Mulheres plantam árvores para lembrar vítimas de violência de gênero em João Pessoa

Por Eliane Cristina - em 1410

acao_naoviolenciamulheres_foto_dayseeuzebioLembrar a dor da perda e, principalmente, as circunstâncias desta perda é sempre um momento delicado e emocionante. E foi com muita emoção, saudade e, sobretudo, garra para lutar que familiares de mulheres mortas em João Pessoa, em casos ligados a violência de gênero, participaram, na manhã desta sexta-feira (25), do plantio de Ipês rosas e roxos no Parque Solon de Lucena.

O ato solene foi organizado pela Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPPM) e ocorre dentro da programação que marca o Dia Internacional de Não Violência Contra as Mulheres, lembrado sempre no dia 25 de novembro. Além das mães das mulheres assassinadas, participaram da homenagem a juíza Rita de Cássia de Andrade, do Juizado da Violência Doméstica e Familiar de João Pessoa, a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres de João Pessoa, Adriana Urquiza, a diretora do Centro de Referência Ednalva Bezerra, Maria das Graças Farias, e mulheres que integram o grupo Mães na Dor.

acao_naoviolenciamulheres_foto_dayseeuzebio-6Para a juíza Rita de Cássia de Andrade, o enfrentamento a violência é uma luta árdua, mas necessária e deve ser abraçada por toda sociedade. “Estamos reunidas aqui nesse espaço de lazer para falar de violência contra as mulheres, eu quero acreditar que um dia estaremos aqui para celebrar vitórias. Nosso trabalho é para que isso aconteça, para que a violência, tão nociva a sociedade, chegue ao fim”, afirmou.

Hipernestre Carneiro, mãe da estudante Aryane Thaís Carneiro de Azevedo, falou em nome das mães presentes ao evento. “Esta árvore vai simbolizar minha luta por Justiça, foram seis anos de batalha, mas eu venci. Agora luto para que outras mães não passem pelo que eu passei. A violência precisa acabar”, disse.

Uma das mulheres presente à solenidade foi Laysa Batista do Nascimento, que esteve em situação de violência doméstica, denunciou as agressões, rompeu com o ciclo da violência e conseguiu superar. “Foi com muita luta que consegui sair da violência e estou aqui para mostrar que é possível. Acredito na justiça dos homens, sou exemplo de que fui alcançada por essa justiça e quero dizer às mulheres que estão passando por isso que denunciem, não se calem, elas podem vencer”, afirmou.

acao_naoviolenciamulheres_foto_dayseeuzebio-5Adriana Urquiza, secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, agradeceu a presença de todos os familiares e ressaltou a importância de enfrentar a violência de gênero. “Nossa luta é diária, nós da Prefeitura dispomos de instrumentos que ajudam neste enfrentamento. Trabalhamos pelo empoderamento feminino e no combate ao machismo que é o responsável direto por tantos casos. É importante que as mulheres que estejam hoje em situação de violência saibam que não estão sozinhas”, enfatizou.

As árvores plantadas serão identificadas com os nomes de mulheres vítimas de violência de João Pessoa. São elas: Aryane Thays Carneiro (morta pelo então namorado, o caso já foi julgado e agressor condenado), Germana Clara Sá Marinho (morta pelo marido na frente dos filhos, agressor condenado), Fernanda Ellen Miranda Cabral (morta pelo vizinho, agressor condenado), Rebeca Cristina Alves Simões (envolvimento do padrasto na morte, caso em andamento na Justiça) e Viviany Crisley Viana (suspeitos presos, caso em fase de investigação policial). A última árvore levará o nome de Laysa Batista do Nascimento, mulher que superou a violência e representa a esperança das mulheres.