Alice Ruiz ministra oficina de haikai, nesta sexta-feira

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Uma oficina de haikai da poeta e letrista curitibana Alice Ruiz será realizada nesta sexta-feira (17), a partir das 8h, no Centro Cultural São Francisco. A oficina integra o Fórum do Ensino das Artes e está inserido na programação do projeto ‘Agosto das Letras’. A Fundação de Cultura de João Pessoa (Funjope) abre o evento à participação gratuita do público.

Haikai é uma forma poética de origem japonesa, surgida por volta do século XVI, que valoriza a concisão. O haikai é a arte de dizer o máximo com o mínimo.

“Cada haikai capta um momento de experiência, um instante em que o simples subitamente revela a sua natureza interior e nos faz olhar de novo o observado, a natureza humana, a vida”, explica a visão didática. É uma poesia de três linhas e 17 sílabas normalmente distribuídas na forma 5, 7 e 5 sílabas respectivamente em cada linha.

É uma forma extremamente concisa de poesia que gira em torno de uma série bem definida de regras, mas nem sempre obedece sua forma original, podendo ser adaptada para diversas circunstâncias. Mais que inspiração, é preciso meditação, esforço e principalmente percepção para a composição de um verdadeiro haikai.

“fim de tarde
depois do trovão
o silêncio é maior.” (Alice Ruiz)

O grande mestre haikaista foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer do haikai uma prática espiritual, unindo a poesia com os princípios zen-budistas.

“Esta é uma oportunidade para, juntos, deixarmos aflorar nosso ‘estado poético’, exercitando novas formas de percepção. A parte teórica constará de uma introdução à filosofia Zen, como forma de preparar os participantes para que se coloquem em ‘estado poético’. Em seguida, será abordada a técnica e a forma dessa linguagem literária. Não é necessário nenhum conhecimento prévio de haikai ou poesia, basta o desejo de conhecer, garante Alice Ruiz.

Poesia nas veias – A curitibana Alice Ruiz começou a escrever contos com 9 anos de idade, e versos aos 16. Foi poeta de gaveta até os 26 anos, quando publicou, em revistas e jornais culturais, alguns poemas. Mas só lançou seu primeiro livro aos 34 anos.

Aos 22 anos casou com Paulo Leminski e pela primeira vez, mostrou a alguém o que escrevia. Surpreso, Leminski comentou que ela escrevia haikais, termo que até então Alice não conhecia. Mas encantou-se com a forma poética japonesa, passando então a estudar com profundidade o haikai e seus poetas, tendo traduzido quatro livros de autores e autoras japonesas, nos Anos 80.

Produção – Alice publicou, até agora, 15 livros, entre poesia, traduções e uma história infantil. Compõe letras desde os 26 anos – a primeira parceria foi uma brincadeira com Leminski, que se chamou Nóis Fumo e só foi gravada em 2004, por Mário Gallera. A poeta tem mais de 50 músicas gravadas por parceiros e intérpretes. Lançou, em 2005, seu primeiro CD, o Paralelas, em parceria com Alzira Espíndola, pela Duncan Discos, com as participações de Zélia Duncan e Arnaldo Antunes. Alice tem parcerias musicais com Itamar Assumpção, Arnaldo Antunes, Zeca Baleiro, Chico César, entre outros.

Antes da publicação de seu primeiro livro, Navalhanaliga, em dezembro de 1980, já havia escrito textos feministas, no início dos Anos 70 e editado algumas revistas, além de textos publicitários e roteiros de histórias em quadrinhos. Alguns de seus primeiros poemas foram publicados somente em 1984, quando lançou Pelos Pêlos, pela Brasiliense. Já ganhou vários prêmios, incluindo o Jabuti de Poesia, de 1989, pelo livro Vice Versos.