Espetáculo conta nova versão para a descoberta das Américas

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Um só ator em cena, sem aparato de cenário, figurino, iluminação e até texto reduzido ao mínimo possível. O resultado desta ‘contenção’ é uma nova versão para a história sobre a descoberta das Américas, que vai ser encenada nesta sexta (19), às 20h, com entrada franca, no Teatro Lima Penante dentro da Mostra de Monólogos do Festival Outubro do Teatro.

Com texto original de Dario Fo e direção de Alessandra Vannucci, o espetáculo “A descoberta das Américas” foi eleito pelo jornal O Globo como um dos 10 melhores espetáculos de 2005. Também ganhou o prêmio Shell 2005 na categoria melhor ator com a interpretação de Julio Adrião. A montagem é do grupo Leões de Circo do Rio de Janeiro.

O Outubro do Teatro é um projeto realizado pela Prefeitura da Capital através de sua Fundação de Cultura (Funjope), com o apoio da Fundação Nacional de Arte (Funarte).

O texto –
A concepção do espetáculo é inspirada em fatos reais que ocorreram na Flórida e foram contados pelo cronista Cabeça de Vaca. Mas a história poderia ser bem daqui, da terra brasileira. Acontece que um sujeito chamado Johan, rústico, malandro e fanfarrão, que se vira contando vantagens e sempre em fuga da fogueira da Inquisição embarca em Sevilha numa das Caravelas de Cristóvão Colombo.

No Novo Mundo, o herói sobrevive a um naufrágio, testemunha a matança, aprende a língua dos nativos, é preso, escravizado e quase engolido pelos índios antropófagos. Safa-se fazendo ‘milagres’ com alguma técnica e uma boa dose de sorte. Venerado como Filho da Lua, ele treina, catequiza e guia os índios num exército de libertação que acaba caçando os espanhóis invasores.

O protagonista da Descoberta, acossado por uma cruel economia da fome que o faz engenhoso, quer sobreviver justamente para narrar sua história. Para dar vida a todos os personagens, quais índios, espanhóis, cavalos, galinhas, peixinhos, Jesus e Madalena, ele estabelece um pacto de cumplicidade com os espectadores: cria com eles um código gestual, mímico e sonoro que substitui paulatinamente a fala. Cada detalhe provoca a lembrança do seguinte, como em uma história contada de improviso e pela primeira vez. O desafio do ator é de achar o jeito, a cada noite, de jogar com aquela platéia e fazer aquela platéia jogar. Jogar como? Decodificando cada imagem, cada som que o ator sugere. É o teatro em sua essência: uma ilusão de realidade que o ator projeta no espaço da cena e o público pode ver. Por isso, o espectador è indispensável nesse jogo.