Concerto de projeto social abre III Festival de Música Clássica na Igreja S. Francisco

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Dina Melofestmusicaclassica_abertura_foto_RafaelPassos (3)

Ao unir duas propostas – a música e a inclusão social pela via artística –, foi dada a largada na terceira edição do Festival Internacional de Música Clássica de João Pessoa. A apresentação da Orquestra Infantojuvenil de Cordas do Projeto Ação Social pela Música do Brasil reuniu um expressivo público para assistir ao concerto, que começou às 19h, no adro da Igreja São Francisco. O prefeito Luciano Cartaxo prestigiou as apresentações da primeira noite do Festival, acompanhado da Primeira-Dama, Maísa Cartaxo, e de assessores.

A orquestra, fruto de um projeto nacional que fundou o seu nono núcleo no Alto do Mateus, tocou “Meu lanchinho”, tradicional música francesa, “Hilarity” (Norman Ward), a cantiga de roda “Estrelinha” e finalizou com “Noite Feliz”.

Na plateia, mães e pais tão ou mais ansiosos que seus pequenos artistas: “Senti nervosismo a semana inteira, mas logo passou assim que subimos ao palco. Tocar em público já não assusta mais”, comemora, aliviado, José Cândido Neto, de 12 anos, violoncelista. A dedicação do filho à música, segundo a mãe, Patrícia Nascimento, trouxe mais calma e concentração para as tarefas da escola: “Neto antes era praticamente um menino hiperativo. Hoje, sinto-o bem mais calmo e produtivo”, compara.

“O festival é a tradução do reconhecimento do potencial que a Capital tem para a música erudita. Neste ano, liga o imenso alcance social gestado no projeto Ação Social pela Música do Brasil à experiência dos solistas e da nossa orquestra própria. Um ganho cultural significativo para a cidade”, declarou o prefeito Luciano Cartaxo.    festmusicaclassica_abertura_foto_RafaelPassos (4)

Logo em seguida, se apresentou a Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa, que sob a regência do maestro Laércio Sinhorelli Diniz, trouxe os dois primeiros solistas internacionais convidados – os violinistas holandeses Joris van Rijn e Noa Wildschut, uma das homenageadas do ano – para tocar a “Dança Eslava” Op. 72 n° 2, peça de Dvořák, a “Dança das Horas”, da ópera La Gioconda (A. Ponchielli), e as “Árias Ciganas”, obra mais célebre do compositor espanhol Pablo de Sarasate (1844-1908). A composição se destaca pelo fácil apelo melódico, brilho e difícil técnica – comparável a obras de um Liszt ou Paganini.

Retraída, mas muito simpática, Noa, de apenas 14 anos e tida como uma das melhores musicistas de sua geração, se agigantou em técnica no palco e foi ovacionada pela plateia. Outra música do programa, o libelo clássico regional “A Criação do Dia”, composta por Paula Senna Lalli, filha de Viviane Senna e sobrinha do tricampeão de Fórmula 1, Ayrton Senna, foi composta especialmente para os meninos da ASMB e também estreou nesta noite.

Ambas, mãe e filha, vieram a João Pessoa para o concerto. “Compus a música pensando na cultura e natureza lindas desta terra, nascedouro primeiro do Sol. A obra traz consigo os elementos celestiais em contínuo movimento, com o pôr e o nascer da estrela-mor em destaque”, explica ela, que se disse emocionada desde os ensaios.festmusicaclassica_abertura_foto_RafaelPassos (14)

Concertos – O festival segue até o sábado (5 de dezembro), com uma média de quatro concertos diários (23 no total) circulando pelas principais igrejas históricas (programação em www.festivaldemusicajoaopessoa.com.br) e um catálogo de bandas, grupos camerísticos e sinfônicos em diferentes formações. Quinze solistas de seis países diferentes (Brasil, EUA, Holanda, Alemanha, Israel e Japão) já aportaram na capital paraibana.

Compondo o catálogo de músicos convidados, além de van Rijn e Noa, a russa Masha Iakovleva, a japonesa Mayu Konoe e os brasileiros Alexander Mandl e Alberto Johnson (um dos coordenadores artísticos do evento, ao lado de Paulo Gazzaneo) são os violinistas convidados.

Frank Brakkee (Holanda), Takehiro Konoe (gêmeo de Mayu) e Emerson de Biaggi (Brasil) comporão as violas. Michael Müller (Alemanha) e o brasileiro Matias de Oliveira Pinto são as estrelas ao violoncelo, enquanto Yoram Ish-Hurwitz (Israel) estará ao piano. Completa a relação o violonista Claudio Faga (Brasil).

Ação Social – Baseado no famoso El Sistema (programa nascido na Venezuela que já formou mais de 300 mil músicos em 42 países), o Ação Social pela Música do Brasil existe há 20 anos, atendendo em nove núcleos situados em comunidades carentes do Norte, Nordeste e Sudeste.

O projeto traz uma proposta transformadora, que alia o ensino da música à educação formal, abrindo o horizonte para a possibilidade de inclusão e desenvolvimento do potencial humano. A unidade do Alto do Mateus atende a mais de 80 crianças com aulas toda tarde de instrumentos de corda (violino, viola, violoncelo e contrabaixo), num sistema de jornada complementar à escola, mais aulas de reforço em matemática e português e distribuição de merendas e cestas básicas.