Cinturão Verde alia desenvolvimento ao cuidado com o meio ambiente

Desenvolvimento produtivo sustentável na zona rural de João Pessoa. É isto que o programa Cinturão Verde da Secretaria do Trabalho, Produção e Renda realiza apoiando mais de 150 famílias da agricultura familiar, com orientação técnica no cultivo de alimentos agroecológicos, crédito para investimento nas lavouras e escoamento da produção em feiras agroecológicas. Mas há casos de empreendedores que resolvem inovar, investindo no turismo rural.

“Nós tínhamos um box de produtos naturais, onde também vendíamos nosso leite e coco, mas com pouca produção após a morte da nossa melhor vaca, o negócio não deu certo. Daí, tivemos a ideia de montar um acampamento para receber turistas, grupos escolares e de igrejas”, contou Airla Gonçalves. Ela e o marido, Silvio Cesar, são donos do Acampamento Coqueiral, na região de Mumbaba, próximo ao Bairro das Indústrias.

De acordo com a empreendedora, o negócio começou aos poucos, há quatro anos, mas no ano passado recebeu o apoio da linha Cinturão Verde, do Banco Cidadão. “Com os recursos, nós construímos o refeitório. Estamos estruturando o acampamento aos poucos. Buscamos crédito nos bancos, mas não conseguimos financiamento porque não acreditaram no nosso sonho, na nossa proposta. Mas o Cinturão Verde está nos apoiando, e isto é muito importante para nós”, disse Silvio Cesar.

Mas o apoio não foi só no crédito. “A equipe do programa nos incentivou a criar uma página no Facebook, a fazer panfletos e a melhorar a sinalização do local”, explicou Airla Gonçalves. As ações estão surtindo efeito, já que há datas agendadas para até 2016. “Estamos fechando o São João deste ano, mas o Carnaval do ano que vem já está fechado com o mesmo grupo que veio este ano. A diferença é que agora eles também poderão aproveitar as piscinas que construímos há pouco”, disse ela entusiasmada.

Para o secretário do Trabalho, Produção e Renda, Diego Tavares, casos como os de Airla e Silvio, mostram a força do empreendedorismo por oportunidade. “O importante é ter um sonho e acreditar nele. Nosso trabalho, enquanto agente público, é comprar estas ideias e investir nelas. Este é o papel do Banco Cidadão”, ressaltou ele.

O acampamento tem uma área de dois hectares, sendo 20% de preservação, com capacidade para receber até 400 pessoas. A estrutura conta com campo de futebol, campo de vôlei e casa na árvore. Uma das atrações principais dos visitantes é o banho em um dos afluentes do rio Mumbaba, que nasce próximo à propriedade. Mas para chegar lá, o caminho não é fácil. A trilha exige disposição dos visitantes.

Segundo Silvio Cesar, que cuida de toda a manutenção do lugar com a esposa, os planos para o futuro incluem uma mini horta agroecológica, uma cantina para vender lanches, um salão de jogos e uma sala de orações.

De acordo com a diretora de Apoio à Agricultura Familiar, Rosiane Cruz, a secretaria do Trabalho promove o desenvolvimento sustentável, fazendo com que o empreendedor consiga crescer utilizando e protegendo o seu meio ambiente. “Eles conseguiram montar seu acampamento protegendo toda a vegetação existente. O fato de estarem incluídos na zona rural, que forma um cinturão verde ao redor de João Pessoa, faz toda a diferença no negócio deles”, destacou ela.

Dedicação à terra – Uma vida dedicada à produção de alimentos. Esta é a história de Sérgio Lima, que começou a desenvolver a agricultura familiar há 15 anos. Com o Cinturão Verde, além do crédito para investir na compra de sementes e na irrigação da plantação, ele também têm acesso à orientações na produção agroecológica.

“Nós estamos sempre em contato com os produtores, sugerindo o uso de novos defensivos naturais. Observamos a plantação e fazemos os testes. Aqui no litoral temos um clima muito favorável à agricultura e, com prevenção, a lavoura não morre”, explicou Rosiane Cruz. Um exemplo de defensivo é a folha da árvore nim. O agricultor pode triturar a folha, misturar com água e borrifar na plantação, protegendo-a de insetos.

A esposa de Sérgio Lima, Vera Lúcia da Silva, é quem mais aprende as técnicas, pois está nesta realidade há apenas quatro anos. “Já aprendi muita coisa. Aqui plantamos inhame, macaxeira e milho, além de frutas e hortaliças. As raízes levam meses até serem colhidas, então, nesse meio tempo, sobrevivemos das outras culturas. Estamos apostando agora no milho por causa do São João. A procura vai ser muito grande”.

O trabalho de dona Vera Lúcia não para. “Eu acordo antes das 6h, faço o café, preparo as crianças para a creche, cuido um pouco do almoço, vou para o roçado, volto para terminar o almoço, e depois continuo o trabalho na terra”, contou ela. O marido, Sérgio Lima, está satisfeito e já tem planos. “Queremos ampliar nossa produção e vamos pegar uma renovação no Banco Cidadão para que isto seja possível”.

Crédito – A linha de crédito Cinturão Verde possui algumas diferenças das demais do Banco Cidadão. O período de carência para o pagamento da primeira parcela do empréstimo é de seis meses – em vez de três das demais, em decorrência do tempo necessário para que a cultura se desenvolva e possa ser comercializada. O valor do crédito é de até dez salários mínimos (pode ser maior em caso de renovação), com taxa de 0,9% ao mês. As inscrições são feitas na Secretaria do Trabalho, na Avenida Cardoso Vieira, 85, Varadouro.