Apresentações de cultura popular movimentam Festa das Neves
Toda a expressividade da cultura popular nordestina, enriquecida de elementos da nossa terra, estará presente em apresentações diárias, de sábado (2) a terça (5), na Praça Dom Adauto, a “Praça do Bispo”. O Pavilhão dos Brincantes será o ponto de encontro de cordelistas, cirandeiros, coco de roda, repentistas, teatro de babaus e emboladores, a começar por uma exposição de tenda de cordéis às 17h.
Mestre Clóvis – A arte do babau do guarabirense Mestre Clóvis começa na confecção dos personagens, ofício que ele aprendeu aos 18 anos com os mestres Miranda, Salustiano e Bilino, e ensina gratuitamente a crianças dos locais por onde passa. As performances, no começo tímidas, eram feitas em sítios, praças e associações profissionais do Brejo paraibano. Com o tempo, tomaram corpo e reconhecimento e chegaram à Bahia, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Pelas contas do mestre, mais ou menos 200 bonecos já chegaram a compor o seu acervo, mas muitos foram doados ou foram vítimas do desgaste do tempo. Entalhados em mulungu, imburana, papel machê ou garrafas pet, tomaram vida e conquistaram “fama”, como o Nêgo Benedito, Florisbela, o Sanfoneiro João, a Dançarina Raimunda, o Capitão João Redondo, o Boi, a Cobra, a Caveira e o Diabo.
Junto com o irmão, Clébio, Clóvis monta o roteiro das apresentações, modificado, sobretudo, segundo ele, pela resposta da plateia. “Há uma história inicial, que acaba sendo desconstruída pelo que improvisamos de momento”, diz. Clóvis, que já foi serigrafista e camelô, e retira dos babaus o sustento para se manter. “Em mês bom, chego a fazer 20 shows”, conta.
Origem do babau – O teatro de bonecos chegou ao Brasil pelas mãos dos colonizadores em meados do século XVI, como instrumento de doutrinação religiosa. Consolidou-se no Nordeste, fixando-se especialmente em Pernambuco e sendo batizado na Paraíba como babau. Por meio desta arte, os manipuladores costumam transmitir ao público uma mensagem de teor enriquecedor ou bem-humorado.
José da Costa Leite – Natural de Sapé, o cordelista mora em Condado, Zona da Mata de Pernambuco. Dono de uma técnica apurada e de um estilo muito pessoal, é da sua autoria o painel de xilogravura “Cavalo Marinho”, pintado na lateral do auditório da Estação Cabo Branco.
Utilizando a sua quicé (faca velha), Costa Leite cria inúmeras xilogravuras que ilustram as capas dos seus folhetos. Plenamente produtivo aos 84 anos, o artista começou a escrever poesia popular aos 20. A sua arte, além de ter sido exposta em diversos estados brasileiros, é conhecida até na França.
Grupo Eita de Projeções Folclóricas – Há cinco anos, nascia o Grupo Eita de Projeções Folclóricas, de João Pessoa. Idealizado pelo casal Lourival Júnior e Karoline Carvalho, tem 35 parafolcloristas, sendo 30 dançarinos e cinco músicos.
“Para esta apresentação do domingo (3), preparamos um grande panorama de danças: o salão regional (com xote, xaxado, camaleão, balaio, galope e araruna) e um momento de devoção, com uma Ave-Maria”, cita Lourival. O grupo faz uma média de 24 shows por mês e, curiosamente, é longe da proximidade junina que tem a agenda mais lotada.
Ajamulher – O grupo performático Ajamulher, formado por poetisas e percussionistas, executa cantigas e cirandas populares, convidando o público a participar. A ideia é explorar as habilidades percussivas a partir da transposição das diversas linguagens artísticas.
Coco de roda e Ciranda do Mestre Benedito – Uma das atrações mais referendadas do universo popular, Dona Têca é herdeira do grande Mestre Benedito, fundador do grupo morto em 1999. Ela reúne irmãos, filhos, netos e bisnetos para uma grande ciranda guiada pelas canções que há décadas estão no repertório do folguedo familiar.
O grupo surgiu em 1950 e formalizou-se 28 anos depois, sempre mantendo vivo o espírito da brincadeira. “Ao nosso núcleo se juntava qualquer pessoa que estivesse assistindo e quisesse se divertir”, lembra Terezinha da Silva Carneiro, a Dona Têca. Fundamentalmente, nunca se desviou da sua formação familiar: os 10 filhos e dezenas de netos e bisnetos que formaram a base do Coco de Roda e Ciranda do Mestre Benedito continuaram com ela depois da morte do seu fundador, aos 84 anos.
Programação:
Cultura popular (Pavilhão dos Brincantes – Pça. Dom Adauto):
Tenda do Cordel (de 02/08 a 05/08, de 17h a 0h).
02/08 (sábado)
19h – Babau da PB de Mestre Clóvis
20h – Cordelista Janduí
20h – Repentistas BiuSalvino e Tindara
21h – Coco de Roda Caiana dos Criolos
22h – Ciranda de Vó Mera
23h – Banda de Pífano Pife Perfumado – Monteiro
03/08 (domingo)
19h – Ventríloquo Mestre Toba de Sapé
20h – Cordelista José da Costa Leite
20h – Lapinha Jesus de Nazaré
21h – Repentistas Luzia dos Anjos e Santinha Maurício
22h – Grupo Eita de Projeções Folclóricas
23h – Coco de roda e Ciranda do Mestre Benedito (Cabedelo) – Mestre Dona Têca
04/08 (segunda-feira)
19h – Emboladores Frank e Nazar
20h – Reizado de Zabelê
20h – Cordelista José Pedro de Lima (Conde)
21h – Chico do Canolino
22h – Nau Catarineta de Cabedelo – Mestre Tadeu
23h – Tambores do Forte
05/08 (terça-feira)
19h – Mestre Brawn
20h – Cordelista Vicente Campos Filho
20h – Cavalo Marinho Semente João do Boi
21h – Grupo Jacoca (Conde)
22h – Grupo Ajamulher
23h – Grupo Amantes da Rabeca (Sapé)