Competidora da Olimpíada do Conhecimento treina na Estação da Moda

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Aos 28 anos, Luciana Tavares Buás encara um grande desafio e também uma oportunidade. Ela é uma das representantes da Paraíba na Olimpíada do Conhecimento do Senai para pessoas com deficiência, na modalidade Costura Industrial. A preparação para o torneio tem sido de trabalho intenso nos dois turnos. Pela manhã, o treinamento acontece nas instalações da Estação da Moda, órgão ligado à Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secitec) da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP).

“A rotina é bem cansativa, mas está valendo a pena”, diz a jovem com ajuda de uma intérprete da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Antes de começar a preparação para a Olimpíada, Luciana não tinha nenhuma experiência com corte e costura, mas diz que viu na competição uma oportunidade de voltar ao mercado de trabalho. “A única experiência dela havia sido numa empresa de sapatos, mas são atividades muito diferentes”, afirma a orientadora da jovem, Lailane Melo.

Durante a competição, que acontece em São Paulo de 12 a 18 de novembro, Luciana receberá fichas técnicas e terá que desenvolver os modelos propostos. Lailane explica que o tempo é muito importante na avaliação, por isso vão estender o treinamento para três turnos em poucos dias. “O trabalho dela será avaliado por completo. Se realizou tudo o que a ficha técnica pediu, incluindo medidas e acabamento, e se cumpriu tudo dentro do tempo estabelecido. Por isso vamos intensificar os treinamentos”, disse a instrutora.

Luciana está investindo tempo e dedicação no projeto e espera trazer a medalha para a Paraíba. “Espero conseguir controlar o nervosismo e a ansiedade”, diz. Na modalidade Costura Industrial, 10 competidores de várias regiões do País estão inscritos – todos deficientes auditivos. A intérprete de Luciana, Janai Érica Santos, lembra que a competição abre portas para o lado profissional e diz que vê o esforço da jovem dia a dia. “Certo dia ela contou que não gostava sequer de olhar para a máquina de costura que a mãe tem em casa. Hoje ela vê com outros olhos e sente que o seu futuro profissional pode estar ali”, conta Janai.

Lailane Melo também acredita que a aluna poderá voltar da Olimpíada com um bom resultado. “Às vezes eu me surpreendo com ela e, mesmo com a deficiência auditiva, nos comunicamos bem através da sinalização. Ela também faz leitura labial, o que ajuda bastante”, diz a instrutora.

Maquinário da Estação da Moda atende as exigências da competição – Luciana começou a treinar para a Olimpíada em março, no Senai. No início de junho, intensificou o treinamento e passou a utilizar, pela manhã, as instalações da Estação da Moda. A instrutora Lailane Melo, que acompanha Luciana dia a dia, explica que o maquinário do Centro Vocacional Tecnológico da Moda atende as exigências da competição e ajuda no desempenho da competidora. “Vir para cá foi interessante porque, além de treinar com um maquinário muito parecido com o que ela vai encontrar lá, sinto que mudar o ambiente ajuda a arejar um pouco a cabeça, afinal, são dois turnos seguidos de trabalho”.

Olimpíada do Conhecimento – A Olimpíada do Conhecimento é uma competição bienal de educação profissional, organizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). No torneio, estudantes de cursos técnicos e de aprendizagem profissional do Senai e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) mostram as habilidades pessoais e os conhecimentos técnicos exigidos para o desempenho de atividades na indústria e nos setores de comércio e serviços.

Este ano, um grupo de 40 pessoas com deficiência participará da Olimpíada. É a primeira vez que o maior torneio de educação profissional do país terá provas específicas para pessoas especiais mostrarem suas habilidades nas profissões que escolheram. O evento reunirá mais de 700 competidores, entre 12 a 18 de novembro, no Anhembi, em São Paulo.

A exemplo do que é exigido dos demais estudantes, durante as provas os alunos deficientes deverão executar tarefas do dia a dia do trabalho nas empresas dentro de rigorosos prazos e padrões de qualidade. Os portadores de síndrome de Down vão competir na ocupação de panificação. Os cadeirantes disputarão medalhas na ocupação de mecânica de automóveis. Os deficientes visuais competirão em tecnologia da informação e os auditivos participarão de provas de costura industrial.