Campanha contra o machismo alcança mais de 900 mil visualizações

Por Dani Rabelo - em 2707

Isso Não é Normal - Cuidar da Casa SozinhaDani Rabelo

Pesquisa divulgada em dezembro de 2014 (Instituto Avon/Data Folha) revela que dos 2.046 jovens entrevistados (entre 16 e 24 anos), 96% afirmaram que vivem em uma sociedade machista, e colocaram opiniões que comprovam isso. Em janeiro de 2015, voltou a circular nas Redes Sociais a campanha “Isso Não é Normal” #JPsemMachismo, uma idealização da Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPPM), desenvolvida pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), da Prefeitura de João Pessoa (PMJP).

Em março, mês que é comemorado o Dia Internacional da Mulher (8 de Março), as postagens da campanha, que visa chamar a atenção de homens e mulheres sobre algumas atitudes consideradas normais, e que na verdade são machistas, alcançou grande quantidade de visualizações, curtidas e compartilhamentos, além de promover um debate entre os usuários da internet.

A campanha, que usa a #JPsemMachismo, já publicou nove temas: “Assédio Moral”, “Beijo Forçado”, “Cantada de Rua”, “Cuidar da Casa Sozinha”, “Estupro Conjugal”, “Julgar pela Roupa”, “Passar a Mão”, “Pornografia de Vingança” e “Só Sair com Ele”. Na soma de todos os posts, mais de 900 mil visualizações foram alcançadas. Somente na postagem que focou o “Estupro Conjugal”, o alcance foi de mais de 329.500 pessoas, e entre comentários, compartilhamentos e curtidas, mais de 18 mil.Isso Não é Normal - Beijo Forçado

Para a jornalista Mayara Chaves, que visualizou, compartilhou e curtiu os posts da campanha, essa iniciativa, que aborda temáticas diversas, tem sido muito importante para a conscientização das pessoas. “Uma das ações que me chamou a atenção foi sobre a cantada (Cantada de Rua), e entre os comentários, mulheres relataram o constrangimento e, por vezes, o medo pelo qual passavam. Também destaco a postagem intitulada “Cuidar da Casa Sozinha”, que é um pensamento que ainda temos na sociedade, e que indica que a mulher tem que cuidar sozinha da casa. Isso não é normal, e não deve ser ignorado, pois as mulheres têm ocupações iguais aos homens. Nada mais justo que as tarefas de casa sejam divididas igualmente”.

Na opinião da secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Giucélia Figueiredo, a ação está cumprindo o seu papel: “Estamos vendo as pessoas debatendo sobre atitudes ditas normais, mas que são machistas e em alguns casos violentas. O debate está saindo do mundo virtual e indo para o mundo real, e eu já tive a oportunidade de ver pessoas questionando as postagens ‘Beijo Forçado’ e ‘Passar a Mão’”. Giucélia ainda acrescentou que é possível ver opiniões favoráveis ao machismo, mas o convencimento vem através do debate e do diálogo.

“Essa campanha é uma coisa que eu queria ver em mais veículos, é uma iniciativa louvável e muito significativa”, foi assim que o psicólogo Sérgio Hildo começou a falar sobre a campanha “Isso Não é Normal”. Para ele, é uma pena que em pleno ano de 2015, tanto tempo depois do início do manifesto feminista, ainda é possível presenciar peças publicitárias que alertem sobre essas questões.

Isso Não é Normal - Assédio Moral“Torço demais que essa campanha seja compreendida por todos, não só pelo público alvo, que eu acho que são os homens, mas pelas mulheres também. Que elas se empoderem, que batam o pé, que mostrem o valor que tem, e que não deixem de demonstrar nunca a indignação com esse tipo de atitude”, completou.

A administradora de empresas Nathalia Andrade acredita que a ação “expõe o pensamento de inúmeras pessoas, que vezes não é exposto”: “Quem mais tem acesso à ela, os jovens, pode ter sua opinião influenciada e quem sabe, nos lares do futuro, a perspectiva da igualdade seja promissora”, disse.

No Twitter da Prefeitura Municipal de João Pessoa, entre os meses de fevereiro e abril de 2015, 142 mil pessoas tiveram acesso ao material da campanha, uma média de 2,2 mil pessoas por dia. “A nossa intenção é que a ação permaneça ativa durante todo o ano de 2015, promovendo o debate e conscientizando as pessoas, e esse também é o papel da gestão do prefeito Luciano Cartaxo. Queremos contribuir na mudança de vida das pessoas, e isso passa também pelos conceitos e opiniões”, finalizou Giucélia Figueiredo.