares e Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (Cadon).
Estão expostas 17 telas (pintadas em 17 dias seguidos), retratando as peculiaridades, riquezas e reminiscências do Centro Histórico da Capital quadricentenária, erguida pela força do trabalho escravo. “Procurei resgatar a memória dos anônimos da história, da mão-de-obra que levantou todos os nossos casarões, praças, igrejas, ruas e monumentos. Ligo a ancestralidade às divindades do panteão africano como uma forma de resistir pela via da fé”, diz Nai.
Os ladrilhos da Ladeira da Borborema estão representados pela divindade do Tempo, enquanto a Rua da Areia é Exu e Ebara; as ferrovias da Cidade Baixa são Ogum; o Mosteiro de São Bento é Osanha; as trilhas da Bica representam Oxossi; a Praça da Pedra, Omulu; a Ponte da Liberdade é Oxumaré; a Praça João Pessoa, Xangô; a Casa da Pólvora é Yansã; a fonte da Ladeira da Borborema, Oxum; a Fábrica Matarazzo, Obá; o Centro Cultural Piollin é Iroco; a Varanda do Hotel Globo, Yemanjá; o Porto do Capim é Nanã; o Cruzeiro de São Francisco, Oxaguiã; e, por fim, o adro da Igreja São Francisco simboliza Oxalufã.
A trajetória por estes pontos resultou num vídeo produzido por Thomas Freitas. O ensaio fotográfico, por sua vez, é assinado por Gustavo Moura e Wênio Pinheiro.