Centro de Referência da Mulher já atendeu mais de três mil vítimas de violência
Há dois anos a microempresária do ramo de hotelaria, Betina, de 52 anos, frequenta o Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra (CRMEB), espaço mantido pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por intermédio da Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para Mulheres (SEPPM), para atender mulheres vítimas de violência. Ela é uma das mais de três mil mulheres que já passaram pelo CRMEB, que completa nesta sexta-feira (12) sete anos de atuação.
Betina era vítima de violência doméstica e conta que nunca sofreu agressões físicas, mas muita violência psicológica. “Humilhações que machucavam mais do que a violência física”, conta. Depois que procurou o Centro, ela chegou a se separar do marido, mas voltou algum tempo depois, já que ele estava disposto a mudar o comportamento. “Ele mudou porque eu também mudei e passei a não aceitar mais esse tipo de comportamento”, explica.
Hoje ela ainda é usuária do Centro, onde faz aula de yoga e massagem. E aconselha outras mulheres: “É preciso muita coragem, dar o primeiro passo e procurar ajuda é muito difícil. Aqui você conhece outras mulheres que passam pelas mesmas situações que você está passando. E vê que não é nada de outro mundo”, diz.
Socorro Borges, secretária da SEPPM explica que o CRMEB é um espaço fundamental para a mulher compreender a violência que ela está vivendo e buscar com o apoio do Centro sair do ciclo de violência. “Não se pode hoje pensar a rede de atendimento à mulher sem o Centro de Referência. O espaço onde a mulher é acolhida, ouvida, respeitada, sem julgamentos, onde ela pode se fortalecer”.
A Coordenadora do Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra (CRMEB), Liliane Oliveira, comenta que à medida que as mulheres buscam apoio e ajuda, elas também procuram uma alternativa de mudança na vida delas e é o que o CRM procura fazer: mudar a vida dessas mulheres. “Elas querem sair desse ciclo de violência para uma vida de mais liberdade. A violência é uma epidemia no mundo e muitas tragédias ocorrem em função delas. Então, elas precisam realmente de uma rede de proteção, que está de porta aberta para recebê-las e fazer o encaminhamento necessário”, afirma.
Comemoração – Para celebrar a data, o CRMEB realizou durante todo o dia uma programação especial que começou às 8h desta sexta-feira (12) e contou com aulas de yoga, oficinas, performance e exposição de artesanato com produtos confeccionadas pelas usuárias do Centro de Referência. As atividades foram concentradas na sede do Centro, localizado na Rua Afonso Campos, 111, Centro.
Além disso, o CRMEB realiza uma programação que se estende até o final do mês, com palestras e rodas de diálogos sobre violência doméstica, serviços oferecidos pela rede de atendimento à mulher na Capital e sobre a Lei Maria da Penha, que completou oito anos no mês de agosto.
Circuito de palestras – A partir do dia 13, no auditório da Universidade Federal da Paraíba, o CRMEB retoma as palestras e rodas de diálogos nas comunidades. O diálogo sobre violência doméstica será feito com uma turma do Projovem das 10h às 12h30. No dia 18, a equipe dialoga sobre os desafios e avanços da Lei Maria da Penha na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município, às 14h.
Além dos técnicos do CRMEB e da SEPPM, várias instituições participarão da discussão, como o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Juizado Especializado, Promotoria, Defensoria, Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, movimentos feministas e de mulheres.
Para falar sobre os serviços oferecidos pelo Centro de Referência, a equipe vai promover palestras e rodas de diálogos nos dias 23 e 25 de setembro. A primeira ocorrerá na sede da Secretaria de Desenvolvimento Social, às 14h. No dia 25, duas equipes atenderão o Distrito Sanitário IV e o Instituto Cândida Vargas, ambos às 14h. O circuito promovido pelos técnicos da SEPPM nas comunidades e órgãos da Prefeitura iniciou no último dia 4, em Mandacaru, Distrito Sanitário III e Funcionários II.