MPB e danças folclóricas animam o domingo da Festa das Neves

Por - em 1438

As chuvas deste domingo (31) não tiraram o brilho do segundo dia da Festa das Neves, padroeira da cidade de João Pessoa, que completa 426 anos de fundação no dia 5 de agosto. As músicas de Tom Jobim, Vinícius de Morais, Dorival Caymmi, sambas, forrós e danças folclóricas deram o tom sonoro da noitada com o Quarteto em Cy, a talentosa Poliana Resende, os Cabloclinhos do Ceará-Mirim (RN), o grupo Congos de Pombal e Vó Mera e seus Netinhos.

O Quarteto em Cy subiu no palco principal às 23h30 cantando composições de Vinícius e também de Caymmi, como “Pela Luz dos Olhos Teus”, “Samba de Orly”, ”Maricotinha”, “Maracangalha”, “Vatapá”, “Saudade da Bahia”, “São Salvador”, “Milagre”, “História dos Pescadores”, além de uma pout pourri com “Você já foi à Bahia”, “Nem Eu”, “Só Louco” e “Nunca Mais”, “Samba da Benção”, “João e Maria”, entre outras.

Uma das integrantes do grupo agradeceu ao prefeito Luciano Agra e falou da alegria de estar em João Pessoa cantando no aniversário da cidade. O show “Vinicius e Caymmi em Cy” é a coroação dos 47 anos de carreira do Quarteto em Cy, completados no mês passado. Para esta comemoração de aniversário, as integrantes prepararam uma apresentação especial. O repertório escolhido homenageia dois dos maiores compositores brasileiros, que estiveram juntos com o grupo em 1965, por ocasião do memorável “Vinicius e Caymmi no Zum Zum com o Quarteto em Cy”.

A cantora e compositora Polyana Resende mostrou talento, graça e presença de palco no show que preparou para os pessoenses. Samba, forró, frevo, maxixe, coco e maracatu fizeram parte do repertório. Ela interpretou canções de sua autoria com parceria de Potyzinho (“Choro pra Jacob” e “Lembrando de Antigamente”) bem como canções dos paraibanos Jonatas Falcão (“Coco de Fadas”) e Bebé de Nathécio (“Forró Tem Que Ser Assim”), Gordurinha, Jackson do Pandeiro e Geraldo Azevedo, fazendo a plateia dançar.

Ela começou cantando em bares, boates e bandas bailes. Polyana já participou de concertos com a Orquestra Sinfônica da Paraíba, fazendo back vocal para as cantoras Alcione e Renata Arruda. Também fez apresentação como solista convidada da Banda 5 de Agosto, no projeto ‘Músicas do Mundo’, da Funjope. Ela se apresentou acompanhada por Vitor Ramalho (bateria), Lais Fontes (percussão), Carlos Moura (percussão), Poty Lucena (baixo elétrico), Renan Rezende (flautas) e Potyzinho (cavaquinho e direção musical).

Brincantes Brasileiros – A programação da segunda noite de festa começou com o ‘Brincantes Brasileiros na Paraíba’, a partir das 19h30, na tenda da cultura popular com a participação do grupo norteriograndense “Caboclinho de Ceará-Mirim”. A quinta geração apresentou coreografias cadenciadas por mais de uma hora de espetáculo. Segundo o Mestre Severino Roberto, os cablocinhos de Ceará-Mirim existem desde 1929 e esta é a quinta geração.

Ele elogiou a iniciativa da PMJP/Funjope de manter viva a cultura popular e reclamou da falta de apoio dos administradores (prefeitos) para grupos que são convidados a fazer apresentações fora do seu domicílio. “Esse tipo de cultura jamais deve acabar”, ressaltou Severino. Os caboclinhos do Ceará Mirim se destacam no folclore do Rio Grande do Norte e representam a única manifestação tradicional viva desse tipo de dança. Desde 1952 eles se apresentam para o povo. O município que dá nome ao grupo é onde existe o maior número de lendas do estado potiguar.

O “Congos de Pombal”, composto só por homens, tem 120 anos de existência. Ecoando cânticos religiosos em homenagem à Nossa Senhora do Rosário, o grupo tem origem afro-brasileira e foi fundado pelo escravo Manoel Cajueira, “de onde herdamos as riquezas trazidas da mama áfrica”,comentou o Mestre Miguel Pereira, ressaltando que já são 120 anos de resistência e amor à cultura com nossos irmão negros.

Como era esperado, Vó Mera e seus Netinhos foi quem mais interagiu com a plateia na tenda popular. Expoente carismática da cultura popular paraibana, ela fez com que todos dançassem ciranda. A dança tradicional das festas juninas é muito popular no Nordeste. Ela recebeu o troféu da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres pela participação da mulher na cultura popular.

Coco do Mestre Zé Zuca – A dança é uma marca da cultura nordestina, significando um verdadeiro momento de reunião comunitária. O Coco do Mestre Zé Zuca, em particular, é uma manifestação típica do município paraibano de Queimadas. Ela reflete uma expressão muito específica, na qual são verificadas influências decorrentes do fluxo demográfico dos antigos habitantes de Pernambuco para a comunidade do Sítio Sulapa.

Acredita-se que a brincadeira foi influenciada por outra manifestação – o cavalo marinho pernambucano. O coco brincado em Queimadas se diferencia daquele por ser uma dança de desafio, na qual a pessoa que entra no meio da roda provoca outra a lhe tomar o lugar. São comuns golpes como rasteiras para derrubar o desafiante. A festa leva o nome de samba de coco e pode ser organizada espontaneamente ou por ocasião de novenas católicas. É acompanhada, no segundo caso, por um terno de pífanos.

O grupo é composto, em sua maioria, por pessoas idosas. Dona Severina Maria da Silva, de 89 anos, disse que dança desde criança. “É uma alegria. Não deixo nunca de dançar”. A irmã dela, Iracema, de 87 anos, também demonstrou a mesma vitalidade que os demais componentes.