Choro de Roberto do Valle e samba de Helton Souza animam o Sabadinho Bom
Dina Melo
Novembro avança e o projeto Sabadinho Bom segue o seu feliz casamento entre choro e samba em duos de apresentações invadindo as tardes. Neste dia 14, o público assistirá aos shows do bandolinista Roberto do Valle e do sambista Helton Souza, a partir das 11h30, na Praça Rio Branco, Centro Histórico.O projeto é uma promoção da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da sua Fundação Cultural (Funjope).
Natural do Recife, do Valle fará uma reverência à contribuição musical de vários chorões. De Jacob do Bandolim, tocará “O Voo da Mosca” e “Alvorada”; de Luiz Gonzaga,“Araponga”, além de “Chorando pra Pixinguinha”(Vinicius de Moraes), “Espinha de Bacalhau” (Severino Araújo), “Sons de Carrilhões” (Dilermando Reis), “Desvairada”(Garoto) e “Caminhando”(Nelson Cavaquinho). A cantora Luciana, o seu marido, o cavaquinista Ítalo Ricardo, e o violonista Israel 7 cordas farão participações especiais.
Profundo estudioso do gênero e dono de 36 anos de carreira, do Valle toca piano, violino, violoncelo, violão clássico e bandolim. Participou de numerosos festivais, concertos e oficinas pelo Brasil e chegou a acompanhar os ídolos Sivuca, Canhoto da Paraíba e o Maestro Spok em apresentações. Gravou oito álbuns com participações e agora se prepara para gravar o primeiro álbum-solo, com standards do jazz.
Helton Souza – Em 13 anos de estrada, Helton Souza ainda colhe os frutos da boa fase em que lançou o CD de sambas-canções e partido-alto “Na Paraíba Também Tem Samba”, em parceria com Kojak do Banjo, Xande Poeta, Júnior Sorriso e Maurinho Procópio.
Do repertório do álbum, ele vai tocar no show deste sábado, chamado “Meu Samba É do Povo”, “Devoto de São Jorge”, “A Força de um Sorriso”, “Salve o Samba” e “Meu Samba É”.
Souza também vai passear pelos intérpretes e compositores nacionais consagrados do gênero, a exemplo de João Nogueira, Toninho Geraes, Beth Carvalho, Nelson Cavaquinho e Cartola. O artista fará voz e cavaquinho ao lado de uma participação muito especial: o filho, Ryann, de 5 anos.Outros com quem pai e filho dividirão palco são Jefferson Sete Cordas (violão), Sandro Leite (pandeiro), Marcelo Targino (surdo) e Jean Carioca (percussão).
Primórdios do Sabadinho –Há sete anos, nascia o projeto Sabadinho Bom, que atendia pelo nome de Sobremesa e compunha a programação do antigo Circuito Cultural das Praças, da Funjope. O local escolhido, a Praça Rio Branco, agregava desde o início a intenção de valorizar o acervo patrimonial centenário com os melhores defensores locais do chorinho e samba.
O choro – Surgido por volta de 1870, no Rio de Janeiro, o choro inicialmente não se caracterizava como estilo musical. Mas, devido à forma abrasileirada com que músicos da época tocavam ritmos estrangeiros, como a polca, o tango e a valsa, logo caiu no gosto popular. Os músicos utilizavam, entre outros instrumentos, violão, flauta, cavaquinho, bandolim e clarinete, que davam à música um baspecto melancólico e choroso. O termo “chorinho” batizava o estilo influenciado por ritmos africanos, como o batuque e o lundu.
A partir de 1880, o choro populariza-se nos salões de dança e nas festas da periferia carioca. Um dos primeiros chorões – nome dado aos integrantes dos conjuntos – foi o flautista Joaquim Antônio da Silva Callado. Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga criaram as primeiras composições, imprimindo ao gênero características próprias.
O choro também está presente na música erudita. Um exemplo é a série “Choros”, do maestro Heitor Villa-Lobos. A partir de 1950,o gênero perdeu um pouco da sua popularidade, apesar deainda semanter presente na produção da MPB.