Estação abriga mostra de arte e tecnologia até junho

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A Paraíba recebe a primeira exposição de arte e tecnologia a partir deste final de semana, no 2º andar da Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, até o dia 14 de junho. Sob o título ‘Modos eletrônicos: arte, ciência e tecnologia’ e assinada pelo artista computacional paraibano (radicado em Brasília-DF), Christus Nóbrega, a mostra exibe o corpo humano como ser interagente que atua no real e no espaço virtual, segundo seu criador. A abertura está marcada para este sábado (25), às 18h.

Os diversos trabalhos apresentados na exposição abordam com amplitude o universo das linguagens peculiares à arte e tecnologia, abrangendo a videoarte, webarte, realidade virtual, vida artificial, arte genética, gamearte, arte com celular, instalações interativas, arte robótica, entre outras. Na mostra, o público poderá interagir com os trabalhos, manipulando e alterando a aparência das obras através de dispositivos e sensores computacionais. Um modo único e inovador de experienciar a arte e as novas tecnologias.

Procuramos criar um ambiente favorável para a reflexão e crítica das novas mídias, bem como a formação de público para apreciação da arte contemporânea computacional. Ao recebermos esta exposição dividida em duas etapas intituladas ‘Modos Eletrônicos’ e ‘Cidade Digital’, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), firmamos o compromisso de que a Estação está sempre aberta às linguagens, experimentações científicas e aos saberes educacionais e tecnológicos da vida contemporânea, frisou a diretora de Programação da Estação Ciência, a jornalista Edileide Vilaça.

Interação – Um dos trabalhos é o ‘Livr(e/o) – uma obra de realidade misturada’. A proposta é investigar as formas de interação entre o universo físico e virtual, discutindo sobre a potência do livro como suporte e seus possíveis desdobramentos proporcionados pelas atuais tecnologias computacionais. A obra configura-se em um livro (que pode ser folheado pelo público), uma webcam e um projetor multimídia. O livro tem sua imagem captada pela webcam e projetada em um telão.

Através de um programa de computador algumas imagens impressas nas páginas são reconhecidas pela webcam e sobre essas imagens há a projeção de objetos virtuais tridimensionais que unem a imagem do livro com a das figuras virtuais; daí a expressão ‘realidade misturada’. Essas figuras nascem das páginas bidimensionais, ganham forma e movimento e então flutuam sobre a página até que essa seja virada e uma nova figura surja. Assim, ao abrir o livro, o público imerge em um universo onde objetos reais e virtuais interagem mutuamente.

As imagens impressas nas páginas foram criadas a partir de figuras esotéricas pesquisadas em tratados raros de ocultismo, que chegaram ao meu poder por herança. Repletos de encantamentos e rituais de invocações a entidades míticas, esses tratados despertam a imaginação profunda, conduzindo-nos para um outro universo onde matéria e anti-matéria se unem. A obra ‘Livr(e/o)’, nascida sobre essas influências, torna-se também um convite à imaginação e imersão em um outro universo, o universo mágico da realidade misturada, onde o visível e o invisível se fundem, explicou Christus.

O artista – Christus Nóbrega, paraibano radicado em Brasília, é doutorando e mestre em Arte e Tecnologia pela UnB e graduado em Design pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Atua como professor e artista-pesquisador no Instituto de Artes da instituição brasiliense. É autor de livros e artigos científicos e tem participado regularmente de exposições nacionais e internacionais em sua área de atuação.

Atualmente é diretor do Museu Virtual de Arte Popular (Muvap) e do Festival Internacional de Arte e Mídia (FAM). Em seu mestrado, desenvolveu o primeiro robô brasileiro capaz de responder afetivamente ao humano e ao meio ambiente. No doutorado, pesquisa novos sistemas de moradia baseados em inteligência artificial, cibernética e cibercultura, onde irá propor a construção de uma casa do futuro.

Pioneirismo – Parte do interesse de Christus nesse aspecto tecnológico da contemporaneidade se dá, principalmente, pelo estímulo às investigações promovidas pelo Instituto de Artes (IdA) da Universidade de Brasília (UnB), onde ele atua como professor e artista pesquisador.

É importante destacar que a UnB é pioneira na área, sendo a primeira universidade pública do País a criar um Programa de Pós-Graduação direcionado à Arte e Tecnologia. Assim, a imagem da arte produzida pelos professores, alunos e egressos da UnB é, em grande parte, associada a inovação tecnológica, vanguarda e qualidade técnica.