Domingo de cultura popular tem cancioneiros e cordel na Feirinha de Tambaú

Por - em 644

O quinto dia do projeto Extremo Cultural dedicado à cultura popular vai trazer neste domingo (26), para a Feirinha de Tambaú, apresentações de duplas de cordelistas e cancioneiros. Às 17h, Luiz Gonzaga e José Pedro de Lima ‘Índio’ vão interagir com o público em cordéis declamados que versam sobre o amor, a infância e o cômico. Em seguida, o decano Daudeth Bandeira também debuta em parceria com Paulo Cruz ao som da viola, no encerramento da programação do dia. Com estilos diferentes, esta é a primeira vez que as duas duplas, recém-formadas, se reúnem.

Natural de São José de Piranhas, Daudeth contabiliza quase 40 anos de carreira. O nome de batismo, Manuel Bandeira de Caldas, foi abreviado para Daudeth por causa de uma admiração da mãe pelo escritor francês Alphonse Daudet. A inclinação para as letras ficou evidente desde cedo nos cordéis e livros que lançou ao longo de 30 anos, “Vale dos versos”, “Os atrativos da Paraíba decantados em poesia”, “Dias d’versos” (escrito com José de Sousa Dantas) e “Nas águas da poesia”, no prelo.

Daudeth descobriu-se repentista jovem, por ironia longe da terra natal, quando era metalúrgico em São Paulo. Voltando à Paraíba, formou-se em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), carreira que exerce até hoje ao lado da cantoria, a qual nunca parou de desbravar. Ao falar da arte do improviso, que é a sua mola-mestra, não esconde o entusiasmo: “A espinha dorsal da cantoria é o estilo desafiante; quando os cancioneiros se digladiam sobre os temas pedidos pela plateia”, diz.

O amor, a religião, a política e a violência estão entre os mais frequentes desse rol. “A declamação evidencia o cuidado com a linguagem, a rima, a métrica e o vernáculo, que têm que ser exemplares na cantoria, não importa o estilo em que se desenvolva, se nas sextilhas, quadrões ou martelo-agalopado”, explica, sem esconder a preferência pelos poemas caboclos e causos do interior.

Origens da cantoria – As origens da cantoria nordestina são um ponto incerto na história, de modo que as contribuições bibliográficas de Luís da Câmara Cascudo se mostram fundamentais. Estima-se que a cantoria de repente teve início no século XIX, na Serra do Teixeira (PB), com Agostinho Nunes da Costa (1797-1852) e seus filhos, Antônio Ugolino Nunes da Costa, Ugolino do Sabugi – o primeiro grande cantador brasileiro, e Nicandro Nunes da Costa, o poeta-ferreiro.

Na fase inicial de afirmação da cantoria como profissão e arte, Silvino Pirauá Lima, de Patos, introduziu a sextilha no cordel, o uso da deixa e do martelo-agalopado como se canta hoje.

Alguns elegem Gregório de Matos, o “Boca do Inferno”, e o Padre Domingos Caldas Barbosa como precursores da cantoria de viola no Brasil. Os dois, na verdade bons poetas, foram cantadores de modinhas ao som da viola, não repentistas dados a longos desafios.

O canto amebeu grego leva as origens do cancioneiro popular ainda para mais longe, há pelo menos trinta séculos de hoje. Reaparece na Idade Média em declamações de trovadores acompanhados de alaúde ou viola, como constata Cascudo no “Dicionário do Folclore Brasileiro”.

Programação do projeto Extremo Cultural – Cultura popular:

02/02

17h – Coco de Roda do Mestre Benedito e Dona Teca de Cabedelo
18h – Selma do Coco e Sônia Costa.

Serviço:

Projeto Extremo Cultural apresenta cancioneiros e cordel

Data: domingo (26)

Horário: 17h

Local: Feirinha de Tambaú

Contatos: Luiz Gonzaga (8618-5345) e Daudeth Bandeira (8880-9915)