Maria Bethânia canta na praia de Tambaú no Estação Nordeste
Em um chão salpicado de rosas vermelhas, forrando uma tábua envelhecida, vai pousar a musicalidade de um Brasil remoto e ao mesmo tempo urbano. Neste sábado (22), o cenário do festival Estação Nordeste está preparado para receber a voz da cantora Maria Bethânia, a abelha-rainha da MPB. A artista traz à capital paraibana seu mais novo show Amor, Festa, Devoção, dedicado à Dona Canô e adaptado para a apresentação aberta na praia de Tambaú. A outra atração da noite é o grupo paraibano Clã Brasil, que tem nas veias o baião, xote, xaxado, coco e maracatu nordestinos. O evento gratuito começa às 21h. A realização é da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope).
Para Maria Bethânia, o título do show reporta os temas considerados referências em sua vida. São palavras que me dão norte e que têm como subtexto a fé, a esperança e a caridade, características fortes em minha mãe, comenta. Isso explica a energia e o seu espírito para com a vida, os seus 102 anos. Tudo isso são aprendizados para mim. Só agora consigo traduzir em música, intenção e gesto tudo que ela representa para mim, explica.
Este show que Maria Bethânia traz a João Pessoa foi levado em turnê por quase todo o Brasil e lançado em DVD e CD duplo ao vivo, no final do ano passado. O trabalho, que tem como base os últimos álbuns Tua e Encanteria, alcançou logo o topo da lista dos mais vendidos. O primeiro tem o título da canção homônima de Adriana Calcanhoto e tem um repertório mais romântico. Já o segundo, de celebração e festa, ganhou o nome de uma das músicas e letras de Paulo César Pinheiro, presentes no disco.
Com direção e cenário de Bia Lessa e roteiro da própria Bethânia com Fauzi Arap, o repertório predominante no show são dos dois CDs, a exemplo de Santa Bárbara e Feita na Bahia (ambas de Roque Ferreira), O Nunca Mais (Roberto Mendes e Capinan) e O Que Eu Não Conheço (do sobrinho J. Velloso, em parceria com Jorge Vercillo). Pela primeira vez, ela gravou uma composição de Wander Lee (Estrela), outra de Dori Caymmi (É o Amor Outra Vez, em parceria com Paulo César Pinheiro) e dos conterrâneos Márcio Valverde e Nélio Rosa (Você Perdeu).
O público que for a Tambaú vai ouvir ainda canções conhecidas de Chico Buarque e Caetano Veloso. Outros sucessos da intérprete também foram incorporados especialmente para a apresentação em João Pessoa, que vai contar com a participação de Chico César, dividindo o palco com Maria Bethânia.
Palco – O cenário armando na praia de Tambaú, aliado ao repertório, retrata a fé, as pessoas e as coisas do Brasil. Um manto, também com rosas vermelhas, vai ser realçado pelas pequenas luzes internas, que alternam cores, posição e ritmo. Nele, vários pequenos quadros com fotos de fachadas de casas populares do interior do Nordeste, fotografadas por Anna Mariana, retratam um cenário presente no canto de Maria Bethânia. A artista se embrenha pela musicalidade de um país remoto, interiorano, caipira, sertanejo, litorâneo e vai buscar canções desconhecidas, ou à margem do urbano, porém repletas de religiosidade. Lauro Escorel, premiado diretor de fotografia de cinema, assina a iluminação.
Clã Brasil o grupo paraibano, que já se apresentou em várias cidades do país e até no exterior, vai mostrar no Estação Nordeste um repertório composto por artistas consagrados como Sivuca, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos,Pinto do Acordeon, Rosil Cavalcanti e João Silva. A musicalidade dos integrantes inclui ainda baião, xote, xaxado, coco e maracatu com novos arranjo. Um destaque do show é a performance interativa de cinco pandeiros que se somarão em uma sequencia de cocos.
Em maio deste ano, o grupo completa dez anos de existência. Entre os novos projetos está a gravação de um CD e DVD com o título ¨Clã Brasil 10 Anos Parcerias¨. Trata-se de um trabalho autoral, com a parceria de compositores nordestinos. O segundo trabalho em andamento é o ¨Clã Brasil canta Rosil¨, em homenagem ao compositor e parceiro de Jackson do Pandeiro, Rosil Cavalcanti.
Clã Brasil é formado por membros de duas famílias. Daí veio o nome do grupo, que tem seis CDs e dois DVDs gravados O grupo é formado por Lucyane Pereira Alves (acordeon, fole de oito baixos, bandolin e voz principal), Laryssa Pereira Alves (zabumba, pandeiro, violino e vocal), Lizete Pereira Alves (flauta transversa, pífano, pandeiro e vocal), Fabiane Medeiros Fernandes (cavaquinho, violão de dez cordas, guitarra, pandeiro e vocal), José Hilton Alves, o Badu (violão de sete cordas), Maria José Pereira Alves (triângulo, afoxé, ganzá e vocal) e Francisco Fernandes Neto (pandeiro e percussão).