Obra musical de García Lorca é apresentada no Mosteiro de São Bento

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Dina Melo

foto_Saulo Portokalos (2)Para quem desconhecia o lado musical do poeta e dramaturgo espanhol Frederico García Lorca (1898-1936), um dos luminares da literatura universal, uma chance é descobri-lo na apresentação “Vamos à Luta!”, projeto do trio liderado pelo cantor Edd Evangelista, nesta sexta-feira (5), às 20h, no Mosteiro de São Bento, Centro Histórico. A entrada é gratuita.

Edd, ao lado do violonista Erik Pronk e do percussionista João Victor Figueiredo, dá vida e versão instrumental renovada à música originalmente composta para piano. O projeto é um dos 83 contemplados pelo Fundo Municipal de Cultura (FMC), administrado pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope). “’Vamos à Luta!’ é inspirado em ‘Anda, Jaleo!’, provavelmente a canção mais lembrada do Ciclo de Canções Antigas Populares Espanholas, que Lorca havia recolhido e reescrito cinco anos antes de ser morto”, explica o cantor.

Lorca foi vítima da Guerra Civil Espanhola e assassinado aos 38 anos, durante a ditadura franquista, provavelmente por conta de sua adesão aos ideários liberais ou aberta orientação homossexual, em contraste com os princípios tradicionalistas que varriam a Europa no período pré-Segunda Guerra. O corpo nunca foi achado.

A apresentação tem músicas flamencas, sevilhanas e pantaneiras e compõe uma série de apresentações iniciadas no dia 17 de maio, na Sala Radegundis Feitosa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que passou pela Igreja São Vicente de Paulo e Centro Cultural São Francisco.

O espetáculo narra à história de vida de um povo, suas tradições, pensamento vanguardista, lutas e o que ficou na memória do poeta. É o único acervo musical de Lorca de que se tem registro. Os arranjos fazem a transição do erudito ao popular, acrescentando ao legado do imortal da Andaluzia as obras de dois compositores contemporâneos: Manuel de Falla e Isaac Albéniz.

“O trabalho de garimpagem em torno da herança de Lorca foi um achado. Primeiro partiu da admiração pela sua poesia, depois pela sua atuação como figura política. Uma coisa levou a outra e acabamos achando a sua música”, justifica o cantor.