Cátia de França encerra Novembro Negro com show na praia

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encerramento_novembro negro_Dayse Euzébio (19)Com 45 anos de carreira, a cantora Cátia de França empolgou o público do Busto de Tamandaré num show revisional, que marcou o encerramento da programação musical do Novembro Negro, uma campanha promovida pela Coordenadoria Municipal de Promoção à Cidadania LGBT e Igualdade Racial e pela Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para Mulheres (SEPPM). A abertura foi feita pelo cantor pernambucano de reggae Didi Machado.

Sintonizada com o público, carismática e irreverente, Cátia demonstra que, aos 67, ainda sabe bem como dominar um palco. Diana Miranda fez um dueto de abertura cantando “Coito das Araras”, que ela também gravou.

Cátia apresentou músicas de seu novo CD, “No bagaço da cana – Um Brasil adormecido”, como “Rio Sanhauá”, “Itabaiana” e “Focinho de lebre”, mas também revisitou sucessos obrigatórios, como “Kukukaya”, “Ponta dos Seixas”, “Antoninha”, “Avatar” e “Estilhaços”.

No final, tocou e cantou ao lado de 20 crianças do Projeto Tamborete, que atende meninos da comunidade Padre Ibiapina, no Bairro das Indústrias, e de Mandacaru com aulas de percussão. O projeto é coordenado pelo percussionista Ely Porto, seu “neto” musical: “Ela é um exemplo de batalha e perseverança dentro do cenário musical”, reconhece. “É a própria riqueza de ritmos, carregando toda a energia dos afros, do coco e do maracatu”.

Negra, nordestina, candomblé e gay assumida, Cátia parece encarnar todas as minorias numa só pessoa, coisa que ela prefere desviar de si para as letras que compõe: “Acredito que toda reforma do pensamento pela aceitação passa pela educação. Hoje vejo aluninhos tendo aula com professores gays com uma postura muito mais respeitosa do que no meu tempo”, compara. A artista é tema do Ano Cultural e tem a sua obra estudada em toda a rede escolar de João Pessoa.

Cátia de França – Nascida Catarina Maria de França Carneiro, desde menina Cátia aprendeu a dominar encerramento_novembro negro_Dayse Euzébio (13)instrumentos como o piano, a sanfona e o violão. Mais tarde se interessou pelos acordes da flauta e pela percussão. Cátia foi professora de música até começar a compor em parceria com o poeta Diógenes Brayner.

Participou de festivais de música popular na década de 60, época em que viajou à Europa. De volta ao Brasil, foi para o Rio de Janeiro, onde conheceu Zé Ramalho, Elba Ramalho, Amelinha e Sivuca. O primeiro LP-solo, “20 palavras ao redor do Sol”, foi lançado em 1979, com músicas compostas com base em poemas de João Cabral de Melo Neto.

Sua música tem como fonte a literatura, fazendo referências à obra de Guimarães Rosa, José Lins do Rêgo, Manoel de Barros, além de João Cabral. Foi parceira de palco de Jackson do Pandeiro em 1980.

Cátia gravou mais dois LPs, “Estilhaços” e “Feliz demais”, e dois CDs, “Avatar” (com participações de Chico César e Xangai) e “Cátia de França canta Pedro Osmar”.

Ela também adentrou o mundo da literatura e das artes plásticas, com destaque para os livros “Zumbi em cordel”, “Falando de natureza naturalmente” (infantil) e “Manual da sobrevivência”, um resgate de sua trajetória pessoal e profissional.