Artistas cubanos emocionam público na noite de Réveillon na Capital
A cidade de João Pessoa, com toda a sua rica história, por um momento, pôde ser Havana durante o Réveillon organizado pela Prefeitura da capital, que aconteceu na divisa entre as praias de Cabo Branco e Tambaú. A alusão não é exagerada, podendo ser confirmada por milhares de pessoas que acompanharam a apresentação de Barbarito Torres e as Estrelas do Buena Vista Social Club.
Sob a influência de ritmos puramente cubanos, como o ‘Fúsion’, ‘Sonero’ e a ‘Guajira’, tendo ainda o bom e velho bolero, os 14 músicos da banda contagiaram o público pela excelente qualidade do show, a alegria, simpatia e presença de palco. Houve, também, uma interação entre os músicos e o público presente, capaz de levar a diva caribenha Tereza Garcia Caturla, a Tete, para os braços dos fãs que estavam no evento. Com uma bandeira de Cuba nas mãos, a cantora, de 72 anos, esbanjou talento e vitalidade, descendo do palco para o delírio do público presente. Feliz, ela falou que o povo de João Pessoa tinha a mesma alegria das pessoas da sua terra natal, sendo ovacionada por todos.
Além de Tete, outro que cantou a encantou a multidão foi Barbarito Torres, conhecido como O Rei do Alaúde. Feliz por ter recebido o convite de fazer parte da festa de Réveillon de João Pessoa, ele foi enfático ao dizer que as pessoas, humildes ou não, têm o direito de assistir a um concerto aberto e de qualidade, mostrando uma preocupação de divulgar a cultura sobre todas as formas. Estou muito feliz por estar aqui. João Pessoa é bela, e o povo desta terra tem a mesma energia e capacidade de superação que o povo cubano também tem, disse um emocionado Barbarito, para sem seguida estar no palco, em um concerto gratuito para a população. Infelizmente nem todos têm recursos para ir a um show, pois eles são caros. É o que está ocorrendo hoje? A democracia é cultura, disse o Rei do Alaúde, sendo sua opinião compartilhada pelo baixista Fabian García.
Além dessa explícita paixão por João Pessoa, Barbarito e as Estrelas do Buena Vista Social Club conseguiram envolver com suas músicas contagiantes crianças, adolescente, adultos e pessoas da terceira idade, como o casal Mário Soares e Terezinha Soares. Aposentados e residentes na capital paulista, eles decidiram passar os festejos de final de ano em João Pessoa, pela beleza da cidade e a tranqüilidade. Animados, eles garantiram vir no próximo ano para o que eles consideram um Paraíso. É maravilhoso estar hoje, aqui, especialmente por sermos fãs de Barbarito e demais integrantes do Buena Vista, como a Tete, uma verdadeira diva da música cubana, comentou Terezinha Soares.
Dodô e Osmar – Já o casal de namorados Geison Dantas e Sandra Albuquerque, que estavam acompanhados pela família em uma das tendas armadas atrás do palco principal, a programação do Réveillon de João Pessoa foi especial. Primeiro pelo prazer de ouvir, ver e dançar as músicas do Buena Vista. Depois, ter a alegria de Armandinho e o pessoal do Trio de Dodô e Osmar. Como se não bastasse uma bela lua e uma queima de fogos de tirar o fôlego pela sua beleza.
Declarações enamoradas a parte, o fato é que o casal não exagerou nos comentários, a começar pela queima de fogos que, junto com os músicos do Buena Vista e sob uma contagem regressiva entusiasmada, ao romper o ano o público contemplou um belo espetáculo pirotécnico. Em seguida, foi a vez dos artistas cubanos cederem o palco para a representação do verdadeiro carnaval da Bahia, sob a batuta de Armandinho com o Trio Elétrico de Dodô e Osmar.
Com a experiência de 35 anos de um puro carnaval circulando pelas veias, a multidão foi ao delírio com sucessos como Pombo Correio, Frevo do Trio Elétrico, Viva Dodô e Osmar e Chame Gente. Sob os acordes da guitarra baiana, acompanhada de muita pimenta e caruru, o público arriscou e riscou as arreias de Cabo Branco e Tambaú ao som de um legítimo frevo. Antes de Barbarito e o pessoal da Buena Vista, veio ao palco, às 20h, os músicos da banda Pura raiz que, com o chamado sambão, mexeu com aqueles que já estavam presentes no local do show. Para fechar com chave de ouro e um bom charuto cubano, a Orquestra Sanhauá deu as boas vindas aos primeiros raios de sol de 2010, tudo num clima de paz e confraternização.
Para o prefeito Ricardo Coutinho, o Réveillon organizado pela gestão municipal é a prova inconteste que, de forma séria, é possível governar uma cidade de forma democrática, estando inserida no projeto a cultura. Não se trata de pão e circo, mas de arte e beleza, comentou.