“Paixão, segundo Antônio Conselheiro” é selecionado para Paixão de Cristo

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O espetáculo “Paixão, segundo Antônio Conselheiro”, da Companhia Paraibana de Comédia, foi selecionado, nesta terça-feira (11), para figurar como a nova “Paixão de Cristo” de João Pessoa. A obra vai ser encenada por uma temporada de oito apresentações durante a Semana Santa, entre 17 e 20 de abril, no Ponto de Cem Réis, com entrada gratuita.

Escrito pelo consagrado ator Fernando Teixeira e dirigido por Roberto Cartaxo, o espetáculo narra à história de sofrimento e entrega pelo ponto de vista de Maria, especialmente focando a dor vivida por ela durante as últimas horas de Jesus na cruz. Para tanto, o trabalho cênico vai se valer de intensos exercícios de expressão corporal e dramático dos atores.

“Mesmo se tratando de uma história conhecida, o projeto será realizado dentro dos padrões tradicionais e atuais, acrescentando ao texto toques de vanguarda na encenação como um todo”, explica Teixeira. “Além de ser uma história belíssima, a Paixão estimula o teatro e revela os talentos dramatúrgicos locais”, reconhece o diretor-executivo da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Maurício Burity.

A lapidação do texto – O próprio ator, um arroubo de talento e expressividade lapidado em 50 anos de teatro e com passagens em filmes como “Abril Despedaçado” e “Baixio das Bestas”, vai encarnar Herodes na encenação.

A inspiração para eleger Maria como veio condutor do enredo partiu, segundo ele, de um livro escrito por Antônio Conselheiro, presente do amigo historiador José Octávio de Arruda Melo, em que o beato exprimia toda a fé dilacerante na Virgem Santíssima. “Sempre ouvi a história da Paixão pelo foco de Jesus Cristo, nem poderia ser o contrário. Porém, contar teatralmente o mesmo fato pelo ponto de vista da sua Mãe foi, para mim, um desafio. Havia certa temeridade. Voltei a ler o livro e foi nesse processo que descobri a importância de uma nova perspectiva”, relata.

Quem foi Antônio Conselheiro – Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antônio Conselheiro, foi uma figura carismática que adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o arraial de Canudos, um pequeno vilarejo no Sertão da Bahia que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e escravos recém-libertos, e que foi destruído pelo Exército da República na Guerra de Canudos, em 1897.

A imprensa dos primeiros anos da República e muitos historiadores, para justificar o genocídio, retrataram-no como um louco, fanático religioso e contrarrevolucionário monarquista.

Estrutura – Para o espetáculo vai ser montada uma estrutura grandiosa para fazer frente aos 108 profissionais envolvidos, contando com 82 artistas entre elenco principal, bailarinos e figuração, e 26 técnicos. A concepção cenográfica também é assinada por Roberto Cartaxo. A Funjope montará dois palcos no Ponto de Cem Réis, além de estrutura especial de som, luz, efeitos especiais, show pirotécnico e espaço de acessibilidade. O espetáculo está avaliado em R$ 224 mil.

A seleção de “Paixão, segundo Antônio Conselheiro” foi feita por uma comissão composta por três membros ligados às artes cênicas e nomeados por Maurício Burity. O resultado definitivo, após o julgamento dos recursos, será divulgado na próxima segunda-feira (17).