Oficina treina profissionais para tratar usuários de droga e álcool
Preparar os profissionais nas áreas de saúde, educação e desenvolvimento social para uma aproximação adequada aos usuários de droga e álcool, orientando para a utilização da rede de serviços públicos e buscando práticas que preservem a saúde dessas pessoas. É com esse objetivo que cerca de 150 pessoas participaram na manhã desta quinta-feira (13) da abertura da Oficina de Formação de Redutores e Redutoras de Danos, que continuou à tarde e prossegue nesta sexta-feira (14) no Hotel Netuanah, praia do Cabo Branco. O evento está sendo promovido através de uma ação integrada entre as Secretarias de Saúde (SMS), Educação (Sedec) e Desenvolvimento Social (Sedes).
A oficina foi aberta com dinâmicas e grupo abordando os temas: Drogas e seus efeitos e Família e contexto social. O condutor da atividade e um dos coordenadores do evento, Lino Madeira, comandou uma dinâmica de grupo onde uma ou mais pessoas foram amarradas com uma fita e a única maneira de se soltar era indo para o centro do grande círculo e falar frases sobre prevenção, vida e droga.
Ao final, Lino Madeira explicou que as fitas amarradas separaram o grupo e geraram sentimentos como preconceito, constrangimento, dificuldade de locomoção. Mas pela necessidade de se libertar, essas pessoas foram ao centro e falaram diferentemente das outras pessoas que acabaram, na verdade, ficando mais presas ao optarem por não sair de suas cadeiras para falar ou ajudar as pessoas com as amarras. É um pouco como se sente um usuário de droga, que tem de enfrentar o preconceito e a falta de apoio para se libertar das amarras causadas pelas substâncias tóxicas, observou. Durante a tarde também foram realizadas dinâmicas de grupo sobre Modelos de tratamento e projeto terapêutico.
Mesas-redondas Já nesta sexta-feira (14), a oficina continua com a mesa-redonda Políticas públicas de atenção a álcool e outras drogas, com a participação de Coordenações de DST/AIDS e Saúde Mental de João Pessoa; da coordenadora de Campo dos Redutores (as) de Danos de Olinda (PE) e a coordenadora do Programa Mais Vida (álcool e outras drogas) de Recife (PE). À tarde acontece a mesa-redonda Compartilhando experiências em redução de danos, com redutores e redutoras de danos dos serviços públicos e do Movimento Social das Cidades de João Pessoa, Olinda e Recife.
Mudando a prática De acordo com chefe da seção DST/AIDS do município, Roberto Maia, a atividade desta quinta-feira pretende desconstruir os modelos culturais e familiares sobre o uso das drogas e, em cima disso, trabalhar com práticas de redução de danos. É importante saber abordar o usuário nessa condição de forma que saiba como utilizar o CAPS Álcool e Droga, o Centro de Testagem e Aconselhamento e outros serviços. Não julgá-lo, mas olhar no olho e encaminhá-lo para os serviços, destacou.
Roberto Maia explicou que a política de Redução de Danos em João Pessoa começou a ser implementada no ano passado e registra avanços com um trabalho intersetorial entre as secretaria Municipal de Saúde (SMS), Educação (Sedec) e Desenvolvimento Social (Sedes). Essa não é uma política fácil de ser desenvolvida. Por isso, é necessário a intersetorialidade. Teremos neste seminário também a oportunidade de conhecer as experiências desenvolvidas em Olinda e Recife, ressaltou.
Avanços O coordenador de Saúde Mental do município, Lino Madeira, explicou que o seminário informa as várias formas de tratamento de usuários de álcool e droga, medicamentoso, mental e apoio psicológico. João Pessoa está num bom nível com a implantação do Caps Infantil, o Caps Álcool e Droga (do Estado e que estará funcionando em janeiro gerenciado pelo município), residências terapêuticas e o Pronto-Atendimento de Mangabeira.
O desafio maior é articular essa rede a outros serviços como Unidades de Saúde, Centro de Atenção Psicossocial, Centro de Testagem e Aconselhamento e movimentos sociais. De forma que cada profissional saiba olhar no olho e acolher a pessoa com algum problema de dependência química, explicou.