PMJP homenageia líder comunitária Sassá com nome de conjunto na Ilha do Bispo
Uma das principais fundadoras do Movimento de Luta pela Moradia será homenageada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP). Maria Salete da Silva Souza, a Sassá como era carinhosamente conhecida, será o nome dado ao conjunto habitacional da Ilha do Bispo que está em fase final de conclusão das obras. Até março de 2012 serão entregues 288 casas, bem como a pavimentação e drenagem de ruas e avenidas, a construção de um muro de contenção nas áreas de risco e uma passarela metálica sobre o riacho do pacote. O investimento é de R$ 11,5 milhões e vai beneficiar mais de 800 famílias.
Segundo o secretário de Habitação, José Guilherme, as obras fazem parte de um projeto maior que engloba quatro áreas da Capital, o Parque Sanhauá. “Dentro desse projeto serão beneficiadas 1.277 famílias de bairros como Alto do Mateus, Ilha do Bispo, Porto do Capim e Comunidade do S, que hoje moram em áreas de preservação ambiental. A Prefeitura está construindo novas moradias para todas elas, a fim de relocá-las e iniciar o processo de revitalização do Rio Sanhauá”, disse.
José Guilherme afirmou que em dezembro deste ano serão entregues as primeiras 100 casas do conjunto habitacional na Ilha do Bispo e o restante até março de 2012. “O conjunto da obra vai beneficiar toda a comunidade do bairro”, ressaltou reiterando que o local terá o nome de uma grande líder comunitária. “Sassá foi uma grande pessoa e lutou por um mundo mais justo durante toda a sua vida. Foi um pedido do prefeito Luciano Agra, que atendemos com imenso prazer”, disse.
Para Maria Helena, filha mais nova de Sassá, o condomínio da Ilha do Bispo é uma moradia digna para muitas famílias que não tem a mínima condição de ter uma casa para morar. “Tenho certeza que onde quer que minha mãe esteja ela está muito feliz com a execução dessa obra”, frisou.
Cheia de orgulho por ver o nome da mãe ser lembrado com tanto carinho, Ana Maria, também filha da líder, falou: “Ela plantou a semente e ela está crescendo, germinando e produzindo frutos. Com a luta de toda uma vida, minha mãe conseguiu conquistar muitas coisas para ela e para as pessoas, que ela sentia prazer em ajudar, mas temos a certeza que ainda temos muito o que melhorar e vamos continuar na luta”, enalteceu.
Líder Nata – Sassá da Moradia nasceu na cidade de Areia, na Paraíba. Filha de agricultores, ela morou em várias cidades do interior até chegar a Capital paraibana. Foi mãe solteira e criou os sete filhos com muita garra e determinação, sem se deixar abater pelas dificuldades da vida. Feminista nata, como bem frisou Ana Maria, ela acreditava que homens e mulheres deveriam ter os mesmos direitos e lutava por uma sociedade mais justa e igualitária.
“Minha mãe era uma mulher muito alegre. Se preocupava muito com o povo, com a necessidade das pessoas e lutava por um mundo mais igual para todos. Vivia e queria que as pessoas tivessem liberdade. Era solidária. Ela dizia sempre que não podíamos viver de braços cruzados, que tínhamos que ir a luta em busca dos nossos objetivos”, contou Ana Maria.
Sassá foi durante muitos anos líder do Movimento de luta pela Moradia, em João Pessoa, e uma das representantes do movimento nacional. Por mais de 45 anos foi moradora da Ilha do Bispo. Lá criou os filhos, lutou por ideais e pelos direito do povo, sempre ajudando os que mais necessitavam, acolhendo a todos. “Tudo que minha mãe queria, ela lutava e conseguia. Prova disso é que aprendeu a ler e escrever aos 50 anos e compôs diversas músicas sobre o movimento, as lutas. Tinha um sonho de gravar um CD e DVD e gravou. Ela sempre nos ensinou a acreditar no impossível e dizia que com o trabalho e esforço ela ia conseguir a casa própria dela e conseguiu”, revelou Maria do Rosário, a filha mais velha.
Sassá foi também líder do Orçamento Democrático (OD) da 9ª região e em entrevista publicada no livro João Pessoas, pouco antes de morrer, ela falou: “O movimento representa a minha vida. Nunca vi em João Pessoa algo tão importante como o Orçamento Democrático. Nós somos as pessoas que conhecemos bem as necessidades de nossos bairros e para que o povo consiga seus objetivos é preciso ir para a rua, se manifestar e estar atento ao que os governantes estão fazendo”, refletiu.
Maria Salete da Silva Souza faleceu em setembro deste ano, aos 73 anos de idade, mas deixou um legado de lutas e a esperança no coração de muitos que sonham com um mundo melhor. Maria Helena frisou que sua mãe era uma encorajadora dos jovens e acreditava que eles seriam o futuro do país. Ela plantou a semente, mas é preciso cuidar dela agora e, como bem colocou Ana Maria, “a luta continua”.