Grupos de cultura popular integram programação do réveillon de JP
Manifestações da cultura popular compõem a programação do Réveillon da Capital, a partir das 18h deste sábado (31), em duas tendas instaladas nas areias da Praia de Tambaú. Dezoito grupos populares vão se apresentar até às 22h. Em seguida, no palco instalado próximo ao Busto de Tamandaré, acontece o show do artista pernambucano Antônio Nóbrega. Nos primeiros segundos de 2011, haverá a tradicional queima de fogos. Logo em seguida, sobe a palco a cantora Rita Lee e, encerrando a noite, muito frevo com a Orquestra Sanhauá.
O Chefe da Divisão de Cultura Popular da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Pablo Honorato, ressaltou a importância da cultura popular nos festejos de fim de ano. “Entrar para 2012 em meio aos cantos e brincadeiras de negros, índios, pescadores, agricultores, enfim, trabalhadores, é iniciar um novo ciclo a partir do senso de pertencimento e da certeza de que a tão sonhada cultura de igualdade, paz e tolerância passam necessariamente pela noção de identidade e diversidade cultural. Dar vez à voz das comunidades é o nosso propósito, que certamente não termina aqui”.
Confira os grupos que compõem a programação cultural popular
Cambindas Brilhantes de Lucena – Formado por pescadores do município de Lucena. O grupo é formado apenas por homens, que, vestidos de mulheres, se agrupam em duas alas, uma azul e outra encarnada.
Coco de Roda e Ciranda de Caiana dos Crioulos – Caiana é uma comunidade quilombola localizada no município de Alagoa Grande, sendo nacionalmente reconhecida como um dos 34 legítimos quilombos paraibanos.
Penha Cirandeira (Santa Rita) – A artista representa a resistência feminina na cultura popular paraibana. Iniciou-se tocando ciranda na usina Santa Helena, junto a seu pai Zé Cirandeiro. Ela é natural de Alagoa Grande/PB, já tendo morado também na cidade de Sapé. Hoje reside em Várzea Nova, onde trabalha no roçado, de onde tira o sustento.
Cirandeiros do Vale do Gramame – Com suas zabumbas de corda, caixas e ganzás, os Cirandeiros do Vale do Gramame estão entre os principais responsáveis pela continuidade das tradições do litoral sul pessoense. Na região do Engenho Velho e proximidades, além do coco e cirandas tradicionais, é conhecida a existência de quadrilhas juninas locais.
Lapinha São Sebastião – É comandada pelo Mestre Adézio e por Giselda, que sempre se dedicaram ao movimento cultural da Rua do Rio, em João Pessoa. O grupo foi fundado em julho de 1991 por mães do bairro de Cruz das Armas.
Zezinho Batista e Carlos Batista (Mamanguape) – A dupla de emboladores de coco é formada por pai e filho. Nascido em Alagoa Grande, Zezinho Batista é um embolador de coco, hoje residente em Mamanguape. Começou a cantar aos 12 anos e, nesta apresentação, toca ao lado do seu filho Carlos.
Lapinha Jesus de Nazaré – O grupo é conduzido Mestre Maciel, herdado de sua mãe Maria José de Souza. Participam da brincadeira 17 componentes, entre crianças e adolescentes. Trata-se de uma manifestação popular tradicional, trazida para o Brasil pelos jesuítas, que consiste na disputa entre os cordões azul e vermelho.
Boi de Reis Estrela do Norte – Filho do Mestre João do Boi, o Mestre Pirralhinho fez parte do Cavalo Marinho do Mestre Gasosa, de Bayeux, fazendo o papel de Dama. Também já fez parte do Cavalo Marinho do Mestre João do Boi, no papel de Mateus. Hoje, geralmente a brincadeira acontece em apresentações públicas.
Ciranda do Sol – O grupo oriundo do Bairro dos Novais comandado pelo mestre Mané Baixinho traz em seu repertório cirandas e cocos de roda tradicionais, ao som de bombo, caixa e ganzá.
