Atração do Réveillon, Elba Ramalho comemora 33 anos de carreira cantando sucessos
Dina Melo
Uma das cantoras paraibanas mais conhecidas do Brasil será a atração principal do Réveillon 2016, organizado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), no Busto de Tamandaré, no Cabo Branco. Elba Ramalho volta aos palcos de seu Estado natal para cantar, logo após a queima de fogos, já na sexta (1º de janeiro), com a energia e explosão que são a sua marca.
Neste show, o público pode esperar sucessos como “Banho de Cheiro” (Carlos Fernando), “Frevo Mulher” (Zé Ramalho), “De Volta Pro Aconchego” (Dominguinhos/Nando Cordel), “Gostoso Demais” (Dominguinhos/Nando Cordel), “Sabiá” (Luiz Gonzaga), “Numa Sala de Reboco” (Luiz Gonzaga/José Marcolino), “Xote das Meninas” (Zé Dantas/Luiz Gonzaga/Irmãos Vitale) e músicas do último CD, o 32°, “Do Meu Olhar Pra Fora” (produzido pelo primogênito, Luã Mattar, e pelo pernambucano Yuri Queiroga), como o reggae “Árvore” (Edson Gomes) e “Patchuli” (Chico César).
História – Dona de 33 anos de carreira, a artista, que começou atriz em diversos espetáculos encenados desde a adolescência, descobriu a voz em musicais de repercussão no Sudeste, como “Viva o Cordão Encarnado”, de Luiz Mendonça, que lhe rendeu um prêmio de revelação pela Associação de Críticos de São Paulo, em 1975, e “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, em 1977.
Primos da família Ramalho e separados por apenas três anos, Elba e Pinto do Acordeon também eram vizinhos em Conceição do Piancó. Foi lá que ambos ensaiavam os primeiros passos na música – ele como sanfoneiro, ela baterista – na banda Asas do Ritmo. “Nos primeiros anos escolares, ela já despertava como atriz nas pecinhas improvisadas. A veia artística puxou ao pai, o clarinetista João Nunes”, lembra Pinto. Dele, muitos anos depois, ela gravou “Neném Mulher” e “Sambaiãozar”.
De musicais a infantis e comédias, Elba estoura como cantora em 1978, ao gravar “O Meu Amor”, faixa da “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, ao lado de Marieta Severo. É a sua estreia ao microfone e passaporte para festivais de música transmitidos pelas tevês, que eleva a sua fama a ponto de ser disputada pelos maiores eventos do País. Em 1979, Elba lança o seu primeiro disco, “Ave de Prata”, com direção do amigo Geraldo Azevedo – seguindo nesta pisada de praticamente lançar um álbum por ano daí em diante.
Em 30 de abril de 1981, Elba participou do show “1º de Maio”, no Riocentro (RJ), famoso por um atentado à bomba planejado pelos militares. A carreira internacional decolou em festivais como o Montreux Jazz e Horizonte 82, em Berlim, ao lado de Moraes Moreira, Toquinho, Clara Nunes, Hermeto Pascoal e Sivuca. O quinto LP, “Coração Brasileiro” (1983), arrastou recordes de público durante a sua turnê e firmou a artista no primeiro escalão da MPB.
Cuba, França, EUA, Alemanha, Inglaterra, Japão e China também conheceram o seu talento, assim como o Rock in Rio de 1985 e 1991. Ganhou centro de exposições em sua homenagem em Caruaru (PE) e estrelou mais especiais de TV até faturar o Grammy Latino de melhor disco por “Qual o assunto que mais lhe interessa?”, em 2005.
“Bate Coração”, “Amor com Café”, “Forró do Xenhenhém”, “Forró do Poeirão”, “Xodó Beleza” e “Forró Temperado” (gravado até em hebraico) estão entre os sucessos de Antonio Barros & Cecéu que ganharam a sua interpretação. “’Bate Coração’, que primeiro foi cantada por Marinês, ganhou projeção nacional quando gravado por Elba. Ela soube dar relevância e brilho aos sucessos regionais e globalizou o sertão”, elogia Cecéu, que revela ter conhecido a artista em 1978, em um dos bailes juninos de clube de Campina Grande.
“Elba é uma pimenta, uma grande artista. Passa o tempo e é o mesmo pique, incrível!”, diz Pinto. “Ela representa a expressão da cultura nordestina, a raiz quando se torna flor. É o gueto, ‘Vale do Piancó’ encantando o mundo, a ‘cantriz’ brasileira, que a cada trabalho e momento, seguia o caminho inverso, se atualizava e bebia jovialidade. Amo, e esta representa a música do meu povo e minha cultura”, exalta o poeta popular Bebé de Natércio.