Políticas públicas da Prefeitura ajudam a transformar a vida de mulheres

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Camila (nome fictício) tem 40 anos e sofreu por mais de 10 com maus tratos psicológicos e físicos do companheiro. Mãe de três filhos, a dona de casa sempre ouviu falar sobre violência contra a mulher em palestras na escola das crianças, mas nunca teve coragem de denunciar o marido ou mesmo reverter tal situação. Foi preciso chegar ao fundo do poço, quando tomou veneno de rato, na tentativa de acabar com o sofrimento ceifando a própria vida, para que ela tomasse uma atitude e procurasse ajuda.

Joana (nome fictício) tem 42 anos e viu sua vida desmoronar após descobrir que o marido tinha outra família. Entretanto, a violência veio de quem ela menos esperava. Os filhos começaram a maltratá-la. A comerciante sofreu com problemas graves de saúde até conseguir apoio para dar a volta por cima.

Como Camila e Joana existem outras milhares de mulheres que sofrem com a violência e maus tratos dentro e fora de casa, com a desigualdade social e o preconceito. Em João Pessoa, a Prefeitura Municipal (PMJP), por meio da Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPPM) trabalha no sentido de contribuir para a promoção da equidade de gênero, através de políticas públicas que efetivem os direitos humanos das mulheres e avancem na superação das desigualdades.

Na data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a secretária da SEPPM, Socorro Borges, alertou para o papel da gestão municipal em favor da mulher. “Nosso objetivo é promover diariamente o debate e a sensibilização, batalhando por ações que promovam a inclusão, o enfretamento à violência, a desconstrução do preconceito, a autonomia financeira, lançando um novo olhar para a mulher”, revelou.

Contra a violência – O Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra oferece acolhimento, orientação psicossocial e jurídico para mulheres vítimas de violência física ou psicológica. O local funciona na rua Afonso Campos, 111, Centro, de segunda à sexta, das 7h às 19h.

De acordo com Vera Rodrigues, coordenadora de enfretamento à violência na SEPPM, de 2007 até agora já foram atendidas 1.597 mulheres. Só em 2012, foram 339 novos casos. “O nosso principal objetivo é ajudá-las a sair do ciclo da violência. As atitudes quem tem que tomar são as próprias mulheres, mas a orientação, o suporte e o apoio necessários para mostrar os caminhos que ela deve percorrer, nós oferecemos”, explicou.

Quando Camila (nome fictício) chegou ao Centro, a vida dela se transformou. “Eu era muito sozinha, não tinha com quem conversar, era bem maltratada, não me vestia bem, não me cuidava, não pensava em mim. Todas as palavras que eu ouvia do meu companheiro e as surras que eu levava me maltratavam muito e eu me sentia um trapo. Com ajuda psicológica, eu consegui levantar a minha cabeça”, contou.

Aos poucos, a dona de casa foi recuperando a auto-estima e mesmo depois de tão pouco tempo (há um ano frequenta o Centro), já tem autonomia para tocar a vida. “Eu ainda vivo com o meu marido, mas depois que eu mudei, ele também mudou e não tem mais coragem de fazer o que fazia antes. Hoje eu tenho uma vida, cuido de mim, tenho amigas, fiz um curso de manicure e já tenho minhas clientes”, disse.

Joana (nome fictício) frequenta o Centro há dois anos e participa das consultas psicológicas, bem como dos cursos, palestras e aulas oferecidas no local. “Eu já consegui retomar a boa convivência com meus filhos, apesar de ainda não ter retomado totalmente a minha vida ao normal. Sem esse apoio, talvez eu nem estivesse aqui para contar história”, refletiu.

Outros Serviços – A secretária Socorro Borges lembrou que através da Secretaria, as mulheres são encaminhadas, quando necessário, para outros diversos serviços oferecidos pela gestão municipal. “Tentamos inseri-las em programas como cirurgias plásticas reparatórias, aborto legal, habitação, empreender, educação e muitos outros”, enfatizou.

Ela citou que a SEPPM trabalha em quatro eixos: saúde e direitos reprodutivos, trabalho e enfrentamento da pobreza, educação não sexista e enfrentamento a violência, todos inseridos no Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. “Temos parceria com outras secretarias como a habitação, por exemplo, que contempla mulheres do Centro de Referência com casas, pois muitas delas não têm onde morar. Com educação, temos um programa de alfabetização de empregadas domésticas. Com o programa empreender, uma linha especial de crédito, além de outras parcerias”, citou.

Produção Artesanal – Outro programa oferecido por meio da SEPPM é o ‘Mulheres Artesãs’, que oferece capacitação técnica para mulheres que já tem experiência mínima com o artesanato, precisam de uma fonte de renda para sobreviver. “O trabalho é realizado em grupo, por meio de cooperativas nas quais elas produzem e comercializam os seus produtos. Além da fonte de renda, é também uma terapia para muitas delas”, destacou a chefe de gabinete Edna Nascimento.

Para Socorro Cunha, artesã há 30 anos, o programa melhorou as condições de trabalho e renda. “As feiras, realizadas pela prefeitura, nos oferece mais oportunidades. Sempre gostei de criar minhas próprias coisas e fui aprimorando minhas técnicas com os cursos. Já houve tempos em que o sustento da minha casa dependia única e exclusivamente do artesanato”, afirmou.

Já Rosângela Gabino não depende do dinheiro que ganha com o artesanato para sobreviver, mas faz disso uma terapia. “Eu procurei a secretaria há cinco anos, pois passava por problemas com o meu marido, que é alcoólatra, e desenvolvi depressão. Com a ajuda do programa, entrei para o grupo Mulheres Artesãs e não deixo mais. Melhorei muito, porque aqui encontrei outras pessoas, ampliei meu convívio social e ainda trabalho com o que gosto”, revelou.

Cidadania das Mulheres – No Mês de Afirmação da Cidadania das Mulheres, a Secretaria preparou uma programação especial com palestras, estação de serviços de saúde, caminhada, passeio ciclístico, oficinas, seminários e muito mais.