Papangus e samba de roda são atrações, nesta 3ª, no Sta Roza

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‘Nossa dança’ é o título do mais novo projeto da Divisão de Dança da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), que estréia nesta terça-feira (7), a partir das às 19h, no Teatro Santa Roza. Haverá apresentação do espetáculo ‘Papangus’, do Balé Popular da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e participação especial da Escola de Capoeira Afro-Nagô mostrando Samba de Roda.

O projeto se repetirá uma vez por mês, até outubro, com apresentações de grupos de dança de João Pessoa e cidades vizinhas, oportunizando aos profissionais, de todas as modalidades desta expressão artística, o fomento e a divulgação de seus trabalhos. O ‘Nossa Dança’ conta com a parceria da Fundação Espaço Cultural (Funesc).

Papangus – Pés na contemporaneidade e olhos voltados para a Cultura Popular. É assim que o Balé Popular da UFPB, dirigido pelo coreógrafo Maurício Germano, que toma como ponto de partida para esse trabalho a diversidade do personagem ‘papangu’, se auto define. No espetáculo, o grupo explora a riqueza histórico-cultural incorporada ao personagem, convidando o público a uma viagem à controversa, e possivelmente sagrada, origem dessa figura mascarada.

No Dicionário do Folclore Brasileiro, o papangu, assim apelidado, tomava parte das extintas Procissões de Cinzas, durante a Semana Santa. Acompanhava as procissões religiosas, tocando trombeta e dando chicotadas em quem atrapalhasse o cortejo. Existem relatos que algumas das procissões de cinzas mais divertidas e burlescas, realizadas até meados do séc. XIX, traziam a popular figura do papangu representando a morte.

Figura temida, sobretudo pelas crianças, o papangu começou a ser questionado, até que teria sido proibido em 1831. Depois dessa proibição, o termo papangu passou a denominar uma estética grotesca, assustadora e hostilizada, que atraía e, ao mesmo tempo, perturbava. Expressando sentimento de pavor, medo e dor, transformou-se num ser alegre, sorridente e irreverente, retornando tempos depois como brincante no carnaval. É nesse contexto que o grupo paraibano sobe ao palco do Teatro Santa Roza apresentando todo o universo dos alegres foliões mascarados que circulam pelas ruas das cidades nordestinas durante o carnaval.

Balé Popular da UFPB – Criado em 1995, o grupo tem em sua trajetória renomados espetáculos, como o Auto de Nossa Senhora da Luz, Varal, A Cura, Jatobá, Caiçara, Pau de Arara e Festejos. O objetivo é pesquisar e desenvolver a dança popular como forma de divulgar a cultura nordestina através de espetáculos, sempre buscando uma forma original de manter vivas as tradições populares dentro e fora dos palcos.

Samba de roda – Outra atração do evento é a participação especial do Samba de Roda da Escola de Capoeira Afro Nagô, que desenvolve trabalhos em diversos bairros da capital com crianças, jovens e adultos, ensinando a cada um a prática da capoeira como uma arte brasileira e hoje tombada como patrimônio histórico cultural nacional.

História – O samba de roda teve início por volta de 1860, como manifestação da cultura dos povos africanos que vieram para o Brasil, sendo dividida em samba chulo e samba corrido. No primeiro, os praticantes não sambam enquanto os cantores cantam a chula em forma de poesia. A dança só tem inicio após a declamação, enquanto uma pessoa samba no meio da roda ao som de instrumentos e de palmas. Já no samba corrido, todos sambam enquanto dois solistas e o coral se alternam no canto.

O ritmo tem ligação direta com o culto dos orixás e caboclos, a capoeira e a comida de azeite. Este estilo musical tradicional afro-brasileiro é tocado por um conjunto de pandeiro, atabaque, berimbau, viola e chocalho, acompanhado por um canto e palmas. O ritmo é, acima de tudo, uma mistura de dança, poesia, sensualidade e festa.