Estação Cabo Branco promove sarau em homenagem a Cátia de França

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A cantora, compositora e multi-instrumentista Cátia de França vai ganhar uma homenagem à altura da sua contribuição artística em 40 anos de carreira, ao unir melodia à literatura de João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa e José Lins do Rêgo. Nesta terça-feira (22), às 19h, a Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, no Altiplano, promove um Varal Poético em homenagem a artista, no Terraço da Torre Mirante, com direito à entrada gratuita.

A proposta do Varal Poético é propor um encontro mensal em que a literatura seja expressa das suas mais diversas formas: declamada, escrita e encenada. Esta edição é especial, por vincular essa celebração a uma artista cujas músicas foram estudadas por alunos da Rede Municipal de Ensino durante todo o ano letivo.

O evento será aberto por um esquete conduzido pelo diretor Flávio Melo, com alunos da turma de teatro da Estação, baseado no sucesso “Kukukaya” da cantora. Em seguida, estudantes da Escola Municipal Cônego Matias Freire, da Torre, do Senac de Cabo Branco e do ProJovem de Cabedelo serão convidados a recitar poesias e letras de músicas da artista. O cantor e artista plástico Rodrigues Lima, notório contador de causos matutos, fará uma participação também cantando músicas de seu CD, “Navegando no Sertão”.

De família de músicos, o percussionista Ely Porto conhece Cátia, a quem chama de Vozinha, de reuniões de casas desde 1999, quando elaborou, em parceria com músicos do Cabruêra, um manifesto em que a exaltava como uma das suas fontes de inspiração (“Somos irmãos de Chico Science, Mestre Ambrósio/ Somos filhos de Elba Ramalho, Bráulio Tavares/ Somos netos de Cátia de França, Sivuca…”).

Depois, quando integrou As Parêa, Ely compôs a ciranda “Cyran” para ser cantada por Cátia, música que conquistou prêmios locais. “Vozinha é um exemplo de batalha e perseverança dentro do cenário musical”, reconhece. “Ela é a própria riqueza de ritmos, carregando toda a energia dos ritmos afros, do coco e do maracatu”. Hoje fundador do Projeto Tamborete, que se propõe a ensinar percussão a meninos da comunidade Padre Ibiapina, do Bairro das Indústrias, e de Mandacaru, Ely levará a trupe para uma canja na música “Panorama” com a homenageada. “Estamos nos referindo a uma artista completa, de valor inestimável. É uma grande responsabilidade”, diz Maria Hawley, assessora técnica do setor de Gestão Educacional, responsável pelo projeto.

Cátia de França – Nascida Catarina Maria de França Carneiro, desde menina aprendeu a dominar instrumentos como o piano, a sanfona e o violão. Mais tarde se interessou pelos acordes da flauta e pela percussão. Cátia foi professora de música até começar a compor em parceria com o poeta Diógenes Brayner.

Participou de festivais de música popular na década de 60, época em que viajou à Europa. De volta ao Brasil, foi para o Rio de Janeiro, onde conheceu Zé Ramalho, Elba Ramalho, Amelinha e Sivuca. O primeiro LP solo, “20 Palavras ao Redor do Sol”, foi lançado em 1979, com músicas compostas com base em poemas de João Cabral de Melo Neto. Uma música da cantora foi trilha sonora do filme “Cristais de Sangue”, de 1975.

Sua música tem como fonte a literatura, fazendo referências à obra de Guimarães Rosa, José Lins do Rego, Manoel de Barros, além do citado João Cabral de Melo Neto. Foi parceira de palco de Jackson do Pandeiro, durante a primeira versão do Projeto Pixinguinha, em 1980.

Cátia gravou mais dois LPs: “Estilhaços” e “Feliz Demais”, e dois CDs: “Avatar” (com participações de Chico César e Xangai) e “Cátia de França canta Pedro Osmar”, no qual demonstra a força criativa da música paraibana.

Cátia também adentrou o mundo da literatura e das artes plásticas, com destaque para os livros “Zumbi em Cordel”, “Falando de Natureza Naturalmente” (infantil) e “Manual da Sobrevivência”, um resgate de sua trajetória pessoal e profissional.

Varal Poético – “Varal Poético” é um trocadilho entre a palavra “sarau” e o local onde trechos das obras dos artistas convidados ficam expostos antes de serem recolhidos pelo público para a declamação. A proposta é incentivar as várias interpretações da palavra num clima de descontração. Cada pessoa se dirige ao varal, escolhe as estrofes que mais lhe agradam e as declama segundo a sua interpretação.

Pelo projeto já passaram de cantores e poetas a atores, como a dupla Os Nonatos, o crítico musical Ricardo Anísio, a poetisa e militante feminista Vitória Lim, e o ator Marco di Aurélio. Todos foram garantia de noites cheias na Estação Cabo Branco e Estação das Artes.

Serviço:

Varal Poético em tributo a Cátia de França

Data: terça-feira (22)
Local: Terraço da Torre Mirante da Estação Cabo Branco
Hora: 19h
Informações: 3214-8303/8270

Entrada gratuita