Comissão da Verdade inicia mapeamento de logradouros e ruas da Capital

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A Comissão Municipal da Verdade começou a fazer o mapeamento de todos os logradouros públicos e ruas da Capital para identificar quais foram batizados com nomes de pessoas que violaram os direitos humanos durante o período ditatorial no Brasil. A iniciativa visa apagar, definitivamente, da memória da população, o nome daqueles que participaram de alguma forma da Ditadura Civil-Militar e que foram homenageados com nomes em logradouros públicos de João Pessoa.

Após este mapeamento, que inclui nomes de ruas, praças, bairros, escolas, monumentos, a Comissão da Verdade fará o reconhecimento e o diagnóstico para, posteriormente, propor ao Poder Público a renomeação, apagando de vez da memória da população aquele período nefasto da história. A Comissão, também solicitou da Administração Municipal a abertura do Arquivo Público, para fazer o mesmo levantamento nos documentos e em toda a memória registrada e arquivada na documentação, assim como detectar se houve perseguição a algum funcionário público municipal durante aquele período.

Três meses – Instalada em março deste ano, a Comissão Municipal da Verdade elaborou um plano de trabalho que inclui reuniões com comissões e comitês da verdade e memória, estruturação de grupos de trabalho com especificidade da Comissão Municipal e ainda a  realização de seminários temáticos para conscientizar e dialogar com a população.

Ainda está previsto neste plano a definição de sessões para coleta de depoimentos públicos com registro e divulgação da TV Cidade; realização de campanhas educativas de memória com a cidade; documentários; identificação de locais de resistência na cidade; levantamento dos territórios da violência, como prisões, praças de luta, locais de tortura e desaparecimentos, etc.

A Comissão também pretende instituir os prêmios “Memória e Verdade”, de Redação e de Projetos Educativos. A realização de cursos e produção cinematográfica também está contemplada.

A Comissão da Verdade foi instituída pelo prefeito Luciano Cartaxo por meio de Lei Ordinária assinada no ano passado. De acordo com o texto da Lei, a Comissão Municipal nasce com o objetivo de acompanhar e subsidiar a Comissão Nacional e Estadual da Verdade nos casos de violação dos Direitos Humanos. A Comissão terá prazo de funcionamento de dois anos e ao final do período seus membros deverão apresentar um relatório circunstanciado, contendo as atividades realizadas, as conclusões e recomendações.

Equipe – Os escolhidos para compor a Comissão foram a jornalista, mestra em Direitos Humanos e diretora da TV Cidade, Zezé Béchade; a psicóloga e vice-coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos da UFPB, Nazaré Zenaide (secretária); o historiador e doutor em Ciências Sociais, Rodrigo Freire; a historiadora e doutora em História Econômica, Monique Cittadino; e a artista plástica e membro do Comitê Estadual pela Verdade, Memória e Justiça, Marlene Almeida.

A coordenação da Comissão neste primeiro ano de trabalho fica a cargo de Zezé Béchade (presidente), Rodrigo Freire (vice-presidente) e Nazaré Zenaide (secretária).