Muriçocas do Miramar celebra 30 anos de história com desfile valorizando a cultura paraibana
Max Oliveira
“Não tem descrição. É um arrepio, emoção, o coração acelera e sobe uma adrenalina”. Com essas palavras, Malu Lacet Serpa, diretora do Muriçocas do Miramar, tentou resumir a emoção de desfilar pela 30° vez a frente do bloco mais tradicional das prévias carnavalescas de João Pessoa. Na noite desta quarta-feira (3) – Quarta-feira de Fogo – segundo a tradição do Muriçocas, a Avenida Epitácio Pessoa ficou pequena para milhares de foliões, e uma noite foi pouco para 30 anos de alegria.
E foi com esse slogan que o Muriçocas do Miramar arrastou uma multidão de foliões, desde a concentração, na Praça que leva o nome do bloco, na rua Tito Silva, ainda nas primeiras horas da noite, até a dispersão, já na madrugada desta quinta-feira (4), no Busto de Tamandaré. O desfile deste ano, além de homenagear os fundadores do bloco, Antônio Gualberto, atual presidente, e Vitória Lima, também serviu para celebrar a cultura pessoense.
Ao todo foram 13 atrações locais, num encontro de gerações de artistas da cultura popular, com destaque para o cantor e compositor Fuba, a banda Os Gonzagas, Totonho, Seu Pereira, Coletivo 401 e Zé Neto. Este último, músico, cantor, compositor e poeta, herda, a partir de 2017, a missão de ser o puxador oficial do bloco, em substituição ao mestre Fuba – 30 carnavais a frente do Muriçocas do Miramar.
“Não é uma despedida como muita gente pensa, estou dando vez e voz aos novos talentos de nossa terra”, disse Fuba, acrescentando que pretende agora dedicar mais tempo a sua carreira de músico e realizar outros projetos, mas que continuará ainda no Muriçocas, só que realizando outras funções.
Como reza a tradição do bloco o estandarte oficial que abre o desfile leva a assinatura de um artista paraibano, à exceção do estandarte de 1988, que foi pintado pelo artista baiano Hans Petta, que àquela época estava conhecendo a cidade e pediu para ser o autor. A quadrinista Taís Gualberto, filha da dupla de fundadores, foi a autora da obra deste ano, que agora ficará exposta na sede da agremiação, fazendo parte da história ao lado de obras de Flávio Tavares, Alice Vinagre, Sérgio Lucena, Marlene Almeida, entre outros.
Outra tradição do Muriçocas do Miramar é a quantidade de foliões que o bloco consegue arrastar a cada Quarta-feira de Fogo. Segundo estimativas da organização, cerca de 400 mil participaram da edição deste ano. Entre eles, estavam os já conhecidos fantasiados. “São 27 anos acompanhando esse boco maravilhoso, e sempre com alguma fantasia”, disse Sérgio Murilo Brito, acompanhado de dois amigos fantasiados de soldados romanos.
Também tem os anônimos – mais discretos, porém, não menos animados. “É um bloco que faz parte da cultura da cidade, e não importa se está fantasiado, a alegria é a mesma, um sentimento de felicidade fazer parte desta festa grandiosa”, afirmou a professora Erica Martins, 27 anos.