Centro de Referência da Mulher já atendeu mais de duas mil pessoas
“Posso dizer que o Centro salvou minha vida”. Com essa frase, a professora Cláudia, de 38 anos, resume o trabalho realizado pelo Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra nos últimos seis anos de apoio e acompanhamento em sua história de vida, história de enfrentamento, de luta e superação para sair do ciclo da violência doméstica. Ela, junto com outras várias mulheres que passaram pela mesma experiência, fizeram questão de participar das comemorações pelos seis anos de trabalho do serviço, criado oficialmente em 14 de setembro de 2007, pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, e com mais de dois mil atendimentos realizados em todo esse período.
Com o tema “Recomeçar é um passo para a liberdade”, as comemorações reuniram usuárias e familiares, representantes de movimento de mulheres e da rede de atendimento a mulheres vítimas de violência. “Esse é um momento em que comemoramos seis anos de trabalho de um centro de atendimento às mulheres que leva o nome de uma outra mulher, Ednalva Bezerra, que nos faz lembrar de toda a luta por uma política de direitos para as mulheres, de uma luta pela visibilidade da questão da vida das mulheres, e entre elas, de uma luta pelo enfrentamento à violência doméstica”, destacou a Socorro Borges, secretária municipal de Políticas Públicas para as Mulheres.
“No Centro, aprendi a ser mais segura, mais tranqüila, a voltar a estudar e encontrei o que não tinha em casa: afeto”, conta também Maria das Neves, auxiliar de serviço de 49 anos de idade, que após vivenciar anos de uma rotina com um companheiro usuário de drogas, decidiu mudar de vida, cursa atualmente Ciências da Religião, construiu uma casa própria e está vivendo o que ela chama de vida sem conflito. “O que existia na minha casa era conflito e hoje isso não existe mais”, completa.
Assim como Cláudia e Maria das Neves, duas das primeiras usuárias a buscarem apoio na unidade, muitas mulheres que passaram pelo ciclo da violência doméstica fazem questão de continuar a ter o apoio e acompanhamento da equipe do Centro Ednalva Bezerra. Do número total de atendimentos disponibilizados nos últimos seis anos, 1.853 foram de atendimentos presenciais, outros 500 foram realizados pelo telefone com informações de procedimentos e de serviços disponibilizados na rede de atendimento a mulheres em situação de violência. No período de janeiro a agosto deste ano, foram 256 novos casos atendidos e outros 747 foram de atendimentos sistemáticos realizados com mulheres acompanhadas pelo Centro.
“São anos de muitas escutas, choros, alegrias, expectativas e vitórias. Podemos dizer que este lugar salvou vidas de muitas mulheres no enfrentamento à violência doméstica e também na prevenção a este tipo de violência. A maioria de mulheres que passou pelo serviço decidiu ter uma nova vida, não permitindo nenhum tipo mais de violência”, afirma Liliane de Oliveira, coordenadora da unidade.
O acolhimento e apoio às mulheres conta com o trabalho de uma equipe multidisciplinar, formada por 27 pessoas, que inclui psicólogas, advogadas, assistentes sociais e arte-educadoras. Dados do Centro da Mulher 8 de Março revelam que de janeiro a agosto deste ano, 28 mulheres foram assassinadas na Capital em decorrência da violência doméstica.
As comemorações pelo aniversário de seis anos do Centro Ednalva Bezerra contou com uma performance realizada pela atriz Maria Bethânia e servidoras da Secretaria das Mulheres. Também estiveram presentes ao evento o secretário executivo do Orçamento Participativo, Hildevânio Macedo; deputada Estadual Iraê Lucena; promotora de Justiça, Rosane Araújo; pastor Miguel Arcanjo e Meire Arcanjo; Tânea Lucena, coordenadora da Saúde da Mulher da Secretaria de Saúde do Município; Valdênia Paulino, Ouvidora da Polícia; Luciana Cândido, do Cunhã, AMB e Rede de Mulheres; Irene Marinheiro, do Centro da Mulher 8 de Março; e Renata Matias, delegada Adjunta da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher.