Comissão da Verdade ouve economista e programa novos depoimentos

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CMV_oitiva Geraldo Medeiris IIOs trabalhos da Comissão Municipal da Verdade de João Pessoa (CMV) tem avançado, principalmente com os depoimentos de vítimas de perseguição durante o regime militar. Na sexta-feira (10), a comissão tomou o depoimento de Geraldo Meideiros que, nos anos 1960, atuou no movimento estudantil, foi economista ligado ao Conselho de Desenvolvimento Econômico da Paraíba (durante o governo Pedro Gondim) e foi perseguido com o golpe militar de 1964, tendo sofrido inquérito policial-militar – IPM.

Participaram da oitiva os professores da UFPB, Rodrigo Freire, Monique Cittadino e Nazaré Zenaide e a artista plástica Marlene Freire (todos membros da Comissão Municipal da Verdade). Estão sendo programados novos depoimentos de perseguidos pela ditadura militar em João Pessoa. Até agora, a CMV tomou depoimento de inúmeras personalidades na capital, a exemplo da atriz Zezita Matos, do engenheiro Antônio Augusto de Almeida, do economista Heitor Cabral e do sindicalista João Fragoso (ex-presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba), dentre outras pessoas perseguidas após o golpe de 31 de março.

CMV_oitiva com Geraldo MedeirosA Comissão está trabalhando também no levantamento de documentos junto aos arquivos da Prefeitura de João Pessoa e da Câmara Municipal, no sentido de encontrar registros referentes a perseguição de lideranças políticas e servidores públicos entre 1964 e 1985. Outros arquivos da Capital deverão ser pesquisados, através do trabalho da equipe de estagiários da CMV e da UFPB. Acessando os arquivos da Secretaria de Planejamento do município, a comissão pretende identificar logradouros batizados com nomes de pessoas que violaram os direitos humanos durante o período ditatorial no Brasil. A iniciativa visa apagar, definitivamente, da memória da população, o nome daqueles que participaram de alguma forma da Ditadura Civil-Militar e que foram homenageados com nomes em logradouros públicos de João Pessoa.

Nas próximas semanas, a CMV disponibilizará aos cidadãos e cidadãs pessoenses um sitio eletrônico com informação das atividades realizadas até agora e com o intuito de viabilizar a recepção de denúncias por parte de pessoas até agora não contatadas nos trabalhos da comissão.

Sobre a Comissão – A Comissão Municipal da Verdade de João Pessoa foi instituída pelo prefeito Luciano Cartaxo através da lei n. 12.633/2013, aprovada pela Câmara Municipal, e tem por finalidade examinar e buscar esclarecimentos sobre as violações de direitos humanos ocorridas durante o período militar. Ela foi instalada em abril de 2014 e seu prazo de funcionamento é de dois anos. Ao final, o órgão deverá apresentar ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo um relatório contendo um resgate histórico e sugestões de medidas visando a reparação das violações cometidas contra cidadãos pessoenses por parte do regime autoritário.