“Fragmentos de um Sol Quente” é reencenada na Estação Cabo Branco

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O espetáculo “Fragmentos de um Sol Quente”, baseado no painel “No Reinado do Sol”, de Flávio Tavares, entra em cartaz, neste sábado (26) e domingo (27), às 20h, no auditório da Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, no Altiplano. A entrada custa um quilo de alimento não-perecível e toda a arrecadação será repassada às vítimas da seca do interior do Estado.

Escrita e dirigida por Flávio Melo, à peça é resultado do Núcleo de Artes Cênicas, no qual foram formados 22 atores, e também bebe da influência do texto “Manaíra e Tambaú, uma história de amor”, assinado por Antônio dos Santos, Chuá. Ela conta a história da fundação de João Pessoa partindo do romance proibido entre dois jovens indígenas de tribos inimigas, a potiguara Manaíra e o tabajara Tambaú.

Daí em diante, uma sequência dos principais episódios da história paraibana é encenada, como o Massacre de Tracunhaém (que gerou a divisão da capitania de Itamaracá), a independência da colônia, a expulsão dos holandeses e todo o itinerário que nos leva do passado (a esquerda do quadro) para os tempos mais atuais (à direita, onde se situa a cidade crescida arquitetonicamente, dos casarões às festas de rua).

“A minha ideia não era fazer uma adaptação fiel da narrativa do painel, e sim desenvolver uma liberdade poética em cima dessas duas referências, a pictórica e a literária”, disse Flávio, professor de teatro. Por isso ele justifica haver quebras na linearidade cronológica, bem como na escolha de apenas algumas personagens presentes na pintura para representar, como Augusto dos Anjos, José Lins do Rêgo, Ariano Suassuna e Manuel Caixa D’Água.

“Os atores entram e saem de cena como uma tela em branco que de repente vai ganhando vida”, explica. Elementos externos ao quadro também compõem a “liberdade criativa” reivindicada pelo diretor. “Há fatos da história política e indígena do Nordeste dos coronéis, festas populares, folclore, o artesanato brasileiro, a literatura de cordel, as artes plásticas e a antropofagia da Semana de Arte Moderna de 1922”, cita.

O próprio Flávio Tavares está representado de duas formas: na de pintor, preocupado porque está esvaziado de ideias (Fagner Ribeiro), e na de inconsciente materializado de menino (Rodrigo Batista), cheio de inspiração e criatividade. Os dois, em sua completude, formam a genialidade que culmina na criação de “No Reinado do Sol”.

“Tem sido uma experiência enriquecedora e, ao mesmo tempo, um desafio participar deste espetáculo por se tratar de uma obra tão complexa que, além de fazer um relato histórico-geográfico atemporal, apresenta personagens que marcaram a mente de muitos pessoenses”, declara Fagner Ribeiro, o protagonista.

“Estamos aproveitando o fato de a Estação ser um espaço permanentemente voltado à cultura e educação para também despertarmos o sentido solidário nas pessoas. Principalmente pelo fato de o interior do Nordeste estar atravessando uma crise de abastecimento sem precedentes”, reforça Flávio, em referência à seca.

Flávio Melo – formado em Educação Artística pela Faculdade Marcelo Tupynambá (SP), dirigiu os espetáculos “Valsa n° 6” (1991), “Ratos de Esgotos” (1992), “Prêt-à-Porter” (1998), “No Amanhecer da Noite” (2003), e em “As Meninas” (2009). Atuou em “Cinco Bulas sem Contraindicação” (1993), “Pequenos Burgueses” (1996), “Gol Anulado” (1997), “Prêt-à-Porter” (1998), “Fragmentos Troianos” (1999), “Achados e Perdidos” (2000), “No Amanhecer da Noite” (2003), “A Fantástica Peregrinação do Coronel atrás de um Rabo de Saia” (2008), “Paixão do Menino Deus” (2009), “Os Sete Mares de Antônio” (2010) e “Divino Calvário” (2011).

Ficha Técnica:

Texto e teatralização: Flávio Melo

Textos adaptados de “Manaíra e Tambaú, uma história de amor”, de Antônio dos Santos (Chuá)

Adereços e figurinos: Adriano Bezerra

Iluminação: João Batista

Sonoplastia: Cristiano Alves

Concepção gráfica: Flávio Melo, Rangel Júnior e Rivaldo Dias

Elenco:

Fagner Ribeiro e Rodrigo Batista (Flávio Tavares), Luana Aires (índia Manaíra), Luiz Felipe Mont’Mor (índio Tambaú), Walter Melo (cacique), Antonio Marcos (cacique), Marina Costa (cavaleiro), Carla Côrtes (vassala), Dayse Borges (holandesa), Kamila Oliveira (gueixa), Edilaine Bonner (Mãe Natureza), Uadi Cornélio (Augusto dos Anjos), Leo Andrade (capitão da nau), Wellandro Duarte (Caixa D’Água), Tatiana Lima (Vassoura), Bruno Fonseca (Ariano Suassuna), Elaine Maranhão (gueixa), Damião José (anjo), Demócrito Jangutta (José Lins do Rêgo), Thiago Herculano (padre), Maíra Mel (índia), Tiago Shelter (índio).

Serviço:

Espetáculo “Fragmentos de um Sol Quente”, de Flávio Melo

Quando: sábado (26) e domingo (27), às 20h

Onde: Auditório da Estação Cabo Branco

Fones: 3214-8270, 3214-8303

Informação: Flávio Melo, diretor do espetáculo (8795-0931)

Entrada: 1 kg de alimento não-perecível

Twitter: @estacaocb

Acesse www.joaopessoa.pb.gov.br/estacaocb