Onze artistas ocupam casa com Plano 72: Memórias Habitáveis

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Onze artistas plásticos farão uma intervenção urbana no Centro Histórico de João Pessoa, neste fim de semana. Eles ocuparão a casa número 72 da Rua General Osório, reunindo obras que expressam a história do lugar. A abertura da exposição “Plano 72: Memórias Habitáveis”, será às 19h desta sexta-feira (20), com a participação do Círculo de Tambores e do DJ Fabiano Formiga. A casa poderá ser visitada no sábado e domingo, das 10h às 20h. A intervenção tem o apoio do Núcleo de Arte Contemporânea da Universidade Federal da Paraíba (NAC/UFPB) e da Prefeitura de João Pessoa (PMJP).

A exposição está sob a curadoria do artista e pesquisador da UFPB, professor Marco Aurélio Damasceno, faz parte do trabalho final da disciplina Análise II do curso de graduação em Artes Visuais e destaca o imaginário e as memórias do homem que intervém em um espaço temporal deslocado. “O espaço da casa impõe dinamismos na memória entre o passado e o presente, provocando conflitos, choques ou alimentando mutuamente o sujeito que a habita. A ocupação torna-se um trânsito de interações entre os onze artistas somados à memória material arquitetônica da antiga casa da Rua Nova (como era conhecida a General Osório)”, explicou o curador.

As obras – As obras são de Adriana Cruz, Averaldo Oliveira, Adriana Fátima, Álvaro Rodrigues, Catarina Suise, Cilene Fernandes, Evaldo Miranda, Jeferson Fonseca, Marco Aurélio Damasceno, Marta Penner (artista convidada) e Roberto Martins. Marta Penner vai apresentar uma instalação com xilogravuras, que data de 1998, trabalho que só foi apresentado uma vez na Galeria Parangolé, em Brasília. Para esta exposição, a instalação ganhou novo ambiente e novos significados ao ocupar o espaço interno do casarão, quartos e corredores, onde as gravuras se transformam em objetos habitantes do lugar. Como parte integrante da instalação a artista apresenta um texto chamado General Osório nº 72, que faz parte de uma série de reflexões escritas sobre a cidade e suas transformações ao longo do tempo.

Adriana Cruz, uma das alunas, mostrará desenhos em carvão sem parede, feitos em decorrência da observação de que não havia mobília na casa. Nesse trabalho, a aluna faz um paralelo entre os desenhos infantis (sempre proibidos pelos pais) e os grafites urbanos – transitando entre a permissão e a permicividade. As infogravuras de Roberto Martins fixarão imagens contemporâneas manipuladas de forma a sugerir a presença de sujeitos atuais no espaço antigo.

Renovação – Já o artista Álvaro Rodrigues se apropria de elementos pré-existentes na própria casa, para construir uma instalação desenvolvendo o conceito de reinício, renovação, resignificando elementos como o ferro através de planos matemáticos em um dos cômodos da casa. Seguindo a mesma linha, Averaldo de Oliveira isolará um sítio específico em parede, revelando estados antigos da aparência da casa, e Cilene Fernandes, através de molduras antigas vazias, remeterá a vestígios das antigas famílias ausentes que residiram no local.

Adriana Fátima utilizará espelhos em pedaços para questionar o universo interior do espectador, resgatando as memórias em forma fragmentada. Evaldo Miranda apresentará um plano de casamento, fazendo uma analogia aos planejamentos, à dicotomia entre sonho e realidade que permeiam a vida de um casal recém casado. Jeferson Fonseca explora a questão do tempo em sua obra. Ele propõe uma reflexão sobre o isolamento humano que se impõe no mundo tecnológico, utilizando a arquitetura de época em que a tecnologia era rudimentar, isolando-a no tempo.

Escolha da casa – A escolha da casa foi feita pela Coordenadoria de Proteção dos Bens Históricos da Prefeitura de João Pessoa (Probech), que também intermediou o contato com o proprietário Geraldo Fidelis da Silva. O coordenador da Probech, Fernando Moura, disse que a Prefeitura apostou no evento, porque – além de está sendo realizado no Centro Histórico – expressa uma arte atual que vai ser memória, no futuro, para a cidade. “A Probech apoia tudo o que diz respeito à preservação da memória do passado e do presente”, disse.

Serviço: Intervenção urbana “Plano 72: Memórias Habitáveis”. Avenida General Osório, 72 – Centro. Dias 20, 21 e 22 das 10h às 20h. Abertura dia 20 às 18h.