Milton Nascimento e Renata Arruda são as atrações do Extremo Cultural

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Há exatos 14 anos distante dos palcos de João Pessoa, o cantor, compositor e uma das principais vozes da América Latina, Milton Nascimento, apresenta, neste sábado (19), a partir das 22h, no palco armado no Busto de Tamandaré, o show “Milton Nascimento – Uma Travessia”, em que comemora os mais de 50 anos de carreira e lança mão de vários sucessos que fazem parte da história da Música Brasileira. O artista é a atração principal do projeto ‘Extremo Cultural – Onde o Som Toca Primeiro’, realizado pela Prefeitura de João Pessoa (PMJP), através da Fundação Cultural (Funjope).

Antes de Milton Nascimento, haverá, a partir das 19h, a apresentação do Boi de Reis Estrela do Norte. Às 20h, a cantora e compositora Renata Arruda dá o início ao seu show, de cerca de uma hora e meia de pegada Pop, com acentos nordestinos e suingados.

“Milton Nascimento – Uma Travessia” é um show de celebração dos 50 anos de música do mineiro mais internacional das Gerais. Originalmente o show agrega Wagner Tiso e Lô Borges, mas por questões de agendas quando do agendamento para João Pessoa, a apresentação não terá os outros dois mineiros.

O show contará com um repertório muito aproximado ao que Milton Nascimento levou para o Festival de Garanhuns (PE), em julho de 2012. No repertório não devem faltar os clássicos “Maria, Maria”, “Canção da América”, “Canção do Sal”, “Caçador de Mim”, “Nos Bailes da Vida”, “Para Lennon e McCartney”, “Clube da Esquina 2”, “Cravo e Canela”, “Quem sabe isso quer dizer amor”, “O Sol”.

O repertório também inclui seu primeiro grande sucesso, que tem a ver com sua trajetória desde 1967. “Travessia” ecou forte no II Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro. O detalhe: ele não levou o primeiro lugar, mas participou com três canções, levou o segundo lugar por “Travessia”, o sétimo por “Morro Velho” e foi eleito o melhor intérprete do Festival.

Com o lançamento do álbum “E a Gente Sonhando” em 2010, Milton Nascimento completou 38 discos lançados. Sem contar as centenas de participações em projetos de amigos, parceiros, músicos e cantores do mundo inteiro, foi um dos artistas que sofreu com a censura e, contraditoriamente, um dos que mais projetou a música do Brasil no mundo. A lista de pessoas com quem já gravou (e por quem foi gravado) não tem limites: Wayne Shorter, Mercedes Sosa, Sarah Vaughan, Peter Gabriel, James Taylor, Joe Anderson, Paul Simon, Duran Duran, Pat Metheny, Bjork, Esperanza Spalding, Jason Mraz.

Com essa mesma turnê de “Milton Nascimento – Uma Travessia”, que chega neste sábado (19) a João Pessoa, no Extremo Cultural, Milton deve levar o espetáculo para toda América do Sul, Europa e Estados Unidos. “Tenho certeza de que vai ser uma das melhores turnês da minha vida”, avisa o cantor.

Principal voz de um dos mais marcantes movimentos, o Clube da Esquina, Milton Nascimento conseguiu em mais de 50 anos de carreira sintetizar em sua musicalidade universal o canto negro, as influências indígenas, a relação com os ritmos e diversidade latina, dando sua marca com vocais inconfundíveis, que o coloca no primeiro time não só de compositores do Brasil, mas de intérpretes de uma nação musical em que predomina o canto feminino.

Os tons de Renata – A cantora e compositora Renata Arruda comandará o palco no Busto de Tamandaré, das 20h até às 21h30, com o desafio que ela impôs a si própria, unindo três facetas que têm marcado sua carreira: o acento Pop de sua música, a incursão pelas influências regionais e a explosão do samba tradicional. Em uma hora e meia de show haverá espaço para os clássicos “Ouro pra mim” e “Fique à vontade” (ambas de Peninha), “Canudinho”, “Cidade de isopor”, “Templo”, “Porta do Sol”, “Ninguém vai tirar você de mim” e “Deixa” e “Vitamina”, ambas do mais recente trabalho em disco intitulado “Deixa”. O repertório inclui ainda “É o amor” e “Espumas ao vento”, assim como um set list de sambas e uma surpresa que ela diz ser meramente “afetiva” de sua relação a cidade de Brasília, do início de carreira.

Natural de João Pessoa, Renata Arruda ganhou projeção nacional com o primeiro disco intitulado “Traficante de Ilusões”, que contava com a participação de Ney Matogrosso e Alceu Valença, unindo um repertório entre inéditas e músicas do cancioneiro brasileiro.

Um dos ápices de sua carreira veio com o CD “Um do outro”, que projetou a canção “Ouro pra mim”, de Peninha, em trilha de novela e foi uma das mais tocadas de 1999. Em seus discos, a facilidade de unir o Pop com acento regional, mas de dimensão universal de Lula Queiroga, Chico César, Lenine, Alceu Valença e Belchior, a toda uma geração da MPB Pop como Moska, Dulce Quental, Frejat, Vinícius Cantuária e Samuel Rosa.

Renata Arruda promete ainda uma sequência de forrós, passeando por canções do Antônio Barros a Jackson do Pandeiro. Três dimensões de uma carreira pautada pela voz e a interpretação, segundo ela. “Farei um show mais Pop e essas facetas que apresento o público entende bem porque lá atrás, quando eu comecei, a unidade não estava no repertório e sim no artista, na força de sua interpretação. Então, se eu cantar um rock, um forró ou uma cantiga é a minha forma de ver e sentir essa canção que estará lá”, disse.

Presença assegurada nas prévias e eventos da cidade, Renata Arruda reforça que cantar em casa é sempre prazeroso, mas de muita responsabilidade. “Quando eu canto lá fora, “Porta do Sol” é um reflexo desse emblema que carrego comigo da minha cidade. Cantar em João Pessoa não é como um show qualquer. É uma grande responsabilidade lançar mão de um repertório para a minha cidade, mas é prazeroso e espero que as pessoas compreendam essas três vertentes do meu trabalho”, disse.

No palco, Renata Arruda sobe ao lado de Zé Filho (guitarra), Adriano Ismael (contrabaixo), Almir (bateria), Eduardo Araújo (teclado), Gino Costa (vocal e acordeom), Wanine Emeri (vocal), Poti (cavaquinho), Carlos Moura (pandeiro), Alisson (tantan), Max (surdo), Carla Lucena (vocal).

Boi de Reis – O grupo Boi de Reis Estrela do Norte se apresenta a partir das 19h, na noite deste sábado (19), No Extremo Cultural. Liderado pelo Mestre Pirralhinho, o grupo tem a sua origem no Bairro dos Novais, em João Pessoa.

Tradicionalmente, o Boi de Reis é um folguedo que teve sua origem no teatro popular medieval da península ibérica. Em síntese, é um auto em homenagem aos Santos Reis, que une a temática dos reisados ao auto do Bumba-Meu-Boi. No espetáculo varia o número de participantes de grupo a grupo mas, em geral, se encontra o Boi, Pai Francisco, Catirina, Doutor, Ema, Vaqueiro e Urubu.

O Mestre Pirralhinho já foi brincante do Cavalo Marinho do Mestre Gasosa de Bayeux/PB, como Dama, e do Cavalo Marinho de seu pai o Mestre João do Boi, no qual se destacou no papel do Mateus. Como agente cultural deu sua contribuição como um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da Paraíba.