Companhia do Rio de Janeiro estreia espetáculo no Teatro Ednaldo do Egypto

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O Centro de Arte e Cultura Municipal Teatro Ednaldo do Egypto, em Manaíra, abre as portas este final de semana para a companhia carioca Epigenia, que apresenta o poema dramático cinematográfico ‘Bodocongó’. O espetáculo será apresentado nesta sexta-feira (17), sábado (18) e domingo (19), às 20h, com entrada gratuita para o público.

A partir do conto homônimo de Astier Basílio, com direção e concepção de Gustavo Paso, a peça narra à história de um cineasta que filma o ‘tempo’ durante 40 anos em uma vila com mais de 50 casas, chamada Engenho da Luz, um lugar perdido no mapa.

Durante três dias dessa semana, os alunos da rede municipal tiveram oportunidade de conferir o espetáculo. “Uma oportunidade de encontrar uma obra criada com objetivos exclusivamente artísticos, sem as amarras de ser popular, engraçado ou com a necessidade de torna-se sucesso com seus atalhos e fórmulas que dão certo”, disse o diretor do Centro, Hermano Queiroz.

À medida em que for apresentado, o espetáculo estará recebendo novos elementos e se constituindo sempre como uma obra em constante transformação. O resultado final será um filme longa metragem que levará o mesmo nome e que misturará teatro, ficção e documentário sobre o processo.

O início das filmagens se deu exatamente com os filmes que passam durante a peça. Ao seguir em turnê pelo Nordeste as filmagens terão prosseguimento e o diretor entrará em cena com uma câmera filmando a própria peça como se fosse Jeremias Ferreira, o cineasta da história. A terceira fase será filmada no Rio de Janeiro, onde parte da história se passa.

Gustavo Paso explica que ‘Bodocongó’ prima pela criação. Não é a toa que tem cinema, teatro, música, poesia. Tudo integrado e misturado numa obra de arte, como o Teatro deve ser encarado.

“Dirigir este conto poético é poder mergulhar no imaginário nordestino mais uma vez, assim como em ‘Ariano’, espetáculo que pesquisei 11 meses antes de concebê-lo. É o fechamento e também abertura para caminhos cada vez mais poéticos” concluiu o diretor, cenógrafo e dramaturgo.

Bodocongó – Descoberto pelo cineasta Jeremias Ferreira, ‘Engenho da Luz’ passa a receber homens e mulheres de toda parte do Nordeste. Muitos baianos, cearenses, pernambucanos. Gente de todo canto atraído pelo sonho de ter sua própria casa e ao mesmo tempo participar de um longa metragem. Para ser aceito bastava querer viver ali e respeitar as regras. Deixar o tempo passar sem nenhuma interferência externa. E assim se fez.

O ‘tempo’ passa a ser o protagonista do filme de Jeremias e ele vive a filmá-lo. Vai envelhecendo e filmando… Um filme sem fim? Engenho da Luz, agora em ruínas, começa a ruir no seu íntimo, os moradores são noticiados de que as vilas ao lado estão modernizadas. A luz elétrica permitiria que todos possam ter uma vida melhor, e Jeremias Ferreira, sem ceder as modernidades, continua filmando o mesmo local, com as mesmas câmeras, o mesmo elenco, o mesmo cenário. Envelhecendo. Talvez só acabe quando morto. Ele permanece com sua ideia. A população se pergunta: quem vencerá? Ele ou o tempo?