Coco de Roda Indígena da Aldeia Cumaru – O coco de roda é uma expressão cultural típica, transmitida pela oralidade em muitas aldeias indígenas paraibanas. Elemento de coesão comunitária nas aldeias potiguara, o coco, assim como o toré e as lapinhas, persistem fortes e têm agido como marcas da identidade étnica dos índios da Baía da Traição.
Curió de Bela Rosa e Zezinho da Borborema – A dupla se destaca pela poesia concatenada e inteligente. Segundo estudiosos, eles são uma das melhores duplas de embolada do Nordeste. Curió de Bela Rosa é um embolador natural do Sítio Bela Rosa, município de Pedras de Fogo. Já Zezinho da Borborema é da cidade de Guarabira.
Coco de Roda Novo Quilombo de Gurugi – O grupo é da localidade de Gurugi, no município do Conde. A dança é feita em roda e remete às tradições africanas, muito fortes na região onde reside a comunidade. Ocupada por afrodescendentes há mais de 150 anos, recentemente Gurugi e Ipiranga foram reconhecidas como comunidades remanescentes de quilombos e o coco de roda tem contribuído como um dos aspectos fundamentais para o fortalecimento da identidade cultural local e o senso comunitário.
Cavalo Marinho Infantil do Mestre João do Boi – Foi criado em 1967, no Bairro dos Novais, constando, inclusive, em registro do folclorista Câmara Cascudo. A brincadeira do cavalo marinho representa um auto da morte do boi, onde as crianças dançam ao som de banjo, triângulo, reco e pandeiro e se apresentam figuras como o Mateus, o Birico, a Catirina, a Margarida, a burra, o urubu, o bode e o boi. Gravaram recentemente o CD “Cavalo Marinho e Boi de Reis na Paraíba”.
Ciranda dos Tupinambás – Mandacaru é um dos bairros em que mais fervilham expressões culturais populares. É a comunidade do Alto do Céu a principal responsável pela existência do coco, e da Ciranda Tupinambás, numa remissão à tribo indígena carnavalesca.
Cavalo Marinho de Bayeux – Herança deixada pelo Mestre Gasosa, o grupo é conduzido por José Francisco Mendes, mais conhecido como Mestre Zequinha. O Cavalo Marinho de Bayeux gravou recentemente o CD “Cavalo Marinho e Boi de Reis na Paraíba”.
Afoxé Alabê Alujá – Dentre as danças brasileiras, as de origem negra são as mais numerosas, pois o elemento afro sempre é marcante no processo de construção histórica do povo brasileiro, dando volúpia especial à coreografia. Liderado pelo percussionista Escurinho Badauê, o grupo de afoxé Alabê Alujá: Capoeira-Percussão-Dança há cerca de cinco anos desenvolve atividades relacionadas à preservação da memória e cultura afrobrasileira entre crianças, adolescentes e jovens da Rua do Rio e de outras comunidades de João Pessoa.
Coco de Roda Quitéria Norberto de Monteiro – Reza a história que, em Monteiro, no ano de 1880, uma senhora de nome Bibiana, casada com Anísio, teve três filhos de nome Quitéria, Emiliano e Maria, todos tiradores de coco. Quitéria casou-se com um membro da família Norberto, dando o nome Quitéria Norberto ao coco de roda que acontecia em frente a sua casa, durante os festejos juninos.
Vó Mera e seus Netinhos – Um dos expoentes mais carismáticos da cultura popular paraibana, Vó Mera é moradora do bairro do Rangel. Conta ela que o primeiro coco de que participou aconteceu na cidade de Alagoinha, ao interior da Paraíba. Tradicional das festas juninas, era comum também a ocorrência da brincadeira durante a queima das peças de barro e madeira em fornos e carvoeiras. Vó Mera hoje se apresenta com os seus netos e possui um CD gravado de nome “Vó Mera e Seus Netinhos”. Recentemente, o seu nome foi atribuído ao anfiteatro localizado na praça de seu bairro.