Emlur recolhe 4 mil caramujos africanos nesta segunda
A Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur) iniciou um trabalho para combater a proliferação dos caramujos gigantes africanos em João Pessoa. Uma equipe especial formada por 16 agentes de limpeza, que recebeu o nome de Caça Caramujo, foi montada para atender às solicitações da população e recolher os animais de terrenos e edificações em toda a cidade. A primeira ação do grupo foi realizada nesta segunda-feira (8) no Parque de Exposição Estadual Henrique Vieira de Melo, localizado no bairro do Cristo Redentor. Em uma manhã de trabalho foram recolhidos cerca de quatro mil caramujos.
Para fazer o trabalho de coleta dos animais, os agentes de limpeza foram equipados com luvas de borracha e máscaras. Além disso, eles usaram baldes com água e sabão para que os caramujos permaneçam nos recipientes e acabem morrendo afogados. Depois de mortos, os bichos são acondicionados em sacos plásticos e levados para o Aterro Sanitário Metropolitano.
A superintendente da Emlur, Laura Farias Gualberto, contou que a Autarquia sempre realiza ações de limpeza dentro do Centro de Exposição, mesmo não sendo competência do município. Atendemos os pedidos que são feitos pela diretoria. Dessa vez, eles solicitaram a retirada dos caramujos africanos, uma vez que o local seria usado como acampamento para escoteiros, explicou.
A Emlur também está elaborando um mapeamento dos pontos mais críticos da Capital que estão empestados pelo caramujo para poder expandir este trabalho. É importante lembrar que as pessoas que identificarem um grande número de caramujos em qualquer lugar da cidade devem entrar em contato com a Emlur, através do 0800-832425 e comunicar o fato. A partir de agora teremos uma equipe específica para fazer esse tipo de trabalho, orientou o diretor Administrativo Financeiro da Autarquia, Coriolano Coutinho.
O biólogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ronilson Paz, explicou que os caramujos africanos possuem pulmão rudimentar e quando colocados dentro da água acabam morrendo afogados. Já o sabão, de acordo com ele, é usado para que os bichos permaneçam dentro do balde de água até a morte. O especialista disse também que, embora ainda não tem sido registrado no Brasil, essa espécie de caramujo pode causar a meningite e a angiostrongilíase abdominal, desde que o bicho esteja infectado. Ele chamou atenção ainda para as cascas dos animais que já estão mortos, que podem servir para armazenar água e colaborar com a proliferação do mosquito transmissor da dengue.
O nome científico do caramujo é Ahatina Fulica Bowdich. Conforme informou o biólogo, é uma espécie exótica (não é brasileira) e pode chegar a 20 centímetros de comprimento de concha. O bicho se reproduz rápido e facilmente, podendo gerar de uma vez só de 100 a 600 ovos. Em três anos cada animal pode gerar cerca de oito bilhões de descendentes.
No Brasil, de acordo com o relato do biólogo, a introdução dessa espécie ocorreu de forma ilegal na década de 1980, através da importação do bicho para as cidades de Curitiba e Rio de Janeiro, de onde se proliferaram por quase todo o País. O caramujo chegou em João Pessoa, conforme estudos realizados por Ronilso Paz, por volta de 1990, provavelmente, trazido da Região Sudeste por alguém.