Livro do líder comunista Gregório Bezerra é lançado no Casarão 34

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A vida do militante e líder comunista pernambucano Gregório Bezerra (1900-1983), considerado símbolo da resistência à ditadura militar no Brasil, está no livro “Memórias” (Boitempo , 648 páginas). A obra, escrita por ele quando estava na cadeia e no exílio, tem o prefácio de Anita Leocadia Prestes, filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário. O trabalho é uma espécie de diário e será lançado nesta sexta-feira (7), às 17h, no Casarão 34, unidade da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope). Durante o evento, haverá apresentação de trio de forró tradicional, além de show com ventríloquo, repente e grupo de berimbau.

A organização do evento é do Comitê Paraibano pela Anistia, Verdade e Memória, que tem na presidência o pesquisador de cultura popular e militante comunista Emilson Ribeiro. “Os fatos verdadeiros não são contados dentro da nossa história oficial, a exemplo do que aconteceu na ditadura, na Guerra do Paraguai e em Canudos. O lobby que venho fazendo é justamente nesse sentido, de que o Brasil conheça o outro lado, contado pelo povo humilde e não só pelos medalhões”, frisou.

Antes da cerimônia de lançamento, no Casarão 34, haverá a apresentação do trio de forró tradicional Os Cabras de Mateus e Chico Ribeiro. Em seguida, capoeiristas farão uma homenagem a Gregório Bezerra com toques de berimbau. Também haverá uma performance de repentista, que fará apologia ao livro e ao autor. A programação inclui ainda show com o ventríloquo Mestre Clébio.

O preço da obra no mercado é de R$ 74. Durante o lançamento, em João Pessoa, o público poderá adquirir o livro pelo valor promocional de R$ 40. Para o coordenador do Casarão 34 e vice-presidente Comitê Paraibano pela Anistia, Verdade e Memória, Bira Delgado, Gregório Bezerra é um mártir da história brasileira. “Na época (da resistência), eu era estudante em escola tradicional. Quando tomei conhecimento dos acontecimentos, senti como se devesse algo. Daí o engajamento nessa luta. Muitos perderam até seus familiares, mas não a dignidade”, ressaltou.

O mártir – Gregório Bezerra foi um dos presos políticos trocados pelo embaixador americano Charles Elbrick, em 1969. O episódio famoso do sequestro da autoridade estrangeira terminou inspirando o livro “O que é isso companheiro?”, escrito pelo ex-deputado federal e jornalista Fernando Gabeira, adaptado mais tarde para as telas do cinema.

O líder comunista Gregório Bezerra nasceu em Panelas, no agreste pernambucano. Alfabetizou-se aos 25 anos. Ele foi empregado doméstico, jornaleiro, peão de obra e até sargento do Exército. Tornou-se militante comunista e seguiu carreira política. O militante viveu dez anos exilado na União Soviética e voltou ao Brasil com a anistia de 1979. Antes de virar lenda, ele registrou sua vida em dois volumes do livro “Memórias” (1979). Agora, o diário ganha reedição em um só volume, pela Boitempo.

Gregório Bezerra faleceu em 1983. Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa de Pernambuco, reunindo milhares de pessoas. Uma faixa pintada de vermelho foi estendida no local, traduzindo o simbolismo do mártir nos versos da música interpretada pela cantora Elis Regina: “choram Marias e Clarices, no solo do Brasil”.