Radegundis Feitosa é homenageado com ‘Réquiem para um Trombone’

Por - em 832

Cerca de 90 cantores e músicos da Orquestra de Câmara Cidade de João Pessoa (OCCJP) e do Coro Sonantis subirão ao palco do Cine Bangüê para fazer uma homenagem, em tom de oração musicada, ao trombonista Radegundis Feitosa. O concerto “Réquiem para um Trombone” marcará a passagem de um ano do falecimento do músico. A apresentação, com entrada gratuita, será nesta quinta-feira (30), a partir das 20h. A iniciativa é resultado de uma parceria entre a Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) e a Fundação Espaço Cultural José Lins do Rego (Funesc), com apoio da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Na liturgia cristã, o réquiem é uma espécie de prece ou missa musicada, especialmente composta em honra a uma pessoa falecida. O termo foi retirado da expressão requiem aeternam dona eis, que significa “dai-lhes o repouso eterno”. No caso particular da obra “Requiem para um Trombone”, ela foi encomendada pela pianista e diretora do Virtuosi Festival Internacional de Música, Ana Lúcia Altino, e escrita pelo maestro paraibano Eli-Eri especialmente para o músico Radegundis.

A obra “Réquiem para um Trombone” foi composta usando temas derivados das letras do próprio nome Radegundis, transformadas em notas musicais, como ressalta o maestro Eli-Eri. “Com os textos do réquiem tradicional, em latim e português, a peça busca representar, musicalmente, a passagem de Radegundis, do nosso plano existencial humano para o celestial”, comentou. “Nela, o trombone solista representa o próprio Radego, como era chamado pelos amigos. A soprano simboliza um anjo guia e os coralistas um coro de anjos”, explicou.

A estréia mundial do “Réquiem para um Trombone” ocorreu em dezembro de 2010, em Recife (PE). Na ocasião, foi apresentada uma versão para solistas, coro e orquestra de cordas, durante o concerto de abertura do 13º Festival Virtuosi. Para o lançamento em João Pessoa, Eli-Eri escreveu uma versão voltada a uma orquestra completa.

O concerto vai contar com a presença dos solistas Sandoval Moreno, no trombone, e José Henrique Martins, no piano, além da soprano lírica Christiane Alves. A programação inclui ainda quatro canções da suíte sinfônica “A Floresta do Amazonas”, de Heitor Villa-Lobos, que terá a participação da soprano Izadora França. A regência será do maestro titular da OCCJP, Carlos Anísio. Outra segunda peça de Eli-Eri, apresentada no concerto é a “Christus Resurrexit”.

A morte do trombonista Radegundis Feitosa e de seus colegas músicos Adnilton França, Roberto Sabino e Luiz Benedito, que também serão homenageados no concerto, ocorreu depois de um acidente automobilístico, em primeiro de julho de 2010. A tragédia foi por volta das 10h, na BR-361, entre os municípios de Itaporanga e Piancó, no Sertão paraibano. O veículo em que vinha o grupo capotou e explodiu.

Orquestra de Câmara – A OCCSJ é um projeto iniciado em 2001 sob responsabilidade da Secretaria de Educação e Cultura de João Pessoa (Sedec), sendo viabilizada através da antiga Lei Viva Cultura. Atualmente, o grupo está ligado a Funjope e se consolidou tanto como um espaço musical de preparação artístico profissional de jovens músicos entre 18 a 28 anos do curso de Bacharelado. É também um espaço de atividades de extensão da UFPB.

Dentre outros projetos, a OCCJP vem realizando uma série de apresentações intitulada “Nossos Solistas”. Nessas ocasiões, os instrumentistas da própria orquestra são os solistas. O grupo promove ainda projetos especiais, que são apresentações diferenciadas, a exemplo do “Réquiem para um Trombone”.

Dezenas em coro – O recém formado Coro Sonantis vem somar vozes ao já existente Grupo Sonantis, do Laboratório de Composição Musical (Compomus), da UFPB. Com direção de Eli-Eri Moura e Marcílio Onofre, os integrantes são alunos de canto da UFPB e alguns dos melhores coralistas de João Pessoa.

Quatro solistas – Todos os quatro solistas do concerto atuam em João Pessoa. Natural de Itaporanga, como Radegundis, o trombonista Sandoval Moreno é professor do Departamento de Música UFPB e tem uma extensa atuação em todo o Brasil. No currículo estão experiências como solista e professor em diversos festivais do País. Chegou a participar de vários grupos, a exemplo do Quarteto de Trombones da Paraíba e da Banda Sinfônica José Siqueira da UFPB, fundados por ele. Também tocou no Brazilian Trombone Ensemble, com o qual gravou CDs e realizou turnês nos EUA e na Europa.

Enquanto isso, a campinense Christiane Alves estudou canto com Vianey Santos, Paulo Marcelo e Vladimir Silva. Foi solista em diversas peças importantes de Fauré, Pergolesi e Vivaldi. Atualmente, cursa o Bacharelado em Música na UFPB.

O terceiro solista da noite será o pianista José Henrique Martins, natural do Paraná. Ele é doutor em Música pela Boston University. Já atuou como recitalista em várias cidades do País e do exterior e gravou diversos CDs. Atualmente, é professor de piano nos cursos de graduação e pós-graduação da UFPB.

Izadora França, natural de João Pessoa, além de cantora é também violinista formada no Departamento de Música da UFPB e atua na OCCJP. Estudou canto com Fátima França, Elke Riedel, Barbara Zanichelli e já esteve à frente de várias orquestras como solista. Atualmente, cursa Licenciatura em Canto na UFPB